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O dia que cozinhei pro Iron Maiden.

Por Samuel Alano 04/09/2017 - 12:15

Dave Murray - guitarrista do Iron Maiden

Há cinco anos atrás, ainda em Londres, eu tive o prazer de cozinhar para esta figura, que assim sem nenhum tipo de produção, poucos o reconheceriam.

Estava eu fazendo minhas preparações para mais um serviço de almoço na cozinha que era aberta. Quando de repente, entra aquele senhor no restaurante.  Como era ainda cedo, os garçons ainda não estavam completamente preparados e pediram pra que eu lhe desse o cardápio e o dirigisse à sua mesa. Até então, eu não havia o reconhecido, mas quando ele sentou e eu ví a tão famosa tatuagem em seu braço direito, eu confesso que gelei!

Dave Murray, o guitarrista da Banda Iron Maiden estava ali na minha frente e eu cozinharia para ele!!!

Meu inglês que não era lá aquelas coisas, piorou consideravelmente e comecei a gaguejar. Mas passado o susto inicial, eu consegui anotar o pedido que eu mesmo faria.

Ele pediu de entrada uma seleção de Homus (pasta típica Árabe feita à base de grão de bico) servida com torradas, e uma Champagne Dom Pérignon. Quando perguntei sobre o prato principal ele falou pra eu o surpreender, aumentando ainda mais a pressão que minutos atrás eu sentira.

Enquanto meu assistente preparava os pratos de entrada, eu pensava naquilo que poderia servir, e de repente entra na cozinha o peixeiro pra fazer uma entrega de peixes frescos. Na  hora que eu o ví, já me veio à mente o prato que serviria para Dave. Como ele já estava no clima da entrada "Mediterrãnea", resolvi fazer então um prato que aprendera há alguns anos: Filé de Sea-Bream ao vapor, Cous-cous Marroquino e vegetais grelhados com Tahine.

Quando ficou pronto e Dave Murray recebeu o prato, ele estava apreciando a bela vista do restaurante que fica na "Little Venice" (Canal que corta a parte nobre de Londres).  Todos os olhos da cozinha estavam voltados à mesa e quando ele deu a primeira garfada no peixe, percebi que ele parou por segundos e olhou pra cozinha fazendo com que todos desviassem os olhares, exeto eu, então ele me cumprimentou com um gesto positivo de cabeça e continuou comendo.

Após a refeição ele optou por não ter sobremesa. Ficou alguns minutos ainda apreciando o canal e fazendo algumas ligações, e antes de levantar pra ir embora me chamou até a mesa. Fui,  já tranquilo após o sinal positivo que ele dera no início da refeição. Ele me cumprimentou, elogiou a muito comida e começamos uma conversa.

Quando falei que era brasileiro, ele abriu um sorriso e disse em português: "Eu amo o Brasil!" Elogiou nosso País e falou que sente muita saudade daqui, e que em todas as vezes que veio pra cá, foi muito bem recebido. Falou um pouco mais de suas experiências aqui, se despediu e foi continuar seu dia em outro lugar da tão charmosa Londres.

Me senti na hora, orgulhoso de ser brasileiro, e por um breve momento eu esqueci que era apenas mais um imigrante tentando uma vida melhor.

 

 

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