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A confusão dos testes

Por Dr. Renato Matos 10/11/2020 - 13:02

O diagnóstico de uma doença é um ato complexo. 

A realização de exames, quando necessários, apenas complementa o raciocínio clínico.

A sua interpretação, na maior parte das vezes, exige conhecimentos especializados. Exames normais podem esconder doenças, assim como exames alterados nem sempre indicam que algo está errado.

Para avaliarmos o resultado, precisamos entender características próprias do exame, como sensibilidade e especificidade e a probabilidade de doença quando o exame está alterado, o que chamamos de valor preditivo positivo ou negativo.

Não é puramente o número que aparece no exame ou o laudo que acompanha o exame de imagem.

O Conselho Federal de Medicina, em seu parecer 18/15, define que requisições de exames complementares, com algumas exceções previstas em lei, só podem ser feitas por médicos. 

A permissão de solicitar exames traz implícita a responsabilidade de orientar o paciente quanto a todos os procedimentos, cuidados e tratamentos necessários.

A pandemia também revirou essa norma. Exames particulares para diagnóstico de Covid-19 são realizados sem requisição médica. A própria ANVISA liberou a realização de testes rápidos em farmácias. 

O próprio nome – teste rápido - é confuso, já que não explica o que está sendo pesquisado, o vírus ou os anticorpos, só que o resultado é rápido.

Por falta de conhecimento, os resultados são tomados de forma literal – reagente ou não reagente. 

Na fase inicial da doença, devemos procurar o vírus, através do exame do RT-PCR ou teste de antígeno, ambos feitos pelo já famoso “cotonete”.
A partir do décimo dia, idealmente depois do décimo quarto, começam a ser detectados os anticorpos – a reação do sistema imunológico à presença do vírus. Esses exames, chamados de sorológicos, são feitos através de exames de sangue e coletados na veia ou com pequena punção na ponta dos dedos. Nas fases iniciais, eles sempre serão negativos.

Além dessa distinção básica, sempre considerar os falsos positivos e negativos, não tão raros.

“Test and trace” (testar os sintomáticos e rastrear os contatos) é o mantra adotado por todos os países que conseguiram passar pelo Covid 19 com menos estragos e recomendado pelas principais organizações médicas do mundo.

Nesse contexto, testar sempre significa buscar o vírus:  PCR ou teste do antígeno. Esperar a formação de anticorpos significa diagnóstico tardio. Quando o teste sorológico estiver positivo, geralmente já se perdeu o momento de isolar o sintomático. 

Nunca esqueça: quem solicita um exame tem a obrigação de saber interpretá-lo, com todas as sutilezas associadas.

Converse com seu médico.

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