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Escassez de brasileiros na F1, até quando?

Fórmula 1 chega a quinta temporada consecutiva sem a presença de brasileiros no grid
Por Thiago 04/02/2022 - 10:07 Atualizado em 19/03/2022 - 13:28

Por Thiago Silva*

Estamos nos aproximando de mais uma temporada da categoria Fórmula 1, mais uma vez sem brasileiros no grid, realidade que se repete desde 2018 após Felipe Massa se aposentar pela Williams em 2017. A Fórmula 1 começou a ser encarada como um mero esporte, muito diferente daquela relação apaixonada que aprendemos a criar dentro da categoria ao ligar a TV nas manhãs dominicais e torcer por nossos pilotos brasileiros, que sempre foram bons, incríveis, geniais ou foram Ayrton Senna.

Não só Ayrton Senna nos acostumou mal, antes dele Piquet e Fittipaldi já haviam dominado a categoria, porém em épocas que o aparelho de TV ainda não era um produto de fácil acesso a grande parte da população brasileira, essa realidade começa a mudar no final dos anos 80, coincidentemente o período em que Senna dominou a Fórmula 1.

Senna e Piquet, GP do Brasil 1986

Assistir Ayrton Senna ganhando corridas na tela da Globo, com narração de Galvão Bueno e o hino da vitória tocando de fundo, se tornou um ritual cultural do brasileiro. Todo esse engajamento precisava ser canalizado para a produção de futuros talentos do automobilismo, e de fato eles surgiram. Logo após o falecimento de Senna, entramos na era Rubens Barrichello, que mesmo se tratando de um piloto extraordinário, tinha papel de coadjuvante ao alemão Michael Schumacher. Anos mais tarde estaríamos assistindo Felipe Massa duelar com o ainda jovem Lewis Hamilton, pelo título mundial de 2008.

Felipe Massa e Rubens Barrichello

O protagonismo massacrante de Ayrton Senna nunca mais retornou as nossas telas de TV, já era de se esperar, pilotos como Ayrton surgem uma vez a cada década, e nem sempre com a mesma nacionalidade. O brasileiro nunca soube entender a Fórmula 1 como um esporte extremamente competitivo, as glórias passadas foram encaradas como acontecimentos de rotina, e as conquistas menores foram menosprezadas e em alguns casos até ridicularizadas.

A desvalorização dos pilotos brasileiros no pós-Senna, fez com que o público continuasse a acompanhar as corridas, porém sem o mesmo afinco, sem a mesma paixão, que corrobora com a falta de entusiasmo comercial com as categorias de base dentro do país. 2022 chegou e desde então a Fórmula 1 está totalmente diferente de tempos atrás, apenas pilotos muito bons ou muito ricos conseguem se sentar entre os 20 do grid, e encaramos a realidade de não termos fortes marcas disponíveis a dar algum respaldo econômico a nível Fórmula 1, e também não temos nenhum jovem talento que fuja da curva a ponto de despertar o interesse de alguma equipe, unicamente pelo seu talento extraordinário.

Temos sim talentos surgindo, Pietro Fittipaldi, ocupa hoje a reserva da equipe Hass, seu irmão Enzo Fittipaldi, corre pela F2, Felipe Drugovich que gera grandes expectativas no público brasileiro, também possui lugar na categoria de acesso da Fórmula 1. O que nos desanima é imaginarmos que dado o cenário atual onde boa parte das equipes da F1 já possuem um projeto de crescimento com algum jovem piloto, Red Bull com Verstappen, Mercedes com George Russel, Maclaren com Lando Norris, Ferrari com Leclerc, Alpine com Esteban Ocon, a equipe Hass conta com Schumacher vindo da escola de pilotos Ferrari, a Alpha Tauri com Pierre Gasly, e logo em seguida temos pilotos pagantes como Lance Stroll, Mazepin e Nicholas Latifi. Dificilmente iremos ver essas cadeiras vazias nos próximos 5 anos.

Esse triste cenário ainda irá nos acompanhar no decorrer dessa década, a luz no fim do túnel surge esse ano com a temporada inaugural da Fórmula 4 no Brasil. Finalmente uma categoria homologada pela FIA irá residir no país, o que irá possibilitar o surgimento de novos pilotos que agora terão acesso direto às categorias de acesso da F1, com pontuações válidas para a super licença e um caminho claro e definido de acesso à categoria principal, um passo gigantesco para a mudança dessa escassez de pilotos na categoria principal do automobilismo.

Cabe então aos fãs e apaixonados do esporte o esforço de acompanhar e prestigiar essa categoria, para que nomes possam despertar o interesse de grandes marcas, talentos possam ser descobertos e quem sabe um dia, o hino nacional brasileiro volte a ser tocado no pódio da F1.

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