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Opiniões que ninguém pediu sobre assuntos que não interessam

Por Grayce Guglielmi Balod 08/01/2019 - 19:30 Atualizado em 08/01/2019 - 19:31

Sinto prazer em falar de mim, da minha vida, das minhas coisas.

Talvez eu seja um pouco egocêntrica ou narcisista.
Mas, em tempos de redes sociais, quem nunca?

Não tenho problema em admitir isso.

Falar sobre meus dias e noites, meus relacionamentos e isolamentos, minha realidade e percepções, meus medos e coragens; personifica-me e faz com que eu veja a mim mesma como algo passível de ser transformado.

O que falo, modifica-se.

O que calo, consolida-se.

E nada em mim é para ser consolidado.

Sou um vir a ser.

 

Já falei de mim para outras pessoas, quaisquer pessoas.

Até bem pouco tempo falava para quem quisesse ouvir.

Atualmente estou mais reservada.

Escolho criteriosamente as pessoas para as quais vou falar.

Há vezes em que escolho os assuntos e as pessoas. 

Determinados assuntos falo para determinadas pessoas.

Aprendi que posso falar tudo para todos. Mas nem todos podem ouvir tudo o que falo.

Calar foi uma atitude de respeito para com estas pessoas e comigo mesma.

 

Já vivi momentos nos quais quis falar com alguém e não havia ninguém disponível a minha volta.

Mas isso não foi tão ruim.

Meus piores momentos foram aqueles nos quais me fechei, nos quais renunciei ao meu sagrado direito de compartilhar.

Quando isso acontece invariavelmente recorro a outras maneiras de me expressar.

Há vezes em que me expresso cuidando dos outros. Cuidando de mim: Organizando minha casa. Arrumando minhas coisas. Lendo. Assistindo a um filme. Caminhando por lugares desconhecidos. Saindo à rua e fotografando tudo o que desperta o meu interesse. Brincando com um animal de estimação. Tomando um café. Observando a vida da janela. Inventando algo. Fazendo um bolo. Fazendo a sobrancelha. Fazendo qualquer coisa que me faça consciente, presente.

Mas há vezes em que tudo é enfadonho e, quando isso ocorre, minha conexão com o mundo enfraquece.

São dias em que a vontade desaparece e eu preciso de muita força para realizar as minimas tarefas do cotidiano.

Sempre e somente quando volto a falar de mim, me expondo de alguma forma, sinto-me conectada ao mundo que me cerca.

E quando volto a falar de mim, não importa se estão todos ocupados demais e sem um minuto sequer para me ouvir.

Porque quando falo de mim eu estou presente, importo-me comigo e com meu bem estar e sou minha ouvinte mais atenta.

Em nenhum outro lugar e em nenhuma outra pessoa encontrei maior acolhimento do que em mim mesma.

 

Por isso escrevo. 

Escrevo para conversar comigo.

Escrevo para me sentir totalmente livre. 

Sem limite para a autenticidade, a  honestidade, a sinceridade, o desprendimento e a transparência.

Escrever é, acima de tudo, um gesto de confiança para com a pessoa que sou hoje.

E o que é melhor; só lê o que escrevo quem realmente quer saber o que eu penso.

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