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Reinvenção: a palavra de ordem para os empresários superarem a pandemia

Com muita criatividade e perseverança, empreendedores buscaram caminhos para vencer a crise e se manterem ativos
Por Marciano Bortolin Criciúma, SC, 03/10/2021 - 10:23 Atualizado em 03/10/2021 - 13:33
Lúcio Premoli conhece muito bem o ato de se reinventar. Fotos: Guilherme Hahn/Especial/4oito
Lúcio Premoli conhece muito bem o ato de se reinventar. Fotos: Guilherme Hahn/Especial/4oito

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Reinvenção! Ato de reformular ou recriar algo. Tornar a inventar, recriar uma solução para um problema com uma nova abordagem.

Nunca esta palavra foi tão usada como durante a pandemia do novo coronavírus (Covid-19). As pessoas reinventaram a forma de se cumprimentar. A ciência se reinventou na busca por uma cura. Os empresários se reinventaram para seguir na ativa. Foi necessária muita criatividade, jogo de cintura, trabalho dobrado, novos meios para não perder clientes e continuar com as portas abertas, gerando emprego, renda e girando a economia. 

O empresário Lúcio Premoli pode não se dar conta, mas a palavra reinvenção faz parte do seu vocabulário desde criança, quando vendia maçã do amor pelas ruas de Criciúma para ajudar em casa. 

Depois foi vendedor de picolé e trabalhou com sonorização. Entre idas e vindas, foi pendurando diplomas de cursos na parede de casa: hoje são 26. 

Mas com grande espírito empreendedor, ele queria mais, e foi aos 18 anos que, após um empurrão da esposa, decidiu investir em um negócio próprio, abrindo uma pizzaria em formato delivery.

Ele conta que no primeiro dia de atividade, lá em março de 2018, vendeu duas pizzas; no segundo, três; no terceiro dia, quatro. No quarto dia, quando a esperança na ampliação da venda aumentava, ele e a esposa não venderam nada. Zero foi o número de produtos vendidos no dia seguinte também. 

Porém, a força de vontade não o fez desistir. Os clientes foram surgindo e as coisas passaram a melhorar. “Então veio o primeiro motoboy contratado, o primeiro auxiliar de pizzaiolo, o segundo motoboy, e foi crescendo”, salienta. 

Logo, os amantes da pizza ficaram sabendo da existência da Pizzaria Santos Dumont, que leva o nome da principal avenida do bairro São Luiz de Criciúma, onde está situada.

Aquele cardápio do primeiro dia, restrito ao sabor de calabresa, foi ampliado. O empresário alugou mais uma sala, depois outra, até que, em 2020, veio o coronavírus.

Pizzaria Santos Dumont, que iniciou somente com uma sala, hoje ocupa todo o imóvel

“Vai uma pizza aí?”

A crise sanitária fechou portas, causou desemprego, afetou em cheio a economia. Mas, vale lembrar que a Pizzaria Santos Dumont trabalha exclusivamente com delivery, o que a fez nadar contra a corrente no início da pandemia. 

Enquanto bares e restaurantes fechavam devido aos decretos do Governo do Estado, Premoli e a esposa trabalhavam ainda mais para atender a demanda que crescia dia após dia, já que as pessoas, isoladas em suas casas, optavam ou, em algumas vezes, eram obrigadas a recorrer ao delivery. “O ano de 2020 foi promissor para o nosso ramo. Tivemos um crescimento substancial e chegamos a contratar 12 funcionários”, enfatiza.

Mas se engana quem pensa que a vida do empresário era um mar de rosas. O bom momento também impôs desafios. “O primeiro foi atender a demanda, já que quem frequentava restaurantes passou a optar pelo delivery, contribuindo com uma aceleração das vendas”, fala Premoli.

Porém, como o que é bom não dura para sempre, meses depois vieram os problemas. “Houve uma retração muito grande e nós não estávamos preparados para isso. Daquele primeiro momento em que trabalhamos para atender a demanda, caímos para um segundo, onde precisamos demitir e isso nos chateou muito. Saímos de 12 funcionários para hoje ser somente eu e a minha esposa”, conta.

Esta queda, que começou em setembro de 2020, Premoli credita à diminuição do poder aquisitivo da população e à retomada dos bares e restaurantes.

