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Boris Pakter e Henrique Packter, irmãos

Por Henrique Packter 11/08/2021 - 19:22 Atualizado em 11/08/2021 - 19:24

OLAVO DE ASSIS SARTORI contava, rindo-se ruidosamente, a história do marido de uma paciente a quem perguntara, concluído o exame ginecológico a que submetera sua esposa:

- Como é o seu nome?

AA-RÃO foi a resposta.

-Você é gago?

- Não, meu pai era gago e o escrivão era um filho da mãe!

UMA QUESTÃO DE NOMES PRÓPRIOS

Observando os nomes lá em cima, parece que um engano foi cometido: afinal é Pakter ou Packter?

Como acontecia com regular frequência na época, os assoberbados cartórios de então cometiam equívocos que acompanhavam as pessoas pela vida. Na verdade, o sobrenome do escriba e seus descendentes é que padece de erro. Paciência, há coisas piores. Por muitos anos atendi pacientes com nomes bizarros, inacreditáveis. Havia um Satírio Venéreo que residia lá pelos lados da Próspera. Um outro chamava-se Cetiva qualquer-coisa, sendo Cetiva nome de popular medicamento à base de Vitamina C. Por pouco o Sr. Motes não foi batizado (como era intenção dos felizes e alienados pais) com o nome do absorvente, então grande novidade.

Foi por obra e arte de algum obscuro cartório santa-mariense, que Boris e eu somos irmãos com sobrenomes diferentes. Já nossa irmã, Dorinha, é Pakter, como os pais e o irmão caçula.

Lembro de nossa meninice, as coisas difíceis, o dinheiro escasso lá em casa, pequenas dívidas mortificantes, lá em Santa Maria da Boca do Monte. Nosso pai lutava como podia para suprir nossas mais notórias e elementares necessidades de sobrevivência. Todos faziam sacrifícios. A roupa de nosso pai por artes estilísticas do prêt-à-porter de mamãe transmudava-se em roupas minhas e finalmente, depois de regular uso, de Boris. Dona Geni, nossa mãe, falava em distribuição irmãmente das roupas paternas.

Por isso, nada a estranhar quando Boris chegou a Criciúma em 1967 (eu chegara em 1960) e diante da minha oferta de distribuir irmãmente o produto de nosso trabalho, reagiu:

- Irmãmente coisa nenhuma, cinquenta por cento para cada um!

UMA QUESTÃO DE SOBRENOMES

Thomas Reis Mello, nosso colega no HSJ conhecia um Clerq Kent da Silva, morador de Jacaré, quarto distrito de Torres, RS. Explicava-se o estranho personagem:

- Parece que meu avô morreu disso...

Não poucos problemas nossos sobrenomes nos trouxeram. No vestibular para o Curso de Medicina, permitiram que eu a ele me submetesse, condicionalmente. Na minha certidão os sobrenomes dos pais estavam corretos, mas o meu, destoava.

Fui chamado à secretaria da Faculdade duas vezes, por esse motivo. Até, acho eu, que o problema foi esquecido ou superado. Ou sanado, não sei bem.

Na fuga da Inquisição, muitos judeus e muçulmanos que viviam em Portugal e Espanha nos séculos 15 e 16 converteram-se ao catolicismo. Também mudaram seus sobrenomes para coisas da natureza, como Rosa, Leão, Silva, Carneiro, Pinto e Pinheiro – embora essas nomenclaturas não sejam exclusividade deles. (Fernando Carneiro, Chico Pinheiro e Leão Júnior, aquele do MATTE LEÃO em Curitiba, são nomes bastante suspeitos).

Silva é o sobrenome mais popular no Brasil, mas a maior família com laços consanguíneos é a dos Cavalcanti, de Pernambuco. Por lá, reza a lenda que “ou se é Cavalcanti, ou se é Cavalgado”.

Isso nos leva ao Brasil-Colônia do bispo Sardinha, devorado pelos índios. O sacerdote português, Dom Pedro Fernandes Sardinha, ou Pero Sardinha, (Évora, 1496/Capitania de Pernambuco, 1556), primeiro bispo do Brasil, chegou a Salvador da Bahia em 25.2.1551  aos 55 anos. Sardinha tomou posse em 22.6.1552 e renunciou à função em 2.6. 1556.

A 16.7.1556,  capturado pelos índios caetés no litoral sul de Alagoas —, e, mesmo indicando por acenos que era importante prelado dos portugueses e sacerdote consagrado a Deus, que se vingaria dos excessos cometidos contra ele, foi abatido com uma maça e devorado com seus companheiros.

Dom Pedro Fernandes Sardinha foi sucedido na Sé Primacial do Brasil por Dom Pedro Leitão (1519-1573). Portanto, Pedro Leitão sucedeu a Pedro Sardinha. Leitão, Sardinha...

UMA QUESTÃO INDÍGENA

Para os índios canibais que viviam na época do Brasil colônia, sobrenome era uma questão de aquisição: eles iam agregando os nomes das pessoas que devoravam! Canibais nasciam com apenas um nome e iam colecionando outros ao longo da vida – a quantidade era motivo de orgulho e semostração.

A família imperial brasileira sempre teve nomes quilométricos, D. Pedro I tinha uma porção. Querem ver? Contem lá: Pedro de Alcântara Francisco, Antônio, Carlos, Xavier, de Paula, Miguel, Rafael, Joaquim, José, Gonzaga, Pascoal, Cipriano, Serafim.  14 nomes. Dom Pedro II ostentava igual número de nomes: Pedro de Alcântara, João, Carlos, Leopoldo, Salvador, Bibiano, Francisco Xavier de Paula, Leocádio, Miguel, Gabriel, Rafael, Gonzaga de Bragança e Bourbon

Tudo em homenagem aos antepassados próximos e até nem tão próximos assim.

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