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As quatro serras do Sul

Por Adelor Lessa Edição 07/01/2022
Reprodução
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Lauro André da Silva nasceu em Braço do Norte, mas fez carreira política a partir de Rio do Sul. Foi eleito deputado estadual em 1974 e se reelegeu por duas vezes.

Era baixinho, mas não passava despercebido. Seja pelo jeito fraterno e envolvente com todos, como pelos discursos contundentes. Prática que trouxe da sua experiência como bom advogado.  

Logo que chegou na Assembleia, foi várias vezes à tribuna para cobrar a pavimentação da Serra do Corvo Branco, que está localizada nos limites de Grão Pará. 
É parte das serras catarinense e gaúcha que tem origem no Paraguai e corta os três estados do sul do país, indo na direção do Uruguai e Argentina.

Até que as obras começaram.

Mas, alguns anos depois, Laurinho teve que voltar à tribuna para reclamar que as obras tinham sido paralisadas. As máquinas da empreiteira que fazia a obra, retiradas do trecho. E até hoje a obra não terminou. Mais de 40 anos depois.

Com as outras três serras do sul do estado as histórias são semelhantes. Rio do Rastro, Rocinha e Faxinal.

A serra do Rio do Rastro, um dos cartões-postais mais conhecidos do estado, localizada em Lauro Müller, tem mais de 1.421 metros de altitude. Do seu ponto mais elevado, o Morro da Ronda, que tem 1.507 m de altitude, é possível avistar em dias "claros" o ponto mais elevado do estado do Rio Grande do Sul (o Monte Negro).

Com as suas curvas acentuadas, ganhou “fama" internacional, e foi palco de provas de ciclismo e automobilismo, vídeos, comerciais e fotos fantásticas que correm o mundo.
A sua pavimentação (a concreto) na década de 80 serviu de referência na engenharia de Santa Catarina.
Só que a as lâmpadas da Serra estão mais apagadas do que funcionando, os buracos na rodovia demoram a ser tapados, há frequentes quedas de barreira, e o mato cresce nas laterais.

Depois de muita briga, e discursos inflamados como os do deputado Laurinho pela Serra do Corvo Branco, agora estão encaminhando uma obra para fixação das encostas (para evitar, ou pelo menos diminuir, as quedas de barreira).

A Serra da Rocinha, em Timbé do Sul, dá acesso aos Campos de Cima da Serra, no Rio Grande do Sul.
No lado gaúcho, lá em cima, fica a cidade de São José dos Ausentes.

A rodovia que corta a Rocinha é a BR 285, que vai do extremo sul catarinense até a divisa com a Argentina, na cidade gaúcha de São Borja.
Depois de pavimentada, será um dos mais importantes corredores de transporte de produtos no Mercosul.
Mas a sua pavimentação se arrasta por décadas. Agora, quando estaria indo pro fim, pode ser paralisada, faltando menos de 2 quilômetros para terminar, porque cortaram os recursos previstos no Orçamento da União.

A Serra do Faxinal fica mais ao sul, em Praia Grande, e leva aos cinematográficos canyons.
Em torno de 10 quilômetros apenas.

Chegou a ser iniciada, mas foi paralisada. O "motivo oficial" na época foi que os répteis da região estavam ameaçados de extinção.
O deputado Manoel Motta gritou que a obra havia parado por causa de algumas “pererecas”. E ficou assim.

De início, era dito que seria retomada em um ano. Até foi anunciado que o impasse ambiental havia sido superado. Só conversa. A obra ainda está parada.

A serra do Faxinal faz ligação de Praia Grande ao Parque Nacional de Aparados da Serra, que encampa os desfiladeiros na divisa natural entre os estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
É visitado por turistas de todo o mundo. O acesso pelo Rio Grande do Sul é asfaltado. O lado de cá, é barro e pedra de cachoeira.

As Serras do sul são maravilhosas. Lindas. São de tirar o fôlego. As quatro. Se fosse na Europa, estariam entre os principais pontos de visitação. Renderiam verdadeiras fortunas.

Mas, as quatro tem razões de sobra para “reclamar” por falta de atenção. 

Ainda é preciso brigar para que cortem o mato invadindo a rodovia, e que pelo menos tapem os buracos.

O deputado Laurinho morreu em 2020, aos 85 anos, já fora da vida pública, sem ver a “sua Serra” totalmente pavimentada.
Os discursos do deputado Laurinho André que estão registrados nos anais da Assembleia continuam atualíssimos.

Artigo publicado em maio de 2021, articulista em férias

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