Com apenas nove anos, Maya Alves Silva já soma dois livros publicados e um talento literário que emociona e motiva. A escritora mirim lança, nessa quinta-feira (29), às 9h, no Auditório Edson Rodrigues, da Unesc, sua mais nova obra: Coração. O livro tem o selo da Editora Unesc e o apoio do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (Neabi) da Universidade.
"Eu sinto muito orgulho de estar sempre escrevendo livros e espalhando as mensagens que eles trazem. Sempre sonhei em escrever um livro e me sinto muito honrada por já ter escrito dois. Eles passam mensagens importantes e fico muito feliz em saber que muitas crianças gostam, leem e se sentem acolhidas com o que escrevi", revela Maya, que vive em Criciúma desde os três anos.
A obra Coração nasceu do sonho da autora em se tornar cardiologista para curar o coração do avô. A história foi escrita em um fim de semana e ilustrada por Maya com aquarelas feitas ao longo de um mês. O desejo da pequena autora é que o livro toque os corações de seus leitores e os inspire a sonhar.
Influência positiva em casa
Maya teve seu primeiro contato com a literatura aos oito anos, diretamente influenciada pela mãe, Paula Sandra Alves Silva, professora de Espanhol. "Eu estava escrevendo meu livro Alguns Mundos, e ela pediu para escrever o dela, o seu primeiro livro: A Negrinha do Sorriso Mágico, que aborda o racismo na escola", conta Paula, que também traduziu a obra para o espanhol.
A professora e coordenadora do Neabi, Normélia Ondina Lalau de Farias, acompanha Maya desde o lançamento de sua primeira obra e se diz admirada pelo talento da menina.
"Além da capacidade nata para a escrita, o que mais me chamou atenção foi a sensibilidade com que ela trata temas tão profundos. Desde o primeiro livro, ela passou a conversar com colegas e outras turmas, trazendo à tona reflexões importantes sobre as relações étnico-raciais. Ouvi-la falar sobre preconceito e respeito é algo realmente tocante, especialmente para alguém da sua idade", destacou Normélia, ressaltando o papel essencial da Universidade nesse diálogo com a comunidade.
"Contamos com total apoio da reitoria e a Editora da Unesc tem sido uma grande parceira, não apenas nas publicações, mas também na valorização dos lançamentos de autores e autoras negras", completou ela, que atuou diretamente na articulação e nos encaminhamentos para que a obra se tornasse realidade.
O incentivo da Editora Unesc
Criada oficialmente em 18 de abril de 2002, a Editora Unesc (EdiUnesc) cumpre, desde então, a missão de divulgar a produção intelectual e científica da Unesc, abrindo também espaço para obras da comunidade regional e tem se adaptado às novas demandas do mercado e ampliado a atuação.
Para o editor-chefe da Editora Unesc, professor doutor Dimas de Oliveira Estevam, o papel de uma Editora Universitária é tornar pública a produção interna e também dar voz à sociedade. "Quando percebemos o potencial de uma proposta, buscamos orientar e incentivar", destaca Estevam.
Ele explica que o primeiro passo para publicação é apresentar a proposta à Editora. "O autor ou autora deve procurar a equipe para mostrar o que produziu e a possibilidade de transformar esse material em uma obra publicada. Temos uma equipe preparada para analisar, sugerir melhorias e organizar o livro", afirma.
A EdiUnesc conta com três selos editoriais: o EdiUnesc, voltado à produção científica; o Saber Acadêmico, para trabalhos universitários em formato acessível; e o Saber Comunitário, que acolhe obras vindas da comunidade com processos editoriais simplificados, mas sem perder o rigor técnico.
"O Selo Saber Comunitário tem como objetivo atender demandas da comunidade regional, muitas vezes relacionadas a histórias familiares, à cultura popular ou temas de interesse social. Um dos papeis da Editora é preservar a memória da região para que ela não se perca com o tempo", destaca o professor.
Além de fomentar a ciência, conforme ele, a Editora tem investido em literatura infantil. "Percebemos que o mercado de literatura infantil está em expansão e também passamos a investir nessa área. Já temos algumas obras publicadas nos últimos anos e queremos fortalecer esse segmento", salienta o professor.
Quem é Maya Alves Silva
Filha única, tem o espanhol como segundo idioma, já que o pai é nigeriano. Desde cedo, demonstrou interesse pelas artes e já produziu releituras de obras como Mona Lisa, O Grito, O Beijo e Noite Estrelada. Suas ilustrações são feitas com lápis, aquarela e tinta PVA.
Ela integra a Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil (Ajeb/SC) e também faz parte da Rede de Afroempreendedores (Reafro), reconhecida por sua atuação literária e artística. Sua primeira obra, A Negrinha do Sorriso Mágico, é um conto bilíngue que trata de suas experiências com o racismo e aborda temas como autoestima, respeito e empatia. O exemplar de Maya também estará disponível em breve nas livrarias Fátima e Catarinense, em Criciúma.