Já faz algum tempo que o mercado questiona se o Brasil teria espaço para uma segunda bolsa de valores, como acontece nos EUA com a tradicional NYSE e a tecnológica Nasdaq, mas a resposta predominante até pouco tempo seria um “não”, tanto pelo mercado pequeno de investidores quanto pelas poucas empresas listadas.
Mas o cenário mudou, novas tecnologias e regulamentações surgiram, como blockchain e Fácil/CVM, respectivamente, e surgiu a oportunidade de criar uma bolsa para as pequenas e médias empresas. E essa nova bolsa foi criada pela BEE4.
Para entender melhor essa nova realidade do mercado brasileiro, tive o prazer de conversar no 60 Minutos com o sócio-fundador e chairman da BEE4, Rodrigo Fiszman. Confira a íntegra da entrevista no vídeo abaixo.
O que é a BEE4?
A BEE4 é a primeira bolsa de valores para pequenas e médias empresas no Brasil, autorizada pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários). Diferente de plataformas de tokenização, ela opera como uma bolsa paralela à B3, permitindo que empresas menores possam captar recursos e ganhar visibilidade no mercado de capitais.
Inovação e tecnologia
Segundo Fiszman, a BEE4 utiliza blockchain para simplificar processos e reduzir custos operacionais. A tecnologia não está ligada a criptomoedas, mas sim à eficiência na gestão de dados e operações.
Além disso, a criação do regime regulatório Fácil, lançado em julho, é apontada como um divisor de águas. Fiszman compara o impacto do Fácil ao do Simples Nacional, que facilitou a vida das empresas na área tributária.
Quem pode acessar a BEE4?
Empresas com faturamento anual de até R$ 500 milhões podem se listar na BEE4. Isso abre a possibilidade não apenas de realizar IPOs, mas também de captar crédito mais barato junto a bancos e investidores, fortalecendo a governança e ampliando as oportunidades de crescimento.
Casos de sucesso
Um exemplo já listado é a Mais Mu, marca de snacks saudáveis que realizou seu IPO em 2023 na BEE4. O movimento chamou a atenção da British American Tobacco, dona da Souza Cruz, validando a relevância do modelo.
Além da Mais Mu, outras companhias de menor porte já negociam ações na BEE4, em um ambiente que coloca empresas emergentes lado a lado com gigantes como Petrobras e Vale nos home brokers das corretoras.
Democratização do mercado de capitais
Rodrigo Fiszman reforça que a BEE4 é um passo fundamental para democratizar o mercado de capitais no Brasil. Inspirada em modelos dos Estados Unidos, Canadá e Reino Unido, a nova bolsa busca garantir que pequenas e médias empresas, responsáveis por grande parte do PIB e dos empregos do país, tenham acesso a instrumentos antes restritos às grandes corporações.