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Edi Balod ganha cinebiografia

Produção da Mozaiko Filmes estreia no dia 12 de julho, no Shopping Della

Por Redação Criciúma, 06/07/2025 - 11:10 Atualizado há 7 horas
Fotos: Divulgação
Fotos: Divulgação

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"A cada dia, a arte proporciona um novo olhar sobre determinadas situações. Costumo caminhar no meu espaço físico e fotografar os detalhes: uma flor, uma folha, um pedaço de madeira que caiu, os pássaros que vêm comer, as borboletas que voam por aqui. Me sinto privilegiado por ter essa condição que a arte permite, de ver dessa maneira, de viver". A reflexão é de Edison Paegli Balod, conhecido artisticamente por 'Edi Balod'.

É com essa sensibilidade que ele atravessa a vida: vendo o que os olhos distraídos não veem e sentindo o que escapa à pressa do cotidiano. Aos 82 anos, Edi é o protagonista da Cinebiografia "Edi Balod – Linha de Frente", que será lançada no dia 12 de julho (sábado), às 10h30, no cinema do Shopping Della, em Criciúma, e é aberta ao público. A entrada é gratuita.

A produção é da Mozaiko Filmes e contou com a participação dos professores da Unesc Alcides Goularti Filho, responsável pela direção; e Giani Rabelo, que preparou o roteiro e produção. A obra combina imagens de arquivo, depoimentos, memórias e registros poéticos para retratar a vida de um criador em permanente movimento.

O projeto foi contemplado por meio do Edital nº 001/2024 da Fundação Catarinense de Cultura (FCC), com recursos da Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura – PNAB (Lei nº 14.399/2022), e conta com apoio do Município de Criciúma, por meio da Fundação Cultural de Criciúma.

"Um amigo que acolhe e uma presença que marca"

A escolha de Edi Balod como personagem para uma Cinebiografia não foi acaso. Foi reconhecimento e afeto. Autor de uma trajetória marcada pela educação humanista, pelo ativismo cultural e por uma produção artística intensa, Balod representa muito mais do que sua própria história. Ele é símbolo de um tempo, de uma luta e de uma maneira singular de viver e ensinar por meio da arte.

Segundo o diretor da Cinebiografia conta que o trabalho se apoia em três estilos distintos: a leveza da Nouvelle Vague, as sombras dramáticas do caravagismo e um engajamento sutil. A narrativa começa explorando sua ancestralidade no Rio Novo, em Orleans, segue sua trajetória como estudante e profissional, e culmina na revelação de sua paixão pela arte. Nas locações externas, o diretor procurou envolver Edi em cenários que foram — e ainda são — fontes constantes de inspiração e encantamento.

"Procurei organizar os depoimentos de amigas, amigos e irmão, conforme os diferentes momentos de sua vida, como professor, jornalista, artista e gestor público. Também retrato a profunda relação que ele tinha com a mãe e a conexão que ainda mantém com sua casa. A poesia entrelaça-se com depoimentos, lembranças e momentos de intensa emoção", destacou Filho.

A Cinebiografia revela não apenas a trajetória de um artista, mas também o profundo vínculo entre sua arte, suas raízes e suas memórias. Por meio de imagens e depoimentos, a Cinebiografia convida o espectador a conhecer um olhar sensível que resgata histórias familiares, traduz emoções e reflete sobre o papel transformador da criação artística na vida e na cultura da cidade.

De Orleans para o mundo — e de volta a Criciúma

Nascido em 1943, em Rio Novo, interior de Orleans, Edi Balod mudou-se ainda criança para Criciúma, onde construiu uma vida dedicada à educação, à arte e à cultura popular. Professor, jornalista, poeta, produtor cultural, pesquisador e um dos principais responsáveis pela revitalização do Boi de Mamão na região, bem como o criador do projeto Rota da Imigração com incentivo à valorização da cultura trazida pelos imigrantes, como a culinária, a música e as tradições. 

Edi Balod estudou inglês na Universidade de Michigan, viveu nos Estados Unidos antes mesmo de se popularizar o conceito de intercâmbio, e passou por diversos países europeus: Escócia, Alemanha, Inglaterra, França, Portugal, Espanha e Itália. Estudou escultura com um mestre alemão, encantou-se com a arte indígena norte-americana, frequentou museus e trouxe tudo isso de volta à sua terra natal.

Foi jornalista e diagramador do Correio do Sudeste, primeiro jornal diário do Sul catarinense. Atuou como gestor da Fundação Cultural de Criciúma, onde idealizou projetos marcantes como o Cinearte, que levava cinema aos bairros, além de apresentações teatrais, festas populares e ações culturais nos espaços públicos.
Na Rádio Eldorado, comandava o programa Eldorado Jazz Bar, onde unia música, literatura e ambientação cenográfica para criar uma verdadeira imersão sonora e cultural.

