O arroz enfrenta um quadro de forte crise devido à superprodução, que derrubou drasticamente os preços em 2025. Atualmente, a saca de 50 quilos é comercializada em Santa Catarina por valores em torno de R$ 50, bem abaixo do necessário para cobrir os custos de produção.
"Nós trabalhamos com arroz. E o arroz nos deu uma surra esse ano. Para a Cooperja e para todas as cooperativas e indústrias de arroz, não foi legal", afirmou o presidente da Cooperja e da Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (Ocesc), Vanir Zanatta, em entrevista ao Programa Adelor Lessa desta quinta-feira (18).
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Zanatta define o problema por conta da alta escala global de produção do arroz. "O Brasil produziu bem, o Paraguai produziu bem, Índia, China, Tailândia, todos produziram bem. Isso fez com que o mundo ficasse cheio de arroz", explicou. Ele cita, como exemplo, a entrada de cerca de 30 milhões de toneladas do produto no mercado internacional por parte da Índia, o que pressionou ainda mais os preços. "Isso bagunçou o mercado. Nós não conseguimos exportar praticamente bem nada, só mal", avalia.
A perspectiva para os próximos anos segue preocupante. Para 2026, a produção nacional ainda deve alcançar cerca de 13 milhões de toneladas. O consumo interno, porém, gira entre 10,5 milhões e 11 milhões de toneladas, o que indica nova sobra de arroz para 2027.
Ouça a entrevista, na íntegra:
Queda de preços
Dados da Epagri apontam que o preço de referência da saca de arroz deveria variar entre R$ 70 e R$ 75. No entanto, em 2025, produtores catarinenses têm comercializado o produto por cerca de R$ 50. Em média, um hectare produz aproximadamente 200 sacas.
Segundo Zanatta, o custo por hectare varia entre R$ 10 mil e R$ 12 mil. "Estamos tendo R$ 20, R$ 25 a menos. Não tem como sobreviver", pondera o presidente da Cooperja.
Por conta da baixa significativa dos preços, o empresário sugere que os produtores reavaliem o rendimento de suas terras. "A terra que está produzindo menos de 150 sacos por hectare hoje, tem que pensar se vale a pena plantar naquela área ou vale a pena colocar gado, colocar milho, colocar o que puder fazer", destaca.
Pequenos produtores
Ainda na entrevista, Vanir Zanatta avaliou a situação dos pequenos produtores, que, por muitas vezes têm seu sustento apenas pelo arroz. Para ele, é difícil que a situação seja resolvida sem que alguém sofra prejuízos. "Alguém vai ficar sem receber o ano que vem: ou o banco, ou nós que vendemos os adubos, a semente", opina.
Ele avalia ainda que o enfraquecimento da renda pode levar pequenos produtores a abandonar a atividade. "Tirando a mão de obra da família, ficando sem nada, ele vai conseguir pagar as suas contas. Mas daí vai caindo o poder aquisitivo do nosso pequeno agricultor e isso, numa hora, ele vai cansar de fazer, infelizmente", conclui.
Internacionalização da Cooperja
Atualmente, a Cooperja mantém unidades em outros estados, como Rio Grande do Sul e Maranhão. Diante do menor custo de produção em países vizinhos, a cooperativa estuda a possibilidade de expandir operações para o Paraguai.
Segundo Zanatta, qualquer decisão nesse sentido dependerá da aprovação dos cooperados. "Eu não posso ir para lá sem que os associados aprovem ou sem que os associados tenham interesse de ir para lá comprar terra, arrendar terra, enfim, plantar", finaliza Zanatta, citando que as indústrias particulares já podem estar pensando em alternativas semelhantes.
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