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Quer ser Chef? Desista enquanto há tempo!

Por Samuel Alano 09/10/2017 - 13:00

Controverso né? Ouvir de um chef com 12 anos de experiência internacional ainda apaixonado pela profissão, o conselho de não seguir carreira no ramo gastronômico, é sem dúvida um tanto estranho.

Mas é a mais pura verdade!

Engana-se quem pensa que qualquer pessoa pode trabalhar em harmonia dentro de uma cozinha profissional.

Se você está disposto a sacrificar todo e qualquer luxo de uma vida normal, então você já pode se considerar um candidato, pois cozinha profissional é para os fortes.

Sabe aquele ditado: “Sangue, suor e lágrimas”? pois é! Acho que foi criado por um chef.

Convívio social, família, colocar os filhos para dormir, amigos, diversão, natal, páscoa, feriados e datas especiais pra você, são apenas algumas das coisas que você pode tirar da sua vida, pois você sempre estará dentro da cozinha se cortando, queimando e falando palavrões que nunca falaria na frente de sua mãe.

Está equivocado aquele que também pensa que cozinheiro come bem. Sem horário fixo para as refeições, o cozinheiro passa o dia inteiro apenas na base do café e petiscos, e quase nunca senta pra comer, e assim acaba por prejudicar sua saúde e seu senso de humor que na maioria das vezes é zero.

Já ouviu a frase: “Não confie num cozinheiro magro”? É realidade no ramo, mas não por causa da boa e regrada alimentação...   É sim pela vida completamente desregrada que os cozinheiros levam, fazendo assim que o corpo pague o preço.

Diabetes, alto colesterol, níveis absurdos de tireoide e hipertensão são algumas das doenças crônicas de um cozinheiro profissional.

Não estou falando dos cozinheiros dos finais de semana. Falo daqueles que passam no mínimo de 12 a 16 horas dentro da cozinha, 6 ou as vezes 7 dias por semana.

Em Londres, meu recorde de horas dentro de uma cozinha foi de 31 horas. Foi em 2012, nas olimpíadas de Londres. Naquela semana eu fiz 120 horas. Foi muito duro, mas eu faria tudo novamente. O faria porque me considero um dos poucos apaixonados pela gastronomia. Meu maior pagamento é ver o sorriso que o cliente dá logo após a primeira garfada.

Tudo isso que mencionei acima, é a mais pura verdade! Só permanece no ramo gastronômico aqueles que amam a profissão e estão dispostos a sacrificar suas vidas em favor da boa gastronomia.

Só permanece no ramo, aquele que se entrega por inteiro à profissão.

O índice de divórcios na gastronomia é bem maior de que em qualquer outra profissão.

Álcool, cigarro, jogatina e drogas ilícitas são o escape que a grande maioria toma para fugir de depressões causadas pelo estresse do ramo gastronômico.

Chef Marco Pierre White, meu ídolo na gastronomia

Graças a Deus, o único vício que adquiri foi o do café, mas já passei por divórcio e tive minha vida social resumida a nada. 

Sem fumar ou beber exageradamente, eu me orgulho em dizer que nunca experimentei nenhum tipo de droga ilícita, mesmo convivendo e trabalhando com dependentes. E espero continuar assim até nao poder fisica e ativamente entrar numa cozinha profissional.

 

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