Houve uma retração muito grande e nós não estávamos preparados para isso. Daquele primeiro momento em que trabalhamos para atender a demanda, caímos para um segundo, onde precisamos demitir e isso nos chateou muito. Saímos de 12 funcionários para hoje ser somente eu e a minha esposa” - Lúcio Premoli, proprietário da Pizzaria Santos Dumont

Costurando a superação

Diferente do proprietário da Pizzaria Santos Dumont, outros empresários não tiveram a mesma sorte, pelo menos no começo da pandemia. O susto com o fechamento imposto pelos decretos gerava medo e apreensão na maioria deles.

Pesquisa do Sebrae/SC, da Federação das Indústrias (Fiesc) e da Fecomércio sobre o impacto da pandemia mostrava que, somente entre março e maio de 2020, cerca de 530 mil pessoas haviam sido demitidas de empresas de pequeno e médio porte. 

Questionamentos sobre como manter os empregos para não entrar nesta lista de empresas que precisaram se desfazer de trabalhadores rondavam a cabeça dos proprietários da Daruggi Confecções, onde Greyce Hellen de Jesus Dal Pont atua como assistente administrativo. “O desespero bateu para todos e a primeira coisa que se pensou foi no que fazer para não mandar todo mundo embora, afinal não tínhamos ideia do que ia acontecer”, revela.

Com os fornecedores suspendendo pedidos, a equipe se deparou com uma situação nunca vista em seus 20 anos de existência. Foi preciso pensar rápido e se reinventar, pois havia mão-de-obra, havia maquinário, mas não havia trabalho. E daí surgiu a saída para, mais do que se manter ativo, crescer mesmo durante a crise. “Com a pandemia, aumentou a demanda de máscaras e jaleco hospitalar, então vimos uma luz no fim do túnel: passamos a produzir jalecos. Fizemos uma reunião com a equipe e falamos que não queríamos demitir ninguém, mas para isso iríamos tentar economizar o máximo possível e mudar o foco da produção, que até então era voltada somente para modinha. Era algo totalmente fora do padrão que estávamos acostumados. Todos tiveram que ir para a produção, desde quem trabalha na parte administrativa até os proprietários.”, relata.

Da modinha ao jaleco. Daruggi Confecções precisou mudar o foco para não demitir e nem encerrar as atividades na pandemia

Eram 25 funcionários naquela reunião em março de 2020. Hoje, são 31. A ampliação, conta Greyce, é fruto da dedicação de todos. “Tinha que ser uma produção alta, que demandaria muita energia de cada um. Lançamos o desafio para eles e deu tudo certo, a equipe pegou junto. Saíamos chorando nos primeiros dias porque era um desafio grande e cansativo, mas em questão de semanas a equipe se ajustou e acabamos sendo modelo para outras empresas que vinham nos visitar para ver como conseguimos atingir uma produção tão grande por dia”, comemora.

Pelo bem coletivo

Encontrada uma saída, veio outro obstáculo para a Daruggi: manter as pessoas engajadas para um bem coletivo. “Não era somente o emprego individual em jogo, mas sim a empresa como um todo. Todos têm casa, família, tinham que colocar a comida na mesa, e foi preciso mantê-los motivados, tentando tirar a produção das pessoas para valer a pena manter todos. Em um momento que muitas empresas estavam demitindo, colocando em home office ou dando férias, nós não fizemos isso com ninguém. Não tiramos nenhum profissional”, enaltece.

Entre as tantas lições aprendidas neste período, a assistente administrativo ressalta a superação de cada um dos funcionários. "Vimos como as pessoas podem mais do que elas imaginam. Depois que se acostumaram, nem elas acreditaram na produção que faziam. Elas se surpreendiam e era como se fizessem aquilo a vida toda. Se tivesse demanda, poderíamos produzir jalecos para sempre. Isso tudo mostra que quando a equipe se une, o resultado sai melhor que o esperado”, exalta.

O presidente da Associação Empresarial de Criciúma (Acic), Moacir Dagostin, reforça que as empresas passaram a dar maior foco às pessoas e como os trabalhadores demonstraram o quão são importantes. “Eles demonstraram a importância que têm. Não se abre mão das pessoas e as empresas passaram a dar uma atenção maior aos seus recursos humanos com a parte de treinamento para uso da tecnologia, do atendimento, entre outras”, cita.

Vimos como as pessoas podem mais do que elas imaginam. Depois que se acostumaram, nem elas acreditaram na produção que faziam. Elas se surpreendiam e era como se fizessem aquilo a vida toda. Se tivesse demanda, poderíamos produzir jalecos para sempre. Isso tudo mostra que quando a equipe se une, o resultado sai melhor que o esperado” - Greyce Hellen de Jesus Dal Pont, assistente administrativo da Daruggi Confecções

Mais que não demitir, Daruggi ampliou o quadro de colaboradores entre 2020 e 2021

Novo obstáculo

Quando as coisas começaram a decolar, a Daruggi Confecções passou por um problema parecido com aquele enfrentado pela Pizzaria Santos Dumont: depois da ascensão, a volta da preocupação. “A partir do momento que as outras empresas não tinham mais nada para produzir, começaram a ir atrás da mesma coisa: jalecos e máscaras. Quando estávamos com a equipe engajada, começou a faltar trabalho, foi onde vimos que tínhamos mais um desafio a ser vencido. Mas deu tudo certo porque a pandemia deu uma leve amenizada e as roupas, nosso antigo foco, começaram a voltar. Foi questão de semanas para nos ajustarmos”, recorda Greyce.

O que também contribuiu com a empresa foi o fato de não possuir dívidas, não precisando, assim, contrair empréstimos, contribuindo na negociação com fornecedores. 

Sobre isso, o presidente da Acic salienta que empresas que estavam com problemas financeiros, de estrutura, ou capital de giro, sofreram mais neste período. “Elas tiveram que ter gastos maiores para receber assessoria. Existe de um lado o fortalecimento, mas isso demanda um determinado custo”, destaca.

Surpreendidos

Dagostin lembra como os decretos estaduais que começaram a surgir em março do ano passado, estipulando o lockdown ou redução das atividades, causaram pânico em patrões e trabalhadores. “Fomos todos surpreendidos com um decreto estadual: a partir de amanhã fecha tudo. Naquele momento o associativismo se mostrou muito importante. O papel da associação empresarial de representação dos nossos associados perante os órgãos públicos que estavam formando comitês de enfrentamento à Covid-19, e nós fazendo uma função de defesa da saúde, mas também que não fosse esquecida a economia, porque não poderíamos criar uma crise na economia”, diz.

Fomos todos surpreendidos com um decreto estadual: a partir de amanhã fecha tudo" - Moacir Dagostin, presidente da Associação Empresarial de Criciúma (Acic)

Presidente da Acic lembra problemas enfrentados pelos empresários e como foi possível superá-los

Naquele momento, conta Dagostin, houve demonstração de fragilidades, principalmente no planejamento. “Naquela angústia de ficar semanas parados, o que parecia uma eternidade, os empresários não sabiam o que fazer. Alguns mostraram fragilidade em sua organização, na falta de planejamento, que não tinham estrutura. Neste momento surgiu a associação empresarial que, com vários consultores voluntários, atendeu o micro e o pequeno empresário para dar sustentação, auxiliando desde o marketing, passando pelas vendas, chegando na parte jurídica, como a interpretação da legislação, tanto da área da saúde quanto outras, porque surgiam muitos decretos”, fala. 

Pensando rápido

Adaptação rápida. Esta foi uma das coisas a se fazer para não encerrar as atividades, segundo o vice-presidente Sul da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), José Carlos Sprícigo. Ele também concorda que os decretos pegaram todos de surpresa em março de 2020 ao promover diversas mudanças. “Foi um grande desafio promover toda a adaptação nas empresas para receber os funcionários com segurança, pois haviam cenários onde a empresa precisava das pessoas, pois não conseguia trabalhar no modelo home office. A parte de gestão administrativa teve adequações para o modelo à distância. A parte industrial teve que trabalhar com espaçamento”, salienta.

Nisso também houve muita criatividade, aponta Sprícigo. “Foram criados novos turnos, várias maneiras para que mantivéssemos o distanciamento social para evitar o contágio, mas também para manter o emprego do colaborador”, cita.

Vice-presidente Sul da Fiesc, José Carlos Sprícigo, expõe sua opinião sobre o momento:

 

Corrida para atender a todos

Quitanda é um estabelecimento onde se vendem frutas, hortaliças, ovos, entre outros produtos. Para o casal Thays Helena Deucher e Alexandre Possamai ela é tudo isso e muito mais. 

Esta forma de comércio é tão importante para os criciumenses que o seu negócio leva justamente o nome de Quitanda, e com um toque de modernidade: Quitanda.com.

