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Adolpho Bloch, um gráfico

Por Henrique Packter 25/01/2021 - 15:08 Atualizado em 25/01/2021 - 16:48

A TV MANCHETE

Comunicação eletrônica nunca foi objetivo de Adolpho Bloch, empresário e jornalista. Contudo, em 1980, ele e o sobrinho Pedro Jack Kapeller, lançam a Rede Manchete de Rádio FM, com 5 emissoras pelo Brasil e a Rádio Manchete AM, no RJ,  12 anos após a morte de  Assis Chateaubriand, o rei da comunicação no Brasil (1968). Investir numa rede de televisão não fazia parte dos projetos ou prioridades  de Bloch. Queria, sim, continuar aplicando na editora e realizar o projeto de fabricar latas de alumínio.

Em 1981, os irmãos Adolpho e Oscar Bloch e sobrinho Pedro Jack Kapeller recebem as 4 concessões, antes pertencente à Rede Tupi. Em 5.6.1983,  depois de vários adiamentos, inauguram a Rede Manchete. No mesmo ano, Adolpho compra a Rádio Clube do Pará, que conserva por quase 10 anos (1992). Inaugurado o canal de TV, o primeiro filme exibido pela emissora, após a inauguração foi Contatos Imediatos do 3º grau, do cineasta judeu Steven Spielberg. Colocou a Manchete na liderança da audiência  com 27 pontos, contra 12 da Globo. A primeira novela produzida pela Manchete foi A Marquesa de Santos, (1984), mas o grande sucesso foi Pantanal (1990).

Primeiros 7 anos são de sucesso, culminando com a apresentação das novelas Kananga do Japão (de ideia original sua) e O Pantanal. Problemas de gerenciamento influem na programação; obriga-se a vender a rede de televisão a grupo paulista.

A IBF assume a Rede Manchete, gestão cassada pela justiça. Adolpho recebe de volta o encargo de rede nacional, com os salários dos funcionários atrasados 6 meses. Pede tempo aos empregados, normaliza em 4 meses o pagamento da folha, mas o esforço de caixa continua repercutindo na programação.

Luta para equilibrar receita e despesa. Conseguindo esse equilíbrio, lança a novela, Tocaia Grande, construindo cidade cenográfica em Maricá (RJ) por R$ 2 milhões.

BLOCH EDITORES

Da fundação a meados da década de 1970, a Bloch Editores tinha sede na rua Frei Caneca, centro do Rio. Em 1968, inaugura a nova sede da sua editora, na Praia do Russel (zona sul do RJ), com 3 prédios projetados por Oscar Niemeyer. Ali funcionam as redações do grupo, emissoras de AM e FM, teatro, museu, restaurantes, piscina, salões de recepção, ambulatório. JK ganha escritório no local.

Sábado, 26.4.1952 surge nas bancas do RJ a revista Manchete, capa impressa em cores que a destacam. Enfrentaria a forte concorrência da revista O Cruzeiro, dos Diários Associados, líder no segmento, mas Bloch confiava haver espaço para mais uma revista semanal de variedades.

A logomarca da Manchete chamava a atenção: o M inicial em amarelo, os demais caracteres, em preto, tudo sobre um fundo vermelho. Atuando por cerca de 30 anos no ramo gráfico, a família Bloch inovou combinando modernas técnicas editoriais com os recursos de seu atualizado parque industrial.

A revista apostava no fotojornalismo,  combinação entre fotografia e narrativa jornalística. Com o tempo, Manchete ficaria conhecida também por sua proximidade com o poder, ensinamento de Chatô, precursor deste figurino e pioneiro a trilhar estes caminhos.

Lema da revista: Aconteceu, virou Manchete. As matérias versavam  sobre variedade de temas: esporte, celebridades nacionais e mundiais, grandes acontecimentos, política, moda, concursos de beleza, tragédias e inovações científicas, além de colunas sociais. Criou colunas autorais, como O episódio da semana, (Sérgio Porto, o Stanislau Ponte Preta) e Meu personagem da semana (Nelson Rodrigues).

Em fevereiro de 1953, Manchete publicou, quarta-feira de cinzas, uma primeira edição especial sobre o carnaval do RJ, com reportagens sobre desfiles das escolas de samba, bailes cariocas mais concorridos, tudo ilustrado por grandes fotos coloridas. Desde então, o Brasil aguardaria o fim do carnaval para ler (e ver) a cobertura da revista.

Destaques: em 1954, no atentado contra o jornalista Carlos Lacerda, Manchete abriu espaço para um dos principais críticos do presidente Getúlio Vargas, o brigadeiro Eduardo Gomes, da UDN. Afinal, seu grupo poderia subir ao poder se a crise levasse à renúncia de Vargas. Edição tiritando no prelo quando Bloch sabe do suicídio do presidente. Paralisa as rotativas e troca a capa. Críticas dão lugar a rasgados elogios ao presidente morto que naquele momento era chorado pelo povo revoltado nas ruas. À noite, a edição se esgota.

A partir daí, a cobertura política de Manchete, comandada por Bloch, faz da revista veículo de propaganda governamental. Bloch reequipa o parque gráfico e cria novas revistas: Fatos e Fotos, Joia, Pais e Filhos, Ele e Ela, Desfile, Amiga, Sétimo Céu, Manchete Esportiva, Os Trapalhões e outras. 4.639

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