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Um milico que fui, nuns tempos saudosos, ainda me povoa os sonhos

Por Redação 12/11/2022 - 07:00

Algumas conquistas ou caminhos da vida nos dão orgulho. Um deles, pra mim, foi ter a honra de servir ao Exército. Um ano de prestação com consequências eternas: disciplina, integridade, hábitos saudáveis, visão humanística, saúde mental e física.

Seriam oito meses, esticados para um ano (junho a junho, entre 1963 a 1964) em virtude da Revolução. Pra alguns, golpe; pra outros, movimento militar. Nem me importa o apelido a quem interessar possa. Façam bom proveito de suas idiossincrasias. Minhas vivências da época foram singulares, sendo desimportantes as qualificações.

Sair pelo Estado em grupamentos, como saímos, cumprindo missões superiores, nem sempre em condições ideais. Mas sempre, isto sim: SEMPRE superando os óbices apresentados e se adequando aos momentos e às circunstâncias. Dormindo em chãos de cimento duro, solo úmido, sob chuva, vento e frio, com longos períodos indormidos. Porém com as atenções voltadas à consciência do cumprimento do dever. Estávamos ali para isso. 

Lá se via e ouvia de tudo. Fazia-se graça, descontraia-se, viviam-se tensões, aprendia-se a comer o que tinha, nem sempre com a higiene hoje tão decantada e imposta. 

Levantar cedo, tomar banho frio – inverno ou verão – vestir-se rapidamente, não deixar botões expostos e “fora da casinha” (considerava-se o soldado nu quando um botão estava fora da casa): “Soldado, você está nu!”, exclamava o sargento. Podia-se olhar: em algum lugar havia um botão desabotoado. 

Até hoje, quando necessário, meus sapatos são por mim engraxados. Barba jamais a trato em barbearias. Minha roupa, tirada do guarda-roupa e um bocadinho amassadinhas aqui e ali, eu mesmo as passo a ferro. No Exército, lavávamos nossas roupas, enxugávamos e passávamos. Se quiséssemos e gostássemos. Porque mordomia passava longe.

Uma saudade imensa daquela época. E uma lembrança de arrependimento: cabo recruta bem comportado, com Menção Honrosa ao final do cumprimento do serviço, fui convidado a engajar. Disse-me o comandante da Companhia, o Capitão Carlos Augusto Caminha que, engajado, me mandaria para a Quinta Região Militar, em Curitiba e, lá, seria promovido facilmente e seguiria uma carreira boa. Ele gostava da minha disciplina. Não quis. 

O arrependimento me açoita até hoje.

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