Hoje, dia 26 de maio, completa 1 mês que o PSD de Criciúma anunciou a troca de seu pré-candidato a prefeito do município. Anunciado há mais de um ano como o sucessor de Clésio Salvaro, Arleu da Silveira perdeu o posto para seu colega de governo, Vagner Espíndola. Se a pré-campanha do PSD fosse uma viagem de avião, poderíamos dizer que a mudança de candidato foi uma turbulência durante o vôo, dessas que não derrubam a aeronave, mas que dão um susto danado. Com a passagem comprada desde o ano passado, Arleu não embarcou, ou, até embarcou, mas não decolou. Em seu assento, agora, o boa-praça, Vaguinho, cumpre o papel que lhe cabe na função de pré-candidato a prefeito de uma das principais cidades do sul, estando num dos partidos mais fortes do estado. De galinha com polenta a missas em qualquer dia e horário, Vaguinho é a nova cara dessa pré-campanha. Em seu favor, contam a sua experiência como gestor, técnico e a fama de ser “boa gente”. Seu nome não está atrelado a nenhuma polêmica vazia, tampouco tem a rejeição do pré-candidato anterior. Sobre este assunto, Vaguinho faz questão de ser gentil. Disse que isso se deve ao fato de que a função exercida por Arleu, de Secretário-geral do governo Salvaro, lhe rendeu a fama de quem “precisava dizer os nãos”. Pelo sim, pelo não, o novo nome de confiança de Salvaro tem outro perfil e isso fica visível em poucos minutos de conversa.
Quando ele foi anunciado como pré-candidato, a pergunta que mais se ouviu, foi: “mas quem é esse Vaguinho”. Agora, a pergunta mudou. “A troca de candidato já provocou a mudança esperada pela cúpula de seu partido?”. A resposta é: ainda não. Afinal, o partido trocou um problema, por outro.
Arleu foi substituído pela dificuldade de subir nas pesquisas. Vaguinho chegou com a missão de resolver esse problema, mas, até o momento, a reação ainda é bastante discreta. Em seu desfavor, ele tem um prazo curto para se tornar conhecido o bastante para vencer a eleição. Se antes, havia quem acreditasse que Salvaro seria capaz de eleger um poste, agora, ficou claro que as coisas não são bem assim. Para eleger um poste, precisa, antes, combinar com a ~Celesc*. Eleição é emoção. O eleitor quer votar em quem lhe desperta algum tipo de emoção.
Clésio Salvaro, por exemplo, é o melhor cabo eleitoral de si mesmo. Além de se eleger, ele sabe como manter vivo seu eleitorado durante seus mandatos. Mas quando se trata dos candidatos que ele apoia, esse fenômeno não se repete. Vide a última eleição quando os dois candidatos apoiados por ele, Acélio Casagrande (candidato a deputado estadual) e Geovânia de Sá (federal), não se elegeram. Agora, Criciúma já entendeu que, não importa quem Salvaro apoie, não será ele que estará na prefeitura ano que vem e é exatamente aqui que está o nó dessa pré-campanha. O eleitor votaria novamente em Salvaro, se ele fosse candidato. Só que esse mesmo eleitor tem resistência em votar em alguém indicado por ele. A troca de candidato também pode ter gerado no eleitor uma espécie de insegurança, fazendo com que, até o momento, ele ainda não tenha sentido segurança de votar no novo indicado de Clésio.
Outro fato percebido nesses 30 dias, foi um sutil descolamento da imagem de Salvaro da de Vaguinho. Em entrevista ao programa Parlatório, da rádio Som Maior, o pré-candidato negou que isso tenha ocorrido e disse que após às 18h e aos fins de semana, eles continuam mais juntos do que nunca. Mas quem observa atentamente sabe que Vaguinho tem imprimido seu próprio estilo à sua pré-campanha. Essa impressão, aliás, é um ponto a favor do candidato, já que demostra ao eleitor que ele tem autonomia para gerir a cidade, sem depender do futuro ex-prefeito, se eleito for.
Vale lembrar que Vaguinho tem mais tempo pela frente do que o tempo que passou. De agora, até o início da campanha, efetivamente, restam 70 dias, tempo suficiente para virar o jogo, e pousar o avião em segurança. Até lá, o eleitor poderá decidir se transfere seu voto ao novo pupilo de Clésio ou se altera a rota de pouso.
Ouça a entrevista de Vagner Espíndola ao Parlatório, aqui.
*Termo usado apenas para referência textual, não tendo a própria Celesc nenhum vinculo com nenhuma pré-candidatura.