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Pioneiros médicos em Criciúma

David Luiz Boianovsky (DLB), primeiro pediatra
Por Henrique Packter 31/07/2023 - 15:08 Atualizado em 31/07/2023 - 15:09

David Boianovsky durante sua vida profissional brilhou em várias esferas da atividade humana: foi pediatra e nutrólogo de sucesso em Criciúma onde implantou o projeto SATC, em 1959, responsável por nos colocar dentro de números civilizados no que diz respeito a Taxas de Mortalidade Infantil (TMI), se é que se pode falar em números civilizados quando se trata de expor tal assunto.  Lecionou na UnB,  trabalhou na Secretaria de Serviços Sociais de Brasília, como Consultor do Banco Mundial, no Ministério do Trabalho e Emprego do Brasil, entre outras atividades. Pode-se dizer que foi herói, salvando incontáveis vidas de filhos de mineiros, trabalhadores na indústria da extração de carvão mineral e, mais tarde, residindo em Brasília, capital federal, criou em 1976 o PAT, programa de alimentação do trabalhador, hoje assistindo mais de 24 milhões pessoas de baixa renda.

E dizer que personagem desse quilate está hoje praticamente esquecida!

DLB em CRICIÚMA

BOIANOVSKY e eu, em Criciúma, compartilhamos carreira médica por onze anos, ele como pediatra e nutrólogo (1957) e eu como Oftalmologista e Otorrinolaringologista (1960). Naquela época era assim mesmo, nos especializávamos em olhos, ouvidos, nariz e garganta. Hoje o vasto campo das duas especialidades está cindido em várias subespecialidades. 

Jovem acadêmico da Bahia, que coletava dados para escrever sua tese de mestrado, constatou quase não haver mais dados sobre o trabalho de DAVID LUIZ BOIANOVSKY no Ministério do Trabalho, em Brasília. Nem no Museu do Trabalhador Leonel de Moura Brizola. Do PAT, elaborado no Ministério do Trabalho, hoje atendendo mais de 24 milhões de brasileiros, quase ninguém lembra o autor.

O apelo que este trabalho traz embutido é de não deixar cair no esquecimento personagens quem tanto fizeram em benefício de nossa cidade e do país. FRANCISCO DE PAULA BOA NOVA JÚNIOR, MANIF ZACHARIAS e DAVID LUIZ BOIANOVSKY merecem ter seus nomes perpetuados em ruas, avenidas ou prédios públicos de nossa cidade, como reconhecimento e exemplo de trabalho dignificante para as gerações futuras. O esquecimento já ronda seus nomes e seus trabalhos.

Se enxerguei mais longe foi porque me apoiei sobre os ombros de gigantes (Isaac Newton)

DA OBRA DE PIONEIROS

Administrado pelas Irmãs Escolares de Nossa Senhora, o Hospital São José em 1950 (Criciúma, 51 mil habitantes), 14 anos operando, único hospital citadino, detinha 30 leitos e nove médicos! Havia 6 outros profissionais na cidade. Investimentos nos anos 50, triplicam a capacidade do hospital para 90 leitos, número ainda insuficiente para nossas necessidades.  Segundo Boa Nova Júnior (1953), o mínimo aceitável para tal população, seria 500 leitos, dez para cada mil habitantes, déficit de duzentos e dez leitos.

O problema foi sanado parcialmente pela construção da Ala dos Mineiros disponibilizando mais 54 leitos (15 para enfermaria masculina, 18 para uma ala feminina e 21 para maternidade. CEPCAN, 1956).

O sanitarista do DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral) Boa Nova Junior, chegado em 1944 (Criciúma, 28 mil habitantes), foi o primeiro médico a denunciar nossas elevadas TMI. Relatou ao DNPM a calamitosa situação, apontando medidas que poderiam contribuir para reverter tal quadro, em 1944:

“(...)principais causas deste elevado índice de mortalidade infantil (...) vitimando principalmente crianças de 0 a 1 ano de idade: doenças gastrointestinais (salmonelose e disenterias amebiana e bacilar, entre as mais frequentes), doenças respiratórias (pneumonia e broncopneumonia, bronquite capilar, crupe, coqueluche e gripe), doenças infectocontagiosas em geral, e, sobretudo, subnutrição”.

BOA NOVA JÚNIOR ELABORA DIAGNÓSTICO

Considerou más as condições nas Vilas Operárias:

1.Falta de água tratada, 2. Falta de rede coletora de esgoto, 3. Longas jornadas de trabalho na mina, 4. Carência de alimentos básicos, 5. Baixos salários, 6. Assistência médica deficiente, 7. Más condições de trabalho, 8. Falta de mecanização das minas, 9. Acidentes constantes, 10. Vulnerabilidade dos operários expostos às doenças urbanas, 11. Desrespeito à legislação trabalhista.

O DNPM (extinto em 1962), diante do parecer, vai captar água no rio São Bento, menos poluído que o Mãe Luzia.

Degradação ambiental, falta de zelo e preparo das mães pelo bem-estar dos pequenos, falta de sistema básico de saneamento e distribuição de água potável, tratamento deficiente ou inexistente dos dejetos humanos e animais, energia elétrica ineficiente e rudimentar -, eram os vetores para a disseminação de doenças infectocontagiosas entre crianças, vinculadas à elevada TMI local. Problemas ambientais fazem da nossa Bacia Carbonífera, Área Crítica Nacional. O crescimento urbano revelava nossas más condições de saúde, muitas crianças morrendo diaria mente, poucos médicos, estrutura de assistência médico-social ineficiente, precária estrutura de controle da higiene pública.

(Continua na próxima semana)

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