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Orides Barbosa Domingos, o Tico, um mineiro

Por Henrique Packter 13/07/2021 - 12:30 Atualizado em 13/07/2021 - 12:31

Na mineração do carvão, todo mundo tinha apelido. Quando nosso zelador no prédio do Condomínio Centro Médico São José era o nosso bom amigo NESTOR, recebi em meu consultório a visita de HENRIQUE SALVARO. Quis saber:

-O que é que o AGACHADINHO faz aqui?

- Quem é Agachadinho?

Pois não é que ambos se conheciam da época da mineração, cada qual com seu apelido! Nunca perguntei qual era o apelido de SALVARO...

Pois Orides Barbosa Domingos, era mais conhecido por Tico, apelido usado pelos amigos da mineração. Nascido em Lauro Muller, SC, em 29.12.1942, era o segundo filho de Emanuel João Domingos e Pedra Barbosa.

Desde muito cedo e ainda muito pequeno começa a se ocupar dos afazeres da casa, primeiro com os animais no campo depois com a lavoura, com a tafona, alambique, agrimensura e por último a mina.

Sempre gostou de estudar, interessava-se pela matemática, história, geografia. Vontade não lhe faltava, concluiu a quinta série elementar. Para prosseguir nos estudos deveria transferir-se para Orleans, onde cursaria o ensino médio. 

Morando em Guatá, interior de Lauro Muller, faltavam-lhe meios e coragem para deixar a casa paterna. Por isso, aos 18 anos, começa a trabalhar na mina como apontador de horas. Nos finais de semana, juntamente com o pai e irmão mais velho, mediam terras para os colonos da região. Orides observa, no trabalho de apontador na mineração, que os mineiros ganhavam por horas trabalhadas e muitos tinham um bom salário. Decide-se, ele também, a ingressar no ramo da mineração no subsolo.

Trabalhava como mineiro e nas suas horas de folga media terras. Projeta então sua vida, faz um programa de vida: uma vez que os mineiros se aposentavam com apenas 15 anos de trabalho, um de seus objetivos era, após aposentar-se, abrir escritório de agrimensura.

Entre os 19 e 20 anos, numa festa de Santa Bárbara, 4 de dezembro de 1961, em Barro Branco, Lauro Muller, conhece Antonina Elvanir Luciano, que um ano e meio depois, em 12 de janeiro de 1963, se tornaria sua esposa. Ela era filha de João Antonio Luciano, escrivão de Paz do Guatá e de Esmênia Nunes Luciano, dona de casa e costureira muito caprichosa e afamada. Tico e Vaninha eram conhecidos como o casal alegria, onde chegavam faziam festa, foram convidados para batizar mais de 39 criaturas de Deus, sem contar casamentos onde eram testemunhas de parentes e amigos. Devagar compraram casa, tiveram o primeiro filho, nascido um ano após o matrimonio e batizado com o nome de Gelsom. Depois de cinco anos veio Carmosélia.

Tinham, então, um casal de filhos e a vida continuava, entre trabalho na mina, finais de semana com piqueniques, pescaria e caça com os amigos. Vânia se dividia entre suas tarefas de casa, seus bordados, costuras e ser mãe. Eles eram muito engajados na comunidade, entre grupos de oração e organização das festas juninas do clube 13 de maio. Nos raros momentos livres, Orides lia horas a fio a CLT (Consolidação da Legislação Trabalhista) no Sindicato dos Mineiros. Passados alguns poucos anos começa a organizar o tão aguardado momento da aposentadoria, quando poderia dedicar-se à sua paixão, a agrimensura.

Seu pai, Manuel João Domingos, havia presenteado a ele e seus irmãos com aparelho e ferramentas necessários para realizar os trabalhos de medidas e divisões de terra. Porém, nem todas as rosquinhas saem com os buracos iguais. No dia 12 de fevereiro de 1975 em manhã normal como todas, ouviu-se soar a sirene da Mineração Barro Branco, o famoso “planinho”. Era o sinal para os moradores da comunidade de Guatá que, infelizmente, acontecera um acidente. As mulheres, corriam para as janelas e para as ruas, na expectativa de que alguém viesse dar notícias sobre as vítimas. As perguntas que se faziam, entre elas “quem seria?”ou qual seria a família tocada por infortúnio no trabalho? Vânia vê, então, entrar em casa o farmacêutico Roberto que viera dar a notícia: o Orides, “Tico”, tinha sofrido um acidente, a mina explodira e estava sendo levado para Urussanga. Na ambulância, seu sogro João o acompanhava. Com eles, também, o amigo e companheiro de trabalho, o Luís da “Otília”, também acidentado. Dalí, foram levados a Criciúma, onde havia ortopedistas e oftalmologistas. (Cont.:)

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