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Máximo produto necessário

Edição 053 do Toda Sexta
Por Arthur Lessa 01/10/2021 - 10:36 Atualizado em 01/10/2021 - 10:37

Tudo no mundo evolui. Tem que evoluir. É consenso.

Dizem que o tempo da era da internet corre mais rápido.

“Quem não inova, fica pelo caminho” é quase um mantra.

E vemos isso em todos os cantos.

Carros se dirigem sozinhos. O aspirador de pó vai passeando pelo cômodo quando, como e onde bem entender. Reuniões são feitas em vídeo. Fotografias e filmagens são feitas pelo telefone.

O mundo de hoje não é o mundo 15 anos atrás.

Muitos dos produtos de lá não se encaixam na realidade de cá, como escrever mensagens pelo teclado numérico de um celular sem tela de toque. A simples mensagem de “estou atrasado” demandaria o esforço de “discar” 3377778666880287772777723666 (entendedores entenderão).

Por outro lado, tem produtos que lembram filmes de ficção científica, daqueles que um ser congelado há séculos é reanimado e volta à vida em um mundo mais moderno.

Esse é o caso do Show do Milhão, ressuscitado pelo SBT em parceria com o PicPay.

Quem me falou que o programa tinha voltado, depois de 18 anos de hibernação midiática, foram os algoritmos do YouTube.

Olhei aquela thumb e pensei: “Legal... Vou ver como adaptaram o programa pra realidade atual”.

Estamos falando de uma atração que foi veiculada de 1999 a 2003, numa época em que celulares começavam a se popularizar, mas praticamente sem internet e sem nenhum esboço de rede social. Facebook foi fundada em 2004, abrindo para o público geral em 2006, mesmo ano em que foi ao ar o Twitter. O Whatsapp foi lançado em 2009. O Instagram em 2010. TikTok em 2016.

Essas plataformas, e outras tantas similares, são parte da vida do cidadão comum. São a base da comunicação de algumas gerações de consumidores. (Conheço pessoas de 7 a 87 anos ligadas nas redes)

Com essa contextualização, qual não foi minha surpresa ao ver que a única mudança do Show do Milhão foi o apresentador. Silvio Santos deu lugar a Celso Portiolli. E nem foi tanta mudança assim, já que Portiolli é a versão 2.0 mais precisa que o dono do SBT poderia ter.

Reanimado, mas não remodelado

O terno, a entonação, os movimentos das mãos, as frases repetidas em eco, as perguntas padrão,... Tudo em Celso Portiolli é igual ao que Silvio fazia há 20 anos.

“Ah, mas a dinâmica do programa deve ter sido atualizada...”

Não!

Tirando o processo de sorteio, baseado em transações feitas pela conta da fintech Pic Pay, patrocinadora da atração, o resto é igual. Tiraram o roteiro da gaveta, olharam pro Celso e disseram “vai!”.

Eu comparei. E fiquei impressionado!

Os candidatos ao prêmio ficam na plateia aguarda seu número ser tirado de uma urna. Cada um que sai sorteia o próximo.

Em caso de dúvida, existem possibilidades. Uma delas é apelar aos universitários, que seguem presentes e prontos para responder qualquer questão. Outra opção são as cartas, que seguem sendo físicas e gigantescas. A terceira opção é contar com os “colegas do auditório”, que levantam placas que seus palpites.

E o melhor é que, parando pra pensar, eu mesmo não consigo apontar melhorias para o Show do Milhão. O modelo segue perfeito pra ele.

E esse é o ponto aqui... Num mundo que anseia pela permanente inovação dos negócios, dos produtos e dos processos, o Show do Milhão ressurge depois de duas décadas e é um exemplo de que quando um produto é o melhor que pode ser, nada se deve fazer além de manter a receita.

Se o Show do Milhão fosse uma caneta, seria uma Bic (foto).

A melhor caneta do mundo

Você pode não acreditar, mas a mais comum (e talvez mais barata) das canetas é um case de inovação, tecnologia e design. Montblancs não tem chances contra ela.

Em 1950, o francês Marcel Bich adquiriu (e melhorou) uma tecnologia patenteada há pouco mais de 10 anos de uma caneta com uma bolinha na ponta (por isso esferográfica) para melhorar a distribuição da tinta pelo papel.

Uma das melhorias foi o furinho que vemos no cabo, ou na ponta oposta à da escrita, que serve para igualar a pressão de dentro e de fora da caneta, evitando que ela explodisse ou vazasse, algo que era muito comum com outros modelos.

 Que coisa, não?

Duas histórias bem diferentes, de um programa de televisão (e YouTube hoje) e uma caneta. Mas com um mesmo conceito:

Procure sempre melhorar o seu produto, mas tenha em mente que em algum momento ele pode chegar ao seu ponto ótimo.

Se temos, ao falar de startups, o Produto Mínimo Viável (MVP em inglês), por que não aceitar que podemos ter um Máximo Produto Necessário?

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