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Do Benedet e do carvão à prisão

No capítulo 22 de "Centro Cultural Jorge Zanatta", mais das origens e do destino do casarão
Por Denis Luciano Criciúma, SC, 03/12/2018 - 11:05
Reprodução / Tribuna Criciumense, 1/10/1956
Reprodução / Tribuna Criciumense, 1/10/1956

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De tanta bronca que ia, vinha e aqui não se resolvia, o casarão da Pedro Benedet viu apagar-se a chama da primeira vocação a ele entregue. Nascido do sonho do antigo proprietário de seu terreno, o próprio Pedro Benedet que no início dos anos 40 doou a área à prefeitura.

Um dos pioneiros da colonização da cidade, Benedet era homem de larga visão. Veio da Europa com formação equivalente ao ginasial, uma proeza para a época em que muitos pouco liam ou nenhuma familiaridade tinham com as letras. Isso e o tino para os negócios logo o distinguiram. 

Benedet enveredou pelo caminho do carvão, como muitos investidores do seu tempo. Teve mina, foi precursor da Carbonífera Próspera e, desse envolvimento somado à visão desbravadora, notou que aquele terreno seria um bom lugar para abrigar a pesquisa do carvão.

Daí, veio a doação da área, a construção do casarão, que muitos dizem ter sido tocada também pelo próprio Pedro Benedet, até o início efetivo, em 1945, das operações do Departamento Nacional de Produção Mineral ali. A política do governo Getúlio Vargas, de energia nossa para a nossa gente, trouxe no calor ufanista da Petrobrás as mais diversas agências para cuidar das nossas riquezas minerais. Daí nasceu o Plano Nacional do Carvão que desde 1953 passou a operar ali no casarão para representar a política carbonífera nacional nos três estados do sul.

Como há muito contado aqui, mas mais curiosas divergências, desde a falta de água encanada para bairros até as agruras das terríveis estradas de chão tapadas por poeira de carvão, passando pela estratégia de garantia de mercado para o nosso ouro negro, tudo passava pelo casarão mas nada se resolvia ali. Logo, daí para o fim do Plano do Carvão no casarão, em 1960, foi um passo.

Havia os grandes temas nacionais, mas a cidade se debatia com o futuro local também. Desde outubro de 56 uma comissão de notáveis discutia um Plano Diretor para Criciúma, conforme havia antecipado o Tribuna Criciumense. Constavam no projeto correção de rumo do Rio Criciúma, construção urgente de uma Estação Rodoviária, definição de áreas para parques e praças, construção de avenidas às margens da estrada de ferro e outras providências.

Mas havia o clima de instabilidade política dos governos Jânio Quadros e João Goulart, já no início dos anos 60. E isso acompanhava uma fase de pouco movimento pelas bandas do casarão da Pedro Benedet. Operava ali o Departamento Nacional de Produção Mineral, enquanto titular, mas restou o casarão com pouca atividade prática efetiva. 

Essa calmaria acabaria com a queda do presidente Goulart. O casarão foi escolhido pelo recém instalado regime militar de 64 para cárcere, uma função que marcou época e ajudou a traçar um novo rumo, bastante distinto do idealizado por Pedro Benedet. História para as próximas conversas.

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