Quem caminha pela região central de Criciúma já deve ter reparado: os urubus estão cada vez mais presentes, sobrevoando prédios e se empoleirando em telhados. Ao mesmo tempo, a quantidade de pombos, antes numerosa, vem diminuindo. A mudança no comportamento das aves tem explicação científica, como detalhou o biólogo Vitor Bastos, em entrevista ao programa Cá Entre Nós, da rádio Som Maior, nesta segunda-feira (13).
Segundo ele, os urubus têm se adaptado muito bem ao ambiente urbano por conta da facilidade em encontrar alimento. “Essas aves são oportunistas e procuram locais onde há descarte de lixo e restos orgânicos. Como o Centro concentra grande movimento de pessoas, comércios e restaurantes, acabam encontrando ali uma fonte constante de alimentação”, explicou.
Já os pombos, embora ainda presentes, vêm perdendo espaço. Um dos motivos está ligado à redução de locais de abrigo e à maior atenção da população à limpeza de áreas onde eles costumavam se instalar. “Os pombos gostam de locais abrigados, como beirais de prédios antigos e construções com frestas. Com reformas e mudanças urbanas, muitos desses espaços foram fechados ou diminuíram”, apontou Bastos.
O biólogo também lembrou um fato curioso: os pombos não são animais nativos do Brasil. “Eles foram trazidos da Europa. Se adaptaram muito bem ao nosso clima e às cidades, mas são uma espécie exótica”, destacou.
A presença maior de urubus também está relacionada ao papel ecológico dessas aves. Eles atuam como importantes agentes de limpeza, alimentando-se de carcaças e resíduos orgânicos. “Por mais que possam causar incômodo visual, os urubus prestam um serviço ambiental importante. O problema surge quando há excesso de lixo exposto, o que pode atrair uma quantidade descontrolada”, completou.
A recomendação do especialista é simples: evitar o acúmulo e o descarte irregular de resíduos, manter telhados e edificações bem vedados e não alimentar aves em áreas públicas. “Quando há menos oferta de alimento fácil, as aves procuram outros locais, equilibrando naturalmente essa presença”, finalizou Bastos.
Ouça na íntegra o que disse o biólogo, Vitor Bastos: