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Moisés sobre Salvaro: "Ele tem os interesses políticos dele"

Governador cita negociações da Casan com Criciúma e aponta as prioridades nas pautas de infraestrutura regional
Por Denis Luciano Florianópolis, SC, 26/06/2019 - 08:45 Atualizado em 26/06/2019 - 08:52
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Clésio Salvaro (PSDB) e Carlos Moisés (PSL) não estarão no mesmo palanque em 2020. É o que vem mostrando o desenrolar político e ficou evidente na entrevista exclusiva do governador à Rádio Som Maior, levada ao ar nesta quarta-feira, 26, no Programa Adelor Lessa.

"Eu acredito que o prefeito Salvaro tem os interesses políticos dele, que não se alinham com os do governo, isso ficou muito claro", afirmou o governador, quando indagado sobre as relações com o prefeito de Criciúma. "Algumas bandeiras como a da Casan, inadequadas para o momento, o governo recém se instalou e o sujeito anuncia que vai nos deixar, mesmo sendo procurado diversas vezes", criticou.

Moisés garante que a diferença está longe de ser pessoal. "É muito difícil julgar, mas acredito que o ingrediente político existe, nunca houve um alinhamento de aproximação para tomar decisão em conjunto. Houve uma decisão isolada, isso nos dá um sinal de que não  há alinhamento político", salientou, sublinhando o impasse envolvendo o contrato da Casan como o epicentro das suas relações com o prefeito criciumense. Mas Moisés assegura a não existência de ruídos na comunicação. "Jamais. O episódio da Casan não é um ruído pessoal, é uma forma diferente de pensarmos. As motivações disso, cada um julga", apontou.

A postura em relação a Salvaro desenha o perfil do que Moisés pretende para a eleição de 2020: ter candidatos nas trinta maiores cidades, e Criciúma nisso é estratégica. "Enquanto governo a gente tem que se envolver com a política, isso tem a ver com as políticas públicas que queremos promover. Às vezes o prefeito não é parceiro pois está visando a eleição de 2020 e não quer dar palanque", afirmou.

Negociações com a Casan

O Estado não avança mais na proposta feita à prefeitura de Criciúma para renovar o contrato em vigor. "Não, a Casan avançou além do que oferece aos municípios em geral, a Casan tem quase R$ 200 milhões de investimentos na cidade, o município não pode virar as costas para um programa desse. Não pode ser assim. O município seria demandado para devolver aquilo que de forma inapropriada se apropriou", revelou o governador.

Com isso, a Casan volta à escala anterior, de oferta de 5% de royalties sobre os rendimentos em Criciúma, e não 7% como havia oferecido anteriormente, no auge das negociações para viabilizar a renovação do vínculo entre a companhia e o município

As pautas para o Sul

Carlos Moisés demonstra um discurso afiado em relação a pautas para o sul catarinense. Citou a recente visita do ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, como um esforço para provocar a vocação da região carbonífera buscando alternativas para o carvão, "transformando em energia mais limpa".

O governador reconhece a necessidade de ajustes no aeroporto Regional Sul em Jaguaruna. "Vemos que o sul está pronto para crescer. Temos um aeroporto que nos atende bem, que precisa de ajustes", afirmou, reafirmando a importância de parcerias e concessão do aeródromo para futuras melhorias. Uma delas, aumentar a pista. "Ali a gente entende que há uma demanda de alargamento da pista. A pista de comprimento é boa mas para funcionar com cargas e voos maiores precisa aumentar. Esses investimentos podem ser feitos com concessão para a iniciativa privada. Já fomos procurados por algumas empresas, até a Infraero tem interesse", adiantou.

Lembrou a importância do projeto que reduz o imposto sobre combustível da aviação para empresas que operam em seis ou mais aeroportos em Santa Catarina. "Precisamos incentivar os voos regionais", sublinhou.

Moisés indicou a necessidade de investimentos em portos. "Fiquei surpreso ao saber que o porto de Laguna, que é pesqueiro, não está operando. Vamos trazer o porto de Laguna para a gestão do Estado. Estava com uma companhia de fora, e não havia o interesse de fazer funcionar. O porto de Imbituba está batendo recordes históricos de movimentação de carga", enfatizou.

Uma das preocupações é fomentar a infraestrutura regional para atrair investimentos. "Estamos aquecendo a infraestrutura do sul. Temos no radar a atração de várias empresas para o sul do estado, uma área pronta para ser explorada", reforçou. "Não se vai tirar de um lugar para outro, mas vai se incentivar. É uma área que demanda, vai gerar riqueza e uma vida melhor para quem mora no sul. E equilibra. O estado tem que ter seus potenciais equilibrados", emendou.

Moisés salientou que o governo vem estudando a concessão de rodovias estaduais para a melhoria dos trechos. "Temos analisado quais rodovias podem ser em Santa Catarina. Tem que ser calculado se vale a pena o investimento. O que podemos fazer com algumas estaduais é linkar com concessão federal. Mas ainda é cedo para dizer quais podem ser concedidas. Estamos apagando os primeiros incêndios", contou.

As relações com Jair Bolsonaro

É fato que identificação com a candidatura de Jair Bolsonaro colaborou decisivamente para a vitória de Carlos Moisés em 2018. "A relação é boa. Toda vez que vamos a Brasília somos bem recebidos. A gente não incomoda, as coisas são resolvidas nos ministérios, a gente visita os ministros, leva as demandas", disse, mostrando afinidade com uma das pautas importantes do Governo Federal. "A reforma da Previdência, nós defendemos que os estados estejam incluídos nela, os municípios também", completou.

Moisés não nega, porém, as diferenças de postura em relação a Bolsonaro. "Ele é um político, eu nunca fui. Ele conhecia os políticos todos, eu não. O jeito de fazer as coisas muda. Muito cedo ele deixou de ser militar, eu fiquei 30 anos na corporação, ele 28 anos na política. Eu atenuo um pouco mais, a gente entende que você só pode gostar de alguma coisa quando conhece, por isso eu procuro ouvir as pessoas. São formas diferentes de querer a mesma coisa. Eu acredito na boa vontade do presidente", observou.

Não foi onda

Para Carlos Moisés, a vitória dele não foi resultado de uma onda política como muito se diz. "Não foi uma onda. Se fosse, eu ouso dizer que essa onda continua andando então. Vamos chegar nas eleições municipais, isso que é onda, pra mim é o povo que se acordou. Não quero mais aquele perfil chato do perfil que só faz média, chora, promete, quero votar em alguém diferente, de fora da política, e isso repercutiu nas urnas. Mudamos a Alesc em mais de 50%. Não é uma onda. As pessoas estão ávidas por mudanças também nos municípios, quem fala a mesma língua, quem é transparente e tem bandeiras republicanas", enalteceu. "A sociedade se despertou", concluiu.

O governador Carlos Moisés recebeu o jornalista Adelor Lessa na tarde desta terça-feira, 25, na Casa d'Agronômica, em Florianópolis.

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