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Boris Packter, um pioneiro

Por Henrique Packter 18/10/2021 - 12:31 Atualizado em 18/10/2021 - 12:33

MAURÍCIO FERNANDO PEREGRINO DA SILVA, nasceu no RJ cidade onde fez todos os seus estudos. Colou grau em Medicina pela atual UniRio em 1968. Há uma diferença a favor de Boris de dois anos falando-se de iniciar a vida profissional, Boris em Criciúma, Maurício em Orleans.   Especialista em Clínica Médica, Maurício atuou também em Cirurgia Geral e  no antigo INPS foi aprovado em concurso público como obstetra. Realizou mais de mil e duzentos partos. Trabalhou inicialmente em Orleans cidade onde EMIR BORTOLUZZI DE SOUZA era o único médico.

O distrito de Orleans do Sul, criado em 2.10.1888 englobava a área de mineração requerida pelo do Visconde de Barbacena e Pindotiba, na época denominada Raposa, a rigor a primeira região habitada.

Resultado de um trabalho das lideranças locais e políticos de Tubarão, liderados pelo Deputado Acácio Moreira, foi criado o município em 30.8.1913. Era composto dos distritos da sede, Lauro Müller, Grão-Pará e Palmeiras. A grafia do nome do município passou a Orleans e Distrito de Palmeiras para Pindotiba. Em 1970, voltou a grafia original de Orleans. O Distrito de Lauro Müller foi emancipado em 5.10.56, Grão-Pará em 21.6.58 e finalmente uma parte de São Ludgero transformada em município em 14.6.63.

Boris era amigo de Emir e dele recebeu convite para trabalhar em Orleans uma vez por semana, no Hospital Santa Otília.  Lá ia ele toda quarta feira atender a população da região. Este atendimento facilitava a vida dos orleanenses no sentido de não afastá-los para a cidade grande, afastando-os da lavoura, tão necessitada destes braços. 

A 4.10.1938 nascia o hospital de Orleans   com o nome de Hospital   Municipal Henrique Lage, pela colaboração prestada pelo político, proprietário da Empresa Mineradora Carvoeira de Lauro Muller. Homenagem também devida pela participação ativa na obra dos engenheiros e seus funcionários Reinaldo Schmithausen, Walter Weterli, Márcio Machado Portela, Wilson Gonçalves e Nestor Gigueira. José de Lerner Rodrigues  e Antônio Dib Mussi são os primeiros médicos.

A inauguração ocorre em 15.01.1939. Segundo boatos, nesse dia, ao visitar obras da ponte sobre o rio Tubarão, na chegada de Urussanga, o interventor Nereu Ramos  sabe do nome já escolhido para o hospital. Não gostou nem um pouco e pergunta pelo nome da padroeira do município.

Santa Otília, é a resposta. Discursa, então: ‘Estamos em Orleans para visitar as obras desta ponte e também estaremos inaugurando o Hospital Munipal Santa Otília, cujo  nome é dado em homenagem à Santa Padroeira desta paróquia”.  Mais que depressa, o prefeito José Antunes Mattos determina aos fiscais da prefeitura Hugo Clauman e Gastão Cordini dirigirem-se ao hospital para retirar a placa com o nome Henrique Lage. (Orleans 2000 – História e Desenvolvimento. Jucely Lottin. Pág. 167, 1998).

Mais tarde, Maurício muda para Criciúma onde trabalhou por doze anos, cinco horas por dia no Pronto Socorro do Hospital São João Batista. É cidadão honorário de Criciúma e Juiz no Tribunal Arbitral da cidade, onde atua em processos médicos. Também escreveu Verdades e Mentiras Sobre Médicos (2001), seu primeiro livro.

No Verdades e Mentiras Sobre Doenças há dois capítulos que me chamaram a atenção. O primeiro Boca, Faringe, Traqueia, Esôfago, Laringe (pág. 136) e Sinusite (pág. 186). São dois artigos que têm tudo a ver com a especialidade que Boris exercia em Criciúma e me fizeram lembrar de episódios vivenciados por nós. Maurício Peregrino faz uma pesquisa primorosa dos assuntos que aborda.

Ensina o que é faringe. Você já teve faringite? Pois é a inflamação da faringe, que é o que você vê quando abre a boca e enxerga lá no fundo aquele tecido avermelhado (orofaringe), ensina Maurício. Pra cima há uma cavidade que na verdade constitui os fundos das narinas, território onde estão as adenoides, responsáveis por aquela ronqueira das crianças (rinofaringe). Mais pra baixo está o laringe (laringofaringe), órgão da voz. Laringe e rinofaringe só são vistos com equipamentos. A laringe tem dois canais, um conectado com o estômago e o outro ligado ao pulmão. A faringe tem uma válvula (glote) que impede aos alimentos sólidos ou líquidos cair na árvore respiratória, via traqueia. Por este mecanismo alimentos e líquidos são remetidos para a via digestiva, o esôfago.

Chegando ar na faringe a válvula tapa o esôfago e o ar entra na traqueia e brônquios. Quer dizer, o tubo da frente é para passagem do ar, para a respiração e o tubo de trás é para a alimentação. Taqueia na frente, esôfago atrás. Maurício adverte para nunca dar de beber a pessoa inconsciente. O mecanismo de válvula estando inoperante você pode matar por sufocação essa pessoa que vai receber o líquido na traqueia!

Maurício acha que estamos mal construídos. Deveríamos sim, ter a boca no lugar do nariz e vice-versa. Desta forma, o ar da respiração, entrando pelo nariz (abaixo, no lugar da boca), cairia direitinho no primeiro tubo (da respiração) e o alimento, entrando pela boca, mais acima, cairia no tubo de traz evitando problemas de trânsito e a pessoa inconsciente poderia receber água para beber, sem risco de sufocação.

Também já se poderia acrescentar a essa alteração pelo menos colocar mais um olho, na nuca, talvez também aumentar o número de braços, com inegáveis vantagens para o PIB do país.

Esta interessante notícia do Maurício traz-me à lembrança uma outra, de Ruy Castro. Ele leu em algum local que cientistas japoneses estariam criando rãs sem cabeça. A nota acrescentava que o processo poderia ser estendido aos humanos. Todos nós entendemos a vantagem de criar rãs sem cabeça: o intelecto não é uma das maiores características das rãs. Pensar na economia de tempo para os restaurantes que aproveitam delas apenas as pernas, e à milanesa. Mas, para que criar seres humanos sem cabeça? Já existe por aí milhões de criaturas para quem ela não serve pra nada, exceto usar um boné ao contrário.

Humanos sem cabeça parece que serviriam apenas como doadores de órgãos. É de pensar, que indivíduos destituídos de cabeça estariam condenados a nunca participar de magnas comemorações como ver o Internacional sagrar-se campeão brasileiro algo que talvez vá ocorrer inda agora, neste ano. Também estarão condenados a jamais ver a Juliana Paes desfilando na Mangueira.

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