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Os donos da cidade

Por Grayce Guglielmi Balod 30/01/2019 - 19:35 Atualizado em 30/01/2019 - 19:45

Toda cidade tem dono.

Um dono para cada assunto.

Vários donos, a maior parte, em cargos vitalícios e hereditários.

Tem, por exemplo, o prefeito e o grande empreendedor, como em todas as cidades.

Com isso a gente se acostuma.

Tem os donos de clínicas, escritórios e instituições - gente que tornou-se dona de seu espaço com muito esforço e trabalho.

E isso é muito bacana.


Vejam a nossa cidade, aqui tem muita gente legal.

Tem gente inteligente - no sentido mais bonito e abrangente da palavra.

Tem gente solidária - fui testemunha disso todas as vezes em que precisei de solidariedade.

Tem gente que faz a cidade ficar mais bonita - gente que enfeita a vida com arte e poesia.

Tem gente que é gente, "gente que só se veste de si mesma". E fica linda assim.

Tem muita gente legal aqui, diga-se de passagem.

Mas também tem gente que não é dono de nada, mas se comporta como se fosse dono de tudo e todos.

Esses são os "donos da cidade".

 

Tem os donos da beleza. Donos da moda. Donos da informação e da notícia. Donos do conhecimento. Donos das riquezas naturais - como se isso fosse possível.

Tem gente, acredite, que é dono da vida dos outros.

Os donos ditam a moda, o peso ideal, a cor e o corte de cabelo.

A opinião dos donos é a palavra final.

E com isso não dá pra se acostumar.


Analise a relação entre os donos da cidade e seu grau de poder aquisitivo.

Perceba que há donos com grana e sem grana.

O que torna mais dificil entender como chegam ao "poder".

Não há eleições diretas.

Mas, uma vez no poder, os donos da cidade são agraciados com muita bajulação por boa parte dos seus conterrâneos.


Há também uma relação de posse entre algumas pessoas com a cidade.

Não aquele amor à terra natal muito natural e compreensível.

Algo mais para "ame-a ou deixe-a". Em outras palavras: aceita ou vaza.

É difícil discordar das regras dos donos da cidade e permanecer jogando.

Só os fortes conseguem.

Muitos fraquejam... Sucumbem.


Não escrevo este texto para os donos da cidade.

Escrevo para as centenas de pessoas que conheço - e deve haver milhares - que não mandam em nada. Que não são donos de coisa alguma, a não ser de si mesmos e de suas vidas.

Gente maravilhosa que resiste bravamente.

Desconheço seus meios de sobrevivência. 

Talvez sejam mais 'desligados' e nem percebam o que eu percebo.

Ou, talvez, acharam maneiras de driblar as - muitas - ditaduras impostas.

 

Uma das estratégias deve ser não bater de frente com essa gente.


Há muitos anos eu ouvia a Daniela Mercury cantando:

"O canto dessa cidade sou eu, o canto dessa cidade é meu!" 

E eu ficava pensando - como é que pode!?

Como pode tamanha arrogância e prepotência? Se intitular a dona do canto de Salvador?

Hoje vejo que a unica diferença entre ela e outros donos do canto da cidade é que ela gritava para quem quisesse ouvir.

Os "donos das cidades" são mais discretos.

Mas seguem arrastando multidões nos seus trios elétricos invisíveis.

 

A boa notícia é que cabe a você, querido leitor, decidir se irá segui-los.

 

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