Durante a sessão ordinária desta terça-feira (24), estudantes da Escola Social Marista Irmão Walmir, situada no bairro Renascer, utilizaram a Tribuna Livre da Câmara de Vereadores de Criciúma. A participação ocorreu a convite do vereador Daniel Formentin Bonifácio (PSD) e abordou o tema "Racismo ambiental: educação, consciência e justiça climática
Durante as falas, os estudantes apresentaram reflexões profundas sobre os impactos ambientais que atingem de forma desproporcional as comunidades negras e periféricas. Eles relataram experiências vividas no próprio bairro e destacaram a urgência de políticas públicas voltadas à promoção da justiça socioambiental.
Manuela Caroline de Oliveira, aluna do terceiro ano do ensino médio, explicou o conceito de racismo ambiental como sendo "a injustiça socioambiental que atinge de forma desproporcional comunidades racializadas, periféricas e/ou tradicionais, sendo mais expostas a riscos ambientais e com menos acesso a recursos de proteção". A estudante citou exemplos como a deposição de lixo tóxico em comunidades pobres, ausência de saneamento básico, e proximidade de moradias com lixões, rios poluídos e indústrias.
De forma crítica, Manuela lembrou que o bairro Renascer, onde vive, teve parte do seu território utilizado como depósito de lixo no passado, e que ainda hoje os efeitos dessa prática são sentidos. "A comunidade não tem um conhecimento necessário para fazer o descarte do lixo. Precisamos que as pessoas sejam conscientizadas sobre o descarte de lixo de grande porte para evitar que sejam jogados no rio ou queimados", afirmou.
A estudante também apresentou o projeto desenvolvido na escola chamado "Negritude em foco: educação, consciência e sustentabilidade", que tem como objetivo conscientizar a comunidade sobre questões ambientais e raciais. O projeto busca, a curto prazo, promover educação ambiental; a médio prazo, incentivar ações coletivas de cuidado com o bairro; e, a longo prazo, contribuir para a recuperação ambiental e melhoria da qualidade de vida.
Já a aluna do primeiro ano do ensino médio, Nicole dos Santos, destacou que muitas famílias que vivem próximas ao rio não tiveram condições de escolher outro local para morar, e agora enfrentam o risco constante de enchentes, agravado pela falta de infraestrutura. "Nosso objetivo com o projeto é quebrar a cultura de falta de informação, de achar que o básico é o suficiente para sobreviver. Queremos conscientizar as pessoas", pontuou.
O estudante João Gustavo, do segundo ano, chamou a atenção para a questão da coleta de lixo, especialmente de resíduos de grande porte. "O lixo como um móvel não é carregado pelo caminhão de lixo. Não tem como deixar um pedaço de madeira no lixo, por isso falta o conhecimento da comunidade para não jogar no rio", alertou. Ele também enfatizou o sentimento de abandono vivido pelos moradores do bairro. "Invisibilidade social e política, é isso que estamos passando no bairro. Não queremos uma ajuda, e sim um direito para trazer uma melhoria pro bairro".
Alunos de Criciúma levantam debate sobre racismo ambiental na Câmara
Estudantes do bairro Renascer destacam impactos socioambientais e propõem soluções para promover justiça climática

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