Eles passaram a receber os clientes na Rua Almirante Barroso, bem no Centro de Criciúma, em junho de 2018. No interior do local,  hortifruti orgânico, mercearia, laticínios, açougue, higiene pessoal, produtos de limpeza biodegradável e suplementos. Como diz Alexandre: um mercado compacto e completo para facilitar a correria do dia-a-dia. Um mercado saudável, com foco em orgânicos e minimamente industrializados. 

Considerado serviço essencial, a Quitanda não precisou abaixar as portas na pandemia, mas isso não foi sinônimo de vida fácil. “No início foi um turbilhão de informações desencontradas, protocolos, uma transformação digital acelerada, medo e incertezas”, lembra Thays.

Quitanda.com e a missão de conscientizar, à distância, os clientes sobre a importância da alimentação saudável

Com uma equipe reduzida, o casal precisou repensar a estratégia para atender os clientes tradicionais e os novos que chegavam em número cada vez maior. “Já oferecíamos o serviço de delivery, porém poucos usavam, a preferência sempre foi vir até à Quitanda e escolher. Na pandemia, a principal preocupação foi atender a todos sem colocar ninguém em risco. Como trabalhamos com orgânicos, tivemos um pouco de dificuldade em encontrar novos fornecedores para suprir a demanda. Como existia uma urgência, tivemos que redobrar o trabalho e os pedidos para que pudéssemos atender com maior rapidez. Todos os pedidos eram recebidos, separados e entregues no mesmo dia e permanece desta maneira até hoje”, relata Alexandre.

Na pandemia, a principal preocupação foi atender a todos sem colocar ninguém em risco" - Alexandre Possamai, proprietário da Quitanda.com

“Sem internet não há venda”

Levantamento do Sebrae aponta que sete em cada dez empresas passaram a atuar nas redes sociais, aplicativos ou internet na busca por impulsionar as vendas. No início da pandemia, o percentual era de 59%. 

Um deles foi Lúcio Premoli, da Pizzaria Santos Dumont, que iniciou uma série de promoções e parcerias na busca por manter-se em atividade, mas o fundamental apontado por ele é a internet. “As vendas online são o nosso carro-chefe. Hoje, sem internet, não existe delivery. Aquela coisa de telefone, esquece! É a internet, é a rede social, é o Whatsapp que nos impulsionam dentro do mercado. Eu sempre brinco que entre cortar a internet e a água, corta-se a água, porque hoje para o nosso negócio, a internet é crucial. Sem ela não há venda”, afirma.

O empresário também concorda que a pandemia contribuiu para a antecipação do uso da  tecnologia e na disseminação do delivery. “Antes o mercado era disseminado. Tinha o foco do delivery, do presencial, do telefone, e com o fechamento do comércio presencial, houve a necessidade de criar tecnologias para atender a demanda porque o mercado inflou. Antes o atendimento por Whatsapp era feito por humanos, na pandemia sentimos a necessidade de colocar um robô de auto atendimento porque a demanda era altíssima. O Instagram é outro recurso que cresceu muito porque é uma excelente ferramenta de divulgação”, admite.

No aúdio, o empresário Lúcio Premoli destaca a sua visão sobre o uso da internet durante a pandemia:

 

A crise sanitária, que gerou os problemas econômicos, também obrigou a Daruggi Confecções a se mostrar mais na internet, mais precisamente nas redes sociais. O perfil do Instagram, por exemplo, lembra Greyce, passou a ser atualizado com maior frequência, geralmente com fotos de confraternizações e conversas com a equipe.

Uma simples atualização no Google também surtiu efeito. “Recebemos relatórios das visualizações que a empresa tem na internet, o que nos deixou felizes e até surpresos pela quantidade de pessoas que nos procuram. Temos muita coisa para aprender e mudar, mas hoje a empresa é mais aberta ao funcionário, a conversar e escutar. Com a pandemia, aprendemos a olhar muito mais para o próximo, não só para a empresa ou para o faturamento, mas também dar atenção às pessoas, pois elas não são descartáveis. Tivemos perdas, as partes ruins, mas temos lições positivas para tirar deste momento”, completa.

A importância de se mostrar na internet é comprovada pelos números. Levantamento da Fecomércio/SC mostra que 7,8% dos catarinenses tornaram-se compradores frequentes pela internet durante a pandemia. Outros 2,7% dizem consumir online somente devido à crise sanitária. Esta mudança de comportamento do consumidor fez com que as empresas passassem a se mostrar ainda mais na rede.

