A correria é grande. O acerto de contas com o leão, que começou em 7 de março, é todo ano uma oportunidade para testar o brasileiro a deixar tudo para a última hora. E, via de regra, é o que acontece. Agora, em 2019, faltando 12 horas para o término da entrega da declaração do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF), são cerca de 80 mil catarinenses que ainda não fizeram o acerto. No Brasil, ainda restam cerca de 3 milhões de declarações.

"A declaração às vezes é simples, mas o fato de deixar para a última hora, se precisa de algum documento, algum informe de banco, não consegue em tempo hábil de estar enviando", adverte o contador Jonas Martins Borges.

Até as 10h desta terça-feira a Receita Federal já registrou, em seus sistemas, a entrega de 1.251.616 declarações do Imposto de Renda em Santa Catarina. O montante equivale a 94,1% do total esperado, de 1.330.000 de contribuintes no estado. Em todo o Brasil, também até as 10h estavam processadas 27.344.190 declarações, em um universo de 30,5 milhões projetadas pela Receita Federal. O prazo de entrega se esgota hoje às 23h59min59s e os contribuintes que perderