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Febre amarela - aumento dos casos em SC e a necessidade da vacinação

Por Dr. Renato Matos Edição 17/12/2021

Neste ano, o estado de Santa Catarina soma 625 casos suspeitos de febre amarela em macacos, dos quais 137 foram confirmados. 

Em relação aos humanos, houve o registro de oito casos, com três óbitos - todos em não vacinados.

Aqui por perto foram confirmados casos de morte de macacos por febre amarela em São Martinho (8), Urussanga (5), Rio Fortuna (5), Santa Rosa de Lima (3) e Braço do Norte (1).

Hoje, a febre amarela é uma doença basicamente silvestre, adquirida quando as pessoas entram no habitat dos macacos - que não causam a doença, apenas são hospedeiros do vírus, transmitido aos humanos por picadas de mosquitos.

Apesar do desconhecimento do vírus – os instrumentos da época não apresentavam acurácia para detectar esse agente - a hipótese que o “veneno da febre amarela” era transmitido por mosquitos foi inferida pelo médico cubano Carlos Juan Finlay, em 1881.

Na época, Cuba era uma colônia espanhola e apresentava surtos recorrentes da doença.

Finlay chegou a sua conclusão de forma totalmente antiética dentro dos padrões atuais. Fazia com que mosquitos picassem pessoas doentes e depois selecionava “voluntários” para serem atacados pelos mesmos mosquitos.

Os achados do médico cubano não foram levados em consideração até 1898, quando os Estados Unidos intervieram em Cuba, que passou a ser tutelada pelos norte-americanos.

O patologista das forças armadas, Walter Reed, que foi enviado para “higienizar” Havana, repetiu o trabalho de Finlay de forma mais controlada (também sem preocupações éticas) e comprovou que realmente o mosquito era o vetor da febre amarela. 

Sua teoria foi seguida pela recomendação de controlar a população dos mosquitos como forma de dificultar a propagação da doença.

Entre outros sucessos, sua teoria conseguiu fazer deslanchar a construção do Canal do Panamá pelos americanos - até então, cerca de 10% dos trabalhadores morriam de malária e febre amarela a cada ano.

Walter Reed tornou-se um herói nos EUA. 

O Centro médico que leva o seu nome é dos mais renomados no país – e foi para onde o ex-presidente Donald Trump foi levado quando infectado pelo SARS-CoV-2, em outubro de 2020.

Em humanos, a febre amarela oscila de formas assintomáticas a quadros graves e fatais. Estes acometem entre 15% e 60% das pessoas com sintomas – morrendo entre 20% e 50%.

Como é comum entre as doenças virais, não há tratamento específico.

A vacinação é a medida mais importante para prevenção e controle da doença. 

A vacina, que foi desenvolvida em 1937, é segura e altamente eficaz (90% a 98%).

Para fazer inveja às eficientes vacinas contra a Covid, o esquema de imunização consiste em uma única dose, administrada a partir dos 9 meses de idade.

Diversos países exigem a comprovação da vacinação, pelo menos 10 dias antes da viagem - o “passaporte febre amarela”. 

Sem ele, não passam pela alfândega.

Não temos o hábito de pensar nessa doença. Muitos nem sabem que há vacinas. Não são obrigatórias, mas importantes com casos aparecendo a nossa volta.

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