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Carlos Moisés: "Isso é política. A vida não se resume a um cargo"

Moisés livre, leve e solto, falou sobre o resultado da eleição e do futuro em entrevista exclusiva à Som Maior

Por Maga Stopassoli 14/10/2022 - 10:44 Atualizado em 14/10/2022 - 11:10

Na entrevista exclusiva que concedeu à Adelor Lessa, Upiara Boschi e Maga Stopassoli e que foi ao ar na manhã desta quinta-feira (13), o governador Carlos Moisés falou sobre presente, passado e futuro e revelou que quis fazer um desafio pessoal. Ele queria saber como as pessoas iriam escolher seus candidatos. Em sua visão, era a oportunidade que as pessoas teriam para escolher um candidato com bons resultados e investimentos. Na prática, descobriu que nem os investimentos recordes em educação e infraestrutura ou a aprovação das contas do governo, sem ressalvas, pelo Tribunal de Contas do Estado, foram suficientes. O resultado do desafio, você já sabe.

“Eu descobri que as pessoas não sabem o que a gente faz no governo e que obra não dá voto”, brincou. “As pessoas me perguntam o que faltou? Faltou voto”.

Passado

Moisés foi “vítima”, entre outros fatores, do mesmo fenômeno que o conduziu ao poder em 2018: a onda bolsonarista que varreria o país naquele ano e que se repetiria com a mesma força, quatro anos mais tarde. Mas, a derrota nas urnas não tem só esse fator. O caminho escolhido por Moisés desde que saiu do PSL em 2021 e o partido que escolheu para disputar as eleições também tem lá suas contribuições. Não seria exagero dizer que talvez a maior contribuição do Republicanos, representado pelo número 10, tenha sido facilitar o jingle de campanha: Moisés é 10. Fora isso, o nanico partido conservador pouco conseguiu mobilizar sua militância. A ida de Moisés para o partido só não foi mais atravessada do que sua ausência no evento promovido pelo presidente estadual da sigla, o deputado estadual e bispo, Sérgio Motta, para lançar seus pré-candidatos em junho deste ano. A mini crise seria afastada dias depois quando ambos posaram para foto, sorridentes na Agronômica. Não convenceu. É como se Moisés e o Republicanos não tivessem conseguido levar o relacionamento para além das câmeras.

Depois disso, no período que antecedeu as convenções dos partidos, teve o MDB em chamas, com o perdão do trocadilho, brigando para decidir quem seria o vice. Àquela altura, Udo Döhler e Antídio Lunelli eram as opções viáveis, com mais chances para o primeiro. Na convenção, Moisés fez valer sua vontade e, o vice que ele preferia, venceu. Há um velho ditado que diz: “quem escolhe o vice que quer, tem de aceitar o resultado que vier”. E Moisés aceitou. Bom, a verdade é que não existe esse ditado, mas era o único jeito de explicar o que aconteceu. O MDB, até então o partido dos sonhos de qualquer chapa majoritária por deter 95 prefeituras sob o comando de prefeitos da sigla, também não brilhou os olhos quando viu a vaga de vice ir parar nas mãos de Döhler. Era a água no chopp da reeleição de Moisés. Recorte de cena aqui para dizer que o dia da convenção do MDB e do Republicanos, o fatídico 23 de julho, certamente foi um dos dias em que Moisés mais demonstrou que “brigaria” pela reeleição. “Eles perderam duas vezes e vão perder de novo”, disse durante o discurso que o oficializou candidato, no mesmo 23 de julho, em referência aos dois processos de impeachment que enfrentou e à reeleição. Daí em diante a história já contou.

Presente

O bem-humorado Carlos Moisés que nos recebeu na terça-feira, quando gravamos a entrevista, relatou como foi reagiu ao perceber que não iria para o 2º turno, mesmo antes do fim da apuração dos votos. “Chamei todo mundo que estava comigo e disse: aqueles que puderem contribuir com o novo governo, se forem convidados, mesmo que de modo temporário, independente de ser o governador A ou B, contribuam". 

"Isso é política. A vida não se resume a um cargo eletivo"

Questionado sobre ter feito as coisas a seu modo, o governador pontuou que “não precisava fazer movimento político pra pegar onda de quem quer seja, mesmo que isso me custasse uma não reeleição. Saio tranquilo e sereno com a certeza de que a minha missão foi cumprida e bem cumprida. Isso é política. A vida não se resume a um cargo eletivo. A história vai sendo recontada. Acredito que a gente não enxerga o todo. O tempo vai revelar as decisões corretas. Eu não me trairia. Tudo que a gente fez, fez acreditando muito. Desde acreditar na vacina, acreditar na ciência, acreditar nas medidas pra cuidar da vida das pessoas. Qual é o caminho pra gente enriquecer a democracia? Não tem outro caminho a não ser a educação. A educação vai nos tornar mais políticos”, ressaltou.

Última bolacha do pacote

“Pra nós não é quanto pior, melhor. Santa Catarina vai continuar crescendo, vai continuar sendo o estado mais seguro e mais feliz do brasil. Não existe a última bolacha do pacote. Não é você que faz as coisas acontecerem. É um grupo de pessoas envolvidas pra fazer um estado melhor. E acredito que, no atual contexto politico que se formou, pro governador Moisés o melhor de fato é o recolhimento”, justificou. Moisés não irá declarar voto nem para governador, nem para presidente. Manter-se neutro vai lhe exigir menos explicações do que declarar apoio para esse ou aquele candidato. “Eu vou votar, mas não pretendo influenciar ninguém pela minha escolha. Vou respeitar a escolha de todos, mas me dou o direito de não externar quem me representa”, disse.

"Vamos cada um cuidar da sua vida"

O governador que tem agora menos de 80 dias de mandato, revelou o desejo de passar um tempo na praia da Ipuã em Laguna, falou de fé e do que entende ter sido sua grande missão de vida. “Eu sou um homem de fé e acredito que todos nós temos uma missão. A minha grande missão foi salvar o maior número de catarinenses, isso vai ficar registrado na história e, vamos ser felizes né, vamos cada um cuidar da sua vida também. A mesma onda que me trouxe para o cenário político, sendo um desconhecido, as pessoas votaram num desconhecido e tiveram sorte de votar numa pessoa que fez um governo transparente e integro. A onda voltou e trouxe outras pessoas para o cenário. Tem muitos catarinenses que votaram em pessoas que eles não conhecem. Isso é um fato.”

"Eu dizia: as pessoas vão votar em projetos. Mentira" (risos)

Futuro

O poder é um organismo vivo e se movimenta. Agora, em Santa Catarina, o poder vai trocar de mãos. Em 2023, sai Carlos Moisés e entra o novo governador. Mas, será quem experimentou a  sensação do poder, não fica com um gostinho de quero mais? Moisés garante que não. Ainda durante a entrevista, o governador declarou que não há projetos políticos em seu radar. “Estou convencido de que minha contribuição para o estado aconteceu no período mais duro que foi durante a pandemia. A gente fez bonito. Temos aqui em Santa Catarina o melhor desempenho do Brasil no enfrentamento da pandemia”, destacou. Enquanto Moisés tenta convencer que ficará fora da vida pública, a política e o poder seguem seu curso, como se fossem movimentos sincronizados de uma dança que, ora escolhe quem irá levar para o meio do salão, ora troca de par.

Governador Carlos Moisés da Silva, encerra seu mandato em 31 de dezembro de 2022.

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