Tivemos perdas, as partes ruins, mas temos lições positivas para tirar deste momento” - Greyce Hellen de Jesus Dal Pont, assistente administrativo da Daruggi Confecções

Greyce, da Daruggi Confecções, também apresenta o seu posicionamento sobre o tema:

 

Mais que vender, se relacionar

O casal proprietário da Quitanda.com, Thays e Alexandre, busca conscientizar as pessoas sobre a correta escolha dos alimentos e como ela reflete na saúde. Uma mensagem que era passada mais facilmente de forma presencial. Mas a Covid-19, como sabemos, afastou as pessoas e, além de se adaptar à forma acelerada que as vendas pela internet evoluíam, eles precisaram reaprender a se relacionar com os clientes à distância. “O nosso maior desafio é transformar a parte tecnológica em algo acolhedor, para que não fique apenas como comercial, mantendo todo o carinho e respeito com nossos clientes e amigos. Apesar de todos os desafios, acredito que estamos conseguindo equilibrar o atendimento presencial e online”, conta o Alexandre. 

Thays recorda que no início tudo se concentrava no WhatsApp, que era por onde uma lista dos produtos disponíveis era enviada aos clientes. Contudo, com a demanda crescendo, foi preciso buscar novas alternativas, como uma plataforma online, onde eles lançam parte dos produtos com fotos e valores para facilitar nas escolhas. 

O Instagram passou a ser outra ferramenta com presença constante no dia a dia do estabelecimento. Na verdade, foi a Quitanda que passou a estar mais presente no Instagram. “A internet proporcionou o contato com os clientes em um momento em que a presença física não era possível. A pandemia fez com que os clientes buscassem canais alternativos de contato, de compra e conhecimento sobre saúde e imunidade. O que nos preocupa um pouco é essa enxurrada de informações, que pode acabar confundindo os consumidores”, comenta.

Antecipação

O presidente da Associação Empresarial de Criciúma, Moacir Dagostin, salienta que a pandemia acelerou o uso da tecnologia pelas empresas em pelo menos dez anos. Para ele, empresários que eram resistentes ao uso destes recursos acabaram se rendendo. “Havia uma resistência muito grande dos empresários mais tradicionais e a pandemia os empurrou para a tecnologia, caso contrário acabariam fechando. As empresas estão se reinventando”, diz.

A opinião é a mesma do vice-presidente Sul da Fiesc, José Carlos Sprícigo. “O sucesso do home office se deu devido à tecnologia. Um modelo que poderia vir à tona, segundo estudos de especialistas, daqui quatro, cinco anos, mas antecipou para 2020 e para 2021. Tivemos esta adaptabilidade à tecnologia, por isso o home office se instalou forte”, afirma.

O uso da tecnologia e o foco nas pessoas comentados pelo presidente da Acic, Moacir Dagostin:

 

“O passado não é mais parâmetro e o futuro é competitivo”

Outra palavra que cabe muito bem neste período de pandemia é a resiliência, a qualidade de ser flexível, apto a se reinventar, se adaptar e solucionar problemas de forma criativa.
Resiliente está sendo a estilista Daiane de Moliner Nazário, que coloca os seus produtos no mercado desde março de 2016, através da Signora Estilo e Decor Têxtil.

De Criciúma, a produção da empresa já esteve, inclusive, no Big Brother Brasil, da Rede Globo.

Além de ter duas marcas próprias, a Signora também desenvolve para o mercado corporativo, mais precisamente, para eventos, feiras e personalizados. “Com a pandemia houve a paralisação desses setores ou no mínimo a redução de gastos. Então sentimos essa falta de produtividade em nossa fábrica, momento em que passamos a trabalhar em outras frentes”, explana a empresária.  

Assim, expõe Daiane, cresceu a linha de mesa posta. “Lançamos na Páscoa de 2020, um momento em que as pessoas ficaram em casa protegidas da Covid-19, mas que não deixaram de lado o gosto por decorar a mesa. Para a linha do corporativo, começamos a produzir máscaras. Obviamente que o custo do produto é muito menor, mas foi essencial para termos serviços e ocupar a produção. As pessoas mudaram a forma de agir, de se vestir e de comprar. Ou seja, o passado não é mais parâmetro e o futuro é competitivo. Por isso buscamos sempre nos reinventar em produtos e serviços, buscando clientes que tenham os mesmos valores para seguirmos como parceiros, um ajudando o outro”, acrescenta.

