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Corrida espacial 2.0

Por Arthur Lessa 22/07/2021 - 18:11

Me peguei pensando nisso nessa semana se não estamos assistindo a uma versão 2.0 da Corrida Espacial, sendo que a primeira edição foi protagonizada por Estados Unidos e União Soviética, as duas grandes potências do período seguinte à 2ª Guerra Mundial.

À época o objetivo era imprimir os máximos esforços para superar o outro. Enquanto Iuri Gagarin colocou os soviéticos na dianteira ao ser a primeira pessoa a viajar pelo espaço, em abril de 1961, foram os norte-americanos que levaram o homem à Lua, com Neil Armstrong e companhia em julho de 1969.

Mais de meio século depois, testemunhamos a cores e pela internet, em menos de 10 dias, dois famosos bilionários também levando ao espaço suas ambições. O primeiro foi o britânico Richard Branson, do Grupo Virgin, que teve sua nave VSS Unity “carregada” por um avião até entrar em órbita, onde permaneceu por cerca de 20 minutos e desceu planando de volta à sua base espacial (construída para fins comerciais). Estavam com ele dois pilotos e quatro especialistas. A viagem aconteceu no dia 11 de julho.

Nove dias depois, o americano Jeff Bezos, fundador da Amazon e homem mais rico do mundo, foi parabenizado pelo próprio Branson ao decolar do Texas com um foguete autônomo (sem piloto) e orbitar a Terra por cerca de 10 minutos. Estavam com ele o irmão Mark Bezos, Wally Funk (pioneira do setor aeroespacial de 82 anos) e Oliver Daemen (estudante de física de 18 anos), respectivamente as pessoas mais velha e mais nova a viajar ao espaço.

Várias semelhanças, não?

Primeiramente o fato de estarmos tratando de duas potências. Ao contrário do embate dos anos 60, quando o clima era bélico e as potências eram nações, agora acompanhamos grandes forças financeiras e privadas. Branson tem fortuna avaliada em cerca de US$ 4,3 bilhões, enquanto Bezos acumular patrimônio que supera os US$ 200 bilhões. Ambos podem ser chamados de self-made man, como são chamados aqueles que construíram com os próprios esforços suas fortunas. E por aí vão as semelhanças.

E nem coloquei na conversa o sul-africano Elon Musk, CEO da Tesla e fundador da SpaceX, que já vem lançando foguetes não tripulados há tempos. A disputa na verdade é um triângulo.

Voltando ao período da Guerra Fria, muitos se perguntam por que motivo, depois de chegar na Lua, não fomos (ou a Nasa) mais longe? Depois de tanto esforço para chegar lá, por que se dar por satisfeito?

Ao que tudo indica, o que acontecia era uma guerra de egos. Eram dois machos-alfa medindo forças, trocando ameaças, mostrando suas armas (muitas vezes armas mesmo). Além disso, as pesquisas e desenvolvimento dos foguetes eram extremamente custosos aos cofres públicos.

Agora, pelo que é divulgado, as viagens que assistimos não são o fim em si mesmas, mas o início de planos ambiciosos, mesmo que diferentes.

A Virgin Galactic tem objetivo de trabalhar como uma companhia aérea. Seu voo decolou de uma pista aeroespacial construída por ele mesmo para fins comerciais. Dali devem partir cerca de 400 voos espaciais com passageiros pagantes por ano. Além disso, a Virgin estuda os voos suborbitais para transporte de carga.

Com a Blue Origin, Bezos já adentra mais no que hoje ainda nos soa como ficção cientifica: junto à Nasa, construir assentamentos humanos permanentes na Lua, que orbita a 384 mil quilômetros da Terra.  

Já Musk tem planos parecidos, mas olha mais longe. O objetivo da SpaceX é colonizar Marte, que está a uma distância de cerca de 230 milhões de quilômetros.

Se e como estas três frentes vão evoluir, só o tempo dirá. Mas estamos vendo a história ser escrita. E, diferente de antes, os projetos atuais contam com tecnologia mais avançada e recursos financeiros que não são públicos, não vem de impostos pagos por nenhum povo.

E, se cada um gasta seu dinheiro como quer, melhor viajar para Lua que se empanturrar de caviar e Don Perrignon, não acham?

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