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Bernie Madoff e a Pirâmide de Wall Street

Por Arthur Lessa 14/04/2021 - 12:58 Atualizado em 14/04/2021 - 12:59

Tem uma anedota famosa no mercado financeiro que diz que todo dia saem de casa um trouxa e uma malandro. Quando eles se encontram, sai negócio.

Esse raciocínio normalmente é lançado para ilustrar situações como cair em golpes de bilhete premiado, propagandas com promessas de retornos irreais e cursos milagrosos de day trade.

É inevitável pensar, quando se tem notícia de alguém que sofreu um revés num caso desses, “tava na cara que era golpe” ou “como fulano pode cair nisso?”. 

Mas e se o golpe acontece no maior mercado financeiro do mundo e atinge alguns dos mais poderosos investidores e bancos do planeta?

É sobre isso que trato nesse texto: Bernard Madoff, ex-presidente da bolsa eletrônica Nasdaq e conselheiro de investimentos dos mais conceituados de Wall Street na virada de século.

A história começa em 1960, quando aos 22 anos, com dinheiro emprestado pelo sogro e US$ 500 de suas economias, Bernard Madoff fundou a Bernard L. Madoff Investment Securities.

Seus primeiros negócios vieram das “sobras” do Goldman Sachs e do Bear Stearns, que posteriormente foi comprado pelo JP Morgan.

No fim dos anos 80, Madoff estava enriquecendo, chegando a ganhar mais de US$ 100 milhões ao ano. Aos poucos, ele ia ganhando a atenção do mercado oferecendo retornos estáveis de 15% a 20% que, conforme insiste em afirmar para a revista New York, eram perfeitamente legais. 

No final da década de 80, início dos anos 90, a recessão econômica já era uma realidade. Foi nessa época que o esquema começou de fato.

Madoff passou a usar o capital dos novos investidores para pagar “retornos sólidos” para os velhos. Apesar de falsos, as demonstrações de resultado que divulgava exibiam ganhos de 15%. Esses retornos faziam propaganda de si mesmos e cada vez mais dinheiro novo chegava. 

Conseguiu sustentar o esquema até 2008 quando, em meio à crise financeira, diversos investidores solicitaram a retirada do dinheiro dos fundos. Mas ele não tinha esse dinheiro em conta e tentou sua “última tacada” se reunindo com diversos investidores para tentar levantar capital suficiente para pagar os que estavam retirando dinheiro. 

Ele devia US$ 7 bilhões em resgates, mas só conseguiu US$ 700 milhões, valor que poderia ter mantido o esquema em funcionamento ainda por algumas semanas. Cansado, decidiu abrir o jogo no dia 10 de dezembro de 2008, três meses depois que o mercado acionário americano desabou, reunindo a família no escritório da casa.

Réu confesso, Madoff foi indiciado em 2009 a 150 anos de prisão e US$ 117 milhões de indenização. 

Estima-se que as fraudes de Madoff resultaram na perda de US$65 bilhões de dólares. Porém, como envolvia bancos, instituições de caridade, pequenos e grandes investidores, o valor pode ser ainda maior.

Algumas famílias perderam o patrimônio de suas vidas. Houve pelo menos quatro suicídios ligados ao esquema Ponzi de Madoff. Sendo três de suas vítimas, um aristocrata francês que supostamente enviou clientes para Madoff, um condecorado veterano do Exército que faliu pela fraude e um executivo de fundo de hedge que perdeu milhões. E o filho de Madoff, Mark Madoff, que também se matou em 2010.

Madoff enganou não só pequenos investidores, como também entidades bancárias e grupos de investimento. Foram cerca de 37 mil vítimas em 136 países.

[olho] Se você quiser conhecer melhor essa história, sugiro o filme O Mago das Mentiras, com Robert De Niro no papel de Madoff.

De acordo com o The Wall Street Journal, os investidores com maiores perdas incluíam:

  • Fairfield Greenwich Advisors: US$ 7,5 bilhões;
  • Tremont Capital Management: US$ 3,3 bilhões;
  • Banco Santander: US$ 2,87 bilhões;
  • Bank Medici: US$ 2,1 bilhões;
  • Ascot Partners: US$1,8 bilhão;
  • Access International Advisors: US$1,4 bilhão;
  • Fortis: US$ 1,35 bilhão;
  • Union Bancaire Privée: US$1 bilhão;
  • HSBC: US$ 1 bilhão.

Mais de 10 anos depois da prisão de Madoff, o ressarcimento das vítimas ainda não foi concluído.

Dois fundos foram estabelecidos pelo Departamento de Justiça americano compreendendo confiscos de vários processos criminais de Madoff para pagar as indenizações.

Além de liquidar a firma Madoff, os bens e objetos pessoais do operador financeiro foram leiloados.Até o momento, US$ 14,40 bilhões foram recuperados. (Dados de janeiro de 2021).

Tags: piramides

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