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Sílvio Damiani Búrigo

Por Henrique Packter 09/09/2024 - 12:20

SÍLVIO afirmava ter participado de mais de 20 mil cirurgias e procedimentos cirúrgicos até 2015. Nada mau. Se considerarmos como marco inicial destes procedimentos, 1963, data de seu ingresso no curso de Medicina, isto significa que SÍLVIO executou um procedimento por dia, em cada dia desses anos todos.

Foi médico e Perito Médico do atual SUS, em Criciúma.

ATIVIDADES CULTURAIS

Membro da Comissão dos Festejos do Centenário de Criciúma (1980), Presidente da Comissão Municipal de Cultura na administração José Augusto Hülse, quando participou da confecção do Calendário Oficial das Datas Comemorativas de Criciúma.  Juntamente com o ROTARY CLUBE, por proposta de HÉLIO MAZZOLI e ADHEMAR COSTA,  iniciou a FESTA DA PRIMAVERA que originou depois a QUERMESSE, atual FESTA DAS ETNIAS.

ESPORTE

No governo de ALGEMIRO MANIQUE BARRETO foi Médico da Comissão de Esportes (CME), iniciou a prática de tênis de campo em Criciúma e representou a cidade em vários torneios intermunicipais e jogos abertos de SC.  Implantou no Criciúma Clube departamento de Tênis de Campo promovendo a criação das primeiras quadras para sua prática e contratando os primeiros professores (CAMINHA, CIRO e MELATO). Foi Presidente do Criciúma Esporte Clube (1983) e do Esporte Clube Próspera (1985).

POLÍTICA 

Foi um dos fundadores do Partido da Frente Liberal de Criciúma (PFL, 1985), do qual foi membro por 15 anos. Candidato a vice-prefeito de Criciúma com ENIO COAN (1992).

OUTRAS ATIVIDADES

Sócio fundador da UNICRED, membro do ROTARY CLUBE de Criciúma desde 1975, clube que presidiu por três vezes (1981/1982, 1995/1996, 2002/2003). Membro da Associação Comercial e Industrial de Criciúma (ACIC) da qual foi Diretor na gestão de GUIDO BÚRIGO. Sócio proprietário da VITRAL Comércio de Acessórios para Veículos desde 1972.

HENRIQUE SARMENTO BARATA

Urologista e diretor clínico do Hospital Moinhos de Vento, POA, Henrique Sarmento Barata construiu carreira notável desde 1960 quando se formou pela UFRGS. Eu, sou de 1959. Complementou os estudos na Universidade de Ohio, EUA, onde participou de diversos projetos científicos, relacionados à hipertensão e câncer. No retorno a POA fica responsável pelo setor de Urologia e Oncologia do Hospital Santa Rita da Santa Casa. Depois, auxilia na estruturação da Faculdade de Medicina da PUC e na formatação da disciplina de Urologia no hospital-escola da instituição, onde foi professor titular e chefe de serviço por 30 anos. Escreveu mais de 300 trabalhos científicos além de considerável número de capítulos em livros de sua área. Uma de suas obras, Fundamentos da Urologia, tornou-se um clássico da literatura médica especiali zada. Seu conhecimento e experiência resultaram em títulos nacionais e internacionais como personalidade da Urologia. Realizou pesquisas e trabalhos, principalmente em litíase endourológica, uroginecologia e oncologia. Cidadão Emérito de POA, Henrique Sarmento Barata sentava-se na cadeira 44 da Academia Sul-rio-grandense de Medicina.

Este personagem ímpar da história médica gaúcha e brasileira mais de uma vez me culpou pela maneira universal que era nomeado, segundo ele, por culpa minha. Fomos colegas no ginasial em Santa Maria, RS. Ele no internato, uma vez que residia em Bagé, fronteira do RS. Já nos primeiros dias, o impasse. Treinador dos times de basquete tenta escalar um time: Zeca Ritzel, Jaguari, Guido Mussoi, Duarte, Henrique. Neste ponto virava-se para o recém-chegado perguntando seu nome, para encaixá-lo no time.

- Henrique, é a resposta.

- Não, seu outro nome, já temos um Henrique, e apontava para mim.