Durante 27 anos, foi professor na Unesc, e encantava os estudantes não apenas com o conteúdo das aulas, mas também com histórias inspiradoras, objetos simbólicos e provocações instigantes que despertavam o pensamento crítico e a sensibilidade.

"Conheço o Edi há muito tempo, dos corredores da Unesc, porém somente agora tive um envolvimento maior com ele. Comparado com a relação que tem com os amigos e as amigas que dão depoimentos na Cinebiografia, eu sou um pequeno fragmento em sua vida. No entanto, esse meu afastamento talvez tenha me permitido realizar uma Cinebiografia com paixão, mas sem entrega; ousada, porém fundamentada na razão; e, talvez, bela — por que não? —, porém sem o compromisso de ser um presente de amigo. Meu afastamento — ou melhor, meu envolvimento recente com Edi — talvez tenha evitado que eu realizasse algo sem a lealdade e a compaixão comuns entre grandes amigos", enfatizou Filho, diretor da Cinebiografia. 

Giani, que ficou responsável pelo roteiro e produção, lembrou que conheceu o protagonista do curta há muitos anos, mas foi durante o Governo Décio Góes, quando ele presidia a Fundação Cultural de Criciúma e ela atuava na Secretaria Municipal de Educação, que teve a oportunidade de conviver mais intensamente com ele. 

"Naquela ocasião, ele e sua equipe realizaram um trabalho extraordinário, promovendo a descentralização da cultura e valorizando com firmeza a cultura popular. Mais do que um grande gestor cultural, ele é um companheiro de luta em defesa da democracia e da arte como expressão da vida. Professor, artista e poeta, reúne em si uma sensibilidade rara e um talento imenso", enfatiza Giani.

Ela ainda menciona que essa experiência como roteirista foi muito significativa, e que a permitiu conhecer novas facetas de sua trajetória e compreender, ainda mais, por que ele é tão respeitado e admirado por tantos.

"Ele é daquelas pessoas que vivem a arte em sua forma mais profunda, múltipla e generosa. É um criador que inspira, um amigo que acolhe e uma presença que marca. Criciúma e região têm uma preciosidade e a Casa Arte Ana Frida Antiques é a maior prova disso: um espaço que traduz sua alma criadora, seu olhar poético e sua dedicação incondicional à cultura local", observou Giani.

Máscaras, madeira e poesia

Na casa onde vive hoje — batizada de Ana Frida em homenagem à mãe — Balod reúne objetos simbólicos, livros artesanais e máscaras criadas a partir de pedaços de madeira recolhidos da natureza. Cada canto do espaço é uma extensão da sua arte e sensibilidade. A primeira dessas máscaras, esculpida em um pedaço de madeira trazido por seu pai, ele guarda com carinho especial: um rosto, como ele a chama, que carrega memórias e afetos.

"Ele sempre gostou de literatura, dos livros, e desde pequeno já era um exemplo para os demais", relembra o irmão, Wilson Balod. "Sempre se destacava. Além do talento artístico, também tinha habilidade com a bola. Era bom de bola também", completa, com um sorriso de admiração.

Vivenciar a arte, segundo Balod, é algo essencial. "Tenho uma relação intensa com a arte, seja no desenho, na pintura, na escultura. No cinema, já participei de algumas experiências. E a música, então, eu adoro. Não vivo sem, em todos os ritmos e expressões", completou Balod.

Para o artista, assistir ao resultado final desta Cinebiografia foi uma experiência extremamente positiva. "Estou muito orgulhoso", afirmou. Atualmente, segue desenvolvendo novas criações e adianta que estará presente em outras ações do calendário cultural da cidade de Criciúma, com obras que dialogam com a temática das locomotivas. "Ao fazer um trabalho, uma obra, me revela e me traz mais possibilidades. acredito que essas imagens da Cinebiografia vão sedimentar bem mais ainda meu caminho nas artes, na trajetória e não sei o que há de vir", comentou Balod.

"Acredito que todo o trabalho, desde o início — o olhar, a captação das imagens, dos fatos, despertou muita emoção. Como convivo intensamente com a arte, percebo as nuances, as cores, os detalhes. E ficou tudo muito bom, tanto pelo olhar artístico quanto pela escolha dos depoimentos e dos registros. É um trabalho que preserva parte da história da cidade", finalizou o protagonista.

Sobre a Cinebiografia

Gênero: Documentário/Cinebiografia
Duração: 61 min.
Idioma: Português
Classificação Indicativa: Todas as idades
Produção: Mozaiko Filmes
Direção e Montagem: Alcides Goularti Filho
Roteiro e Produção Executiva: Giani Rabelo
Direção de Fotografia: Marciano Alves
Direção de Som: Orlando R. da Silva Neto 
Câmera: Gabriel Demo Colonetti

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