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Boris chega para fazer história 

Por Henrique Packter 17/09/2021 - 13:14 Atualizado em 17/09/2021 - 13:16

Boris chegara pouco antes a Criciúma e logo fazia história corrigindo cirurgicamente lábios leporinos e fissuras palatinas, sendo o primeiro em nosso meio a realizá-las. Boris foi também o primeiro a usar microscópio em cirurgias de ouvido no sul catarinense.

Desde sua chegada, determinado segmento populacional teve dificuldade em assimilar seu nome. De modo geral era chamado de Dr. Borges. Com o tempo, passou a ser conhecido e reconhecido no sul catarinense. Entre outras coisas, participou, organizou e presidiu de 30.10.1970 a 02.11.1970, a 1° Jornada Catarinense de ORL e Broncoesofagologia em conjunto com 1° Jornada Catarinense de Pediatria, cujo Presidente foi David Boianowski.  Esses acontecimentos médicos foram realizados em Criciúma. Na Jornada de ORL participaram, ministrando cursos, os professores Rudolf Lang (PUC/RS), Ivo Kuhl (URGS), Israel Schermann (URGS), Nicanor Letti (Anatomia de ouvido na URGS) e Reinaldo Coser (UFSM). Os profissionais da área em nossa região sabem de quem falo quando enuncio estes nomes, monstros sagrados da especialidade, no Brasil da época.

Boris presidiu (1971/1973), o departamento ORL e Broncoesofagologia da Associação Catarinense de Medicina.

Em programa de rádio sobre Medicina, Boris entrevistava médicos da cidade, na década de 70 (Drs. Luiz Fernando da Fonseca Girão, Sergio Alice, João Kantovitz, Everaldo Sabatini ...). Este programa pioneiro era semanalmente transmitido pela Rádio Eldorado.

A FORMATURA DE BORIS EM 1965, SANTA MARIA,RS.

Era verão e verão tórrido em Santa Maria, cidade que sabia ser quente, como quase nenhuma. A cerimônia de colação de grau seria no Cine Glória. Fui à cerimônia com meus pais mais a parentada e amigos da família. Frida esperava nosso terceiro filho, Bruno e ficou na residência de meus pais, na Rua do Acampamento O cinema lotado, gente que não acabava mais procurando entrar, frente ao cinema. Havia um local, próximo à bilheteria, vazio de pessoas exceto por um fumante, homem alto ar de desânimo, exatamente no centro do vazio. Aproximei-me para reconhecer Paulo Devanier Lauda, formado em Medicina (1954, Curitiba), ano do meu ingresso, lá mesmo, no Curso Médico. Lauda foi o orador da Turma 1954 e não menos que brilhante. Tinha um irmão mais jovem, Jorge Derly Lauda, anestesista, também formado em Curitiba. Paulo foi Vice-presidente da UNE e presidente do Diretório Nilo Cairo dos estudantes de Medicina. Quando ingressei, a Faculdade estava em reforma. Fizemos o exame vestibular em meio a poeira, barulheira, imprecações de operários e nossas, para indignação das colegas.

O discurso do orador de Turma carecia ser aprovado pelo Reitor e Lauda submetera o seu a esse procedimento obrigatório. No palco do Cine Ópera, avenida João Pessoa de Curitiba, a cidade toda lotando o cinema, Lauda tira o discurso do bolso interno do paletó. Entre seus colegas formandos, Antonio Osny Preuss (depois professor de Ortopedia), Cid Gomes (de Florianópolis e irmão de minha colega Elia Gomes), Felix do Rego Almeida (especialista em cirurgia da mão), Jayme Benjamim Guelmann (herdeiro da indústria de móveis e criador do curso pré-vestibular), João Eduardo Oliveira Irion (radiologista em Santa Maria), Lauro de Castro Beltrão (professor de anatomia), Lourenço Cianci Filho (médico em Criciúma, construiu o Hospital São João Batista), Octávio Augusto da Silveira (filho de nosso professor de Neurologia, natural de Tupanciretan), Paulo Franco de Oliveira (cardiologista).

Prestes a iniciar a leitura do discurso, Lauda volta a guardá-lo no bolso e falou sem auxílio do documento escrito.  Felicitou o Reitor Flávio Suplicy Lacerda, que compunha a mesa das autoridades, pelos esforços que sua gestão fizera para embelezar a Praça Santos Andrade, situada em frente ao prédio da Reitoria (!). Incitou-o a fazer o mesmo com o interior da faculdade, dotando-a de equipamentos de cuja ausência tanto nos ressentíamos.

Suplicy era ladino e saiu-se bem. Já fora jovem, disse no seu discurso. Entendia desses arroubos juvenis. Mas, aquele não era nem o momento nem o local apropriado para críticas. O momento era de celebração. Dos felizes pais presenciarem o coroamento dos esforços de tantos anos. Suplicy sabia das coisas.

Paulo era Dermatologista e foi professor universitário.

PRÓXIMA SEMANA:  CONTINUA BORIS PAKTER...

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