A resiliência que permitiu a reinvenção é comemorada por Daiane

Caminhando junto às tendências de mercado, a empresa é mais uma que ampliou o investimento nas mídias digitais e hoje possui e-commerce próprio para as duas marcas: a Signora e a Taormima.

É no online que Daiane vê o futuro. “É ali que gostamos de expor os nossos produtos, mostrar lançamentos, bastidores e por isso temos hoje um marketing interno que faz a parte orgânica da divulgação, além de gestor de tráfego pago e mídias com influenciadoras. 

Buscamos sempre nos reinventar em produtos e serviços, buscando clientes que tenham os mesmos valores para seguirmos como parceiros, um ajudando o outro" - Daiane de Moliner Nazário, proprietária da Signora Estilo e Decor Têxtil

Assim como a Signora, a Sumo Design 3D foi fundada e é comandada por uma mulher. A arquiteta Débora Ehlke colocou a ideia de oferecer ao mercado maquetes através da impressão 3D em prática em 2019. Como era de se esperar, ela também precisou enfrentar grandes desafios um ano depois. “Assumi a empresa sozinha assim que a pandemia começou. Foi quando foquei totalmente nas mídias digitais como meio de divulgação, o que vem dando certo até hoje e nos permitindo atender o Brasil todo. A internet contribuiu muito para o meu negócio e é onde invisto todas as energias para o crescimento da empresa e prospecção de novos clientes. Temos um site institucional que mostra os produtos, além do Instagram e do Facebook, onde também mostro o dia a dia da empresa, conversamos com os clientes e investimos em anúncios que entregam os conteúdos para o meu público”, destaca.

As maquetes produzidas por Débora na Sumo  3D, passaram a estar ainda mais presentes na internet

Oportunidades online 

Comprovadamente, as redes sociais deixaram de ser um espaço apenas para diversão e passatempo. Nelas, está uma infinidade de potenciais negócios, e a pandemia do coronavírus deixou isso ainda mais latente. 

Quem percebe este movimento é o CEO da Agência MonDigital, Michael Fernandes Martins, conhecido como Mond. A agência de marketing, com sede no bairro São Luiz, em Criciúma, implantou novos setores e ampliou a parte física, além de ser um local colaborativo, onde atuam outras três empresas diferentes em um espírito de inovação. “Este momento foi favorável para o mercado digital e estamos aperfeiçoando, trazendo novos serviços e começamos a maximizar estes serviços. Nestes últimos três meses a gente duplicou faturamento, duplicou a quantidade de colaboradores. Precisamos contratar mais quatro que a gente não consegue por falta de espaço. Nisso começa a profissionalizar a empresa internamente”, revela.

Atendendo 39 clientes, a MonDigital possui sete colaboradores e na iminência de contratar mais. “Não planejávamos em um ano duplicar o nosso tamanho de espaço. Quando a gente criou já tínhamos o objeto colaborativo e na época brincávamos que era muito espaço. Hoje, têm espaços que não eram para estarem trabalhando, era para o pessoal descansar”, comenta.

Mondigital: o crescimento em meio à pandemia

Para Mond, todo o ecossistema digital está passando a ter a influência das necessidades.” “Eu tinha uma cartela de clientes antes da pandemia que tinham um percentual de investimento. Neste processo da pandemia, começamos a ter que filtrar porque era necessário que os clientes tivessem potencial de investimento, porque é preciso ter investimento maior para ter resultados”, destaca.

Um setor criado na empresa recentemente e que amplia o trabalho oferecido foi o de assessoria de imprensa. “Uma inovação para a MonDigital, a gente trouxe um setor novo, de necessidade. Agora que somos marketing 360º, estávamos com dificuldade em trabalhar com assessoria de imprensa e recebemos o desafio de um cliente que nos questionou porque não montávamos um núcleo de assessoria de imprensa na agência. Não é uma coisa normal, então falávamos que não. Até que um dia decidi estudar o que uma assessoria de imprensa. Estamos trabalhando com um holding que vai administrar oito empresas da região. Eu falei que se trouxesse as oito empresas para trabalhar conosco a gente abriria um núcleo de assessoria de imprensa na agência. Após dois meses, este negócio foi fechado e contratamos duas jornalistas", pontua.

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