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Sobre o inverno que se inicia

Como o inverno nos afeta. Um relato de quem não curte o frio.
Por Grayce Guglielmi Balod 21/06/2018 - 16:06 Atualizado em 21/06/2018 - 17:36

Há quem goste muito do inverno!

Mas para algumas pessoas a estação que se inicia hoje é uma verdadeira prova de resistência física e emocional.

O inverno por si só leva muita gente aos consultórios psicológicos.

Esses diriam ao psicólogo:

"O inverno exige muito de mim. Naturalmente me encolho para pessoas, situações, fenômenos e eventos. O inverno me encolhe ainda mais. Encolhe meus ombros, meu pescoço, minhas costas. Fico contraído como se isto pudesse criar uma camada de proteção no meu corpo que impedisse a perda de calor. Obviamente isso não acontece. O que realmente acontece é que fico travado e só quando lembro de alongar percebo o meu grau de encolhimento. Quase nunca me dou conta do quanto estou encolhido, só quando pescoço, ombros e costas começam a doer.
Para piorar a situação entra em cena a lei da inércia e, quanto mais me encolho e me recolho, mais encolhido e recolhido eu fico. 
Durante o inverno sou um animal em estado de hibernação, sonolento, inativo, com as funções vitais do meu corpo reduzidas ao absolutamente necessário: sobrevivência. Preciso me lembrar de respirar fundo, pois a minha respiração quase cessa, meus batimentos cardíacos diminuem e todos os processos bioquimicos do meu corpo restringem-se ao minimo."

Brincadeiras a parte, é fato que qualquer animal que permaneça inativo durante semanas com temperatura corporal inferior a normal está em hibernação. Eu fico bem próximo a isto.
Tudo se torna muito difícil; lavar o rosto, escovar os dentes, lavar a louça. Mexer com água, mesmo que seja aquecida, me enerva. Banho é um capítulo a parte. Todo aquele movimento de retirada das inúmeras roupas para, posteriormente, entrar embaixo de uma ducha, para mim, fica desprovido de sentido. Confesso que depois, quando já estou embaixo da água quente, é muito prazeroso. Mas é só o tempo de me acostumar e preciso me despedir daquele momento quente e relaxante. Me desencolho e o frio inicia seu processo de encolhimento. 
Considerando a lei da inércia, novamente, penso que poderia tranquilamente hibernar durante o inverno ou, pelo menos, nos dias mais frios. Mas os deveres e obrigações me chamam à atividade. Então, são quatro meses de infinita adaptação. Encolhe, desencolhe, encolhe, desencolhe. Sinceramente é muita adaptação e readaptação para mim.
O inverno exige demais. O inverno cansa! 
Sim, eu gosto de fazer charme com casacos longos e botas, cachecóis, gorros e luvas. Mas, mesmo que eu quisesse, seria odioso dormir com tudo isso. E mais cedo ou mais tarde chega a hora de tirar ou trocar de roupas. Além disso, tantas roupas tornam-me ainda mais atrapalhado, esbarro em objetos e derrubo-os com facilidade. 
Ar condicionado e aquecedores são ilusões momentâneas que fazem esquecer do frio rigoroso que corta meus lábios e resseca minha pele. Mas me deixam com dor de cabeça e baixam minha imunidade. E sempre haverá o momento de sair destes ambientes quentes, mas artificiais, e encarar a realidade da rua. Aliás, rua, o lugar onde muitos dormem. No inverno sempre haverá isso para pensar enquanto eu estiver me renovando em um banho quente.
Tenho consciência de como estou sendo chato e queixoso. Talvez outras coisas estejam me incomodando até mais do que esta massa de ar frio. Sim, é possivel que eu esteja projetando minha insatisfação geral com a vida numa única estação mas, creio que a deliciosa meia-estação tornaria tudo mais ameno. Ah, o outono e a primavera...
Enquanto eu viver vou gostar de todas as estações, afinal elas compõem este bem maior chamado vida, porém, sempre terei preferência pelas meias-estações.
As estações de extremo - verão e inverno - duplicam minha já difícil tarefa de ter que que viver tudo com intensidade sem perder o equilíbrio.

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