Relutantemente o novato diz:

- Sarmento Barata.

- Isso, ótimo, Barata!

Nunca mais perdeu o nome-apelido. Ficou BARATA para todo o sempre

De HENRIQUE SARMENTO BARATA passei a colecionar histórias profissionais. Certa feita, pediram-lhe avaliação urológica para paciente do leito b, quarto 409. Feito o exame escreve: adiantado Ca de próstata. Chega o médico assistente:

-Então, seu Almerindo, lhe enfiaram o dedo ontem?

-Olha doutor, de fato esteve aqui o doutor das urinas. Só que ele enfiou o dedo no paciente aí do lado! O médico vai à papeleta do outro paciente, baixado por pneumonia e deixa recado para o colega: “verifica a apróstata de teu paciente...”.

Estancieiro parente de Barata, beirando os 80, recém enviuvado após casamento de mais de 50 anos, solicita seu comparecimento, interior de Bagé.

- Soube que no seu hospital tem máquina que renova o sangue do vivente. Queria cambiar o meu por um sangue novo. Pois não vê o doutor que arranjei uma guria de 20 anos e quero levá-la a Montevidéu, mas preciso me sentir mais forte para a empreitada. Disse, adelgaçando prateada pequena palha, escolhida para o pito que estava a enrolar.

Expliquei que a finalidade da Hemodiálise era outra e que ele, bastante forte, nada tinha a TEMER, pois nada melhor que um touro velho para agradar uma novilha. Que fosse em frente sem duvidar de seu sucesso. 

Luiz Fernando Veríssimo, todo mundo sabe, além de suas apreciadas qualidades de cronista, de torcedor do Inter, de ser filho de quem é, ainda soprava legal velho saxofone pelas noites do Portinho. Varava madrugadas perseguindo sem tréguas o som do legítimo jazz de New Orleans. No seu encalço, outros adeptos derrapam nas notas em frias madrugadas.

Luiz Fernando chegou a declarar que participava do menor sexteto do mundo: eles eram só cinco!

Passam pela minha cabeça lembranças de inícios de ano de antigamente, dos plantões de fim de ano no SAMDU ou no Pronto Socorro da Cruz Vermelha de Curitiba.  Noites de ruas quietas e de lares esfuziantes.  

Nos fundos do SAMDU no Batel, havia pequeno espaço folhudo e florido, cheio de cores e que parecia respirar. Atacava-me uma alegria meio caipira de verdes, vermelhos e amarelos. Pensava, como hoje, sem saudade nem mágoa, do ano que passou. O plantão termina às 11 da noite, mas meu substituto chega antes. Abraçamo-nos em silêncio, pego minhas coisas e vou filar fatia de contrafilé e de alegria na casa de algum conhecido.

PAULO CARNEIRO

SÍLVIO DAMIANI BÚRIGO talvez não soubesse, mas muito antes dele pensar em ser médico, PAULO CARNEIRO, lagunense nascido nas Minas Gerais, andava por aqui, distribuindo sua honrada medicina e em especial sua Urologia. Em entrevista a rádio de Criciúma, indagado sobre a morte declarou:

- Sou radicalmente contra!

Na mesma ocasião contou de suas viagens no grande sul catarinense, acudindo doentes. Carregava bolsa de idade indefinida, com alguns apetrechos médicos, muda de roupa, objetos de higiene pessoal. Aqui, descia na estação da Estrada de Ferro, atual Buraco do Prefeito já retribuindo cumprimentos generalizados.  Seu feudo incluía Laguna, Imbituba, Garopaba, Imaruí, mas atendia pacientes em Tubarão, Criciúma, Urussanga. A reputação médica também é feita pelo bafejo da sorte. Paulo Carneiro recebeu este bafejo de Zeferino Búrigo, morador do Cocal e duas vezes prefeito de Urussanga. Em mau estado, com diagnóstico de perfuração intestinal, possivelmente tifoide, é curado por Paulo Carneiro que diagnostica obstrução urinária por atonia vesical com retenção urinária por infecção. At ravés de uma sonda retira-lhe mais de litro de urina, curando-o. A notícia se espalha e a fama está feita.

(continua na próxima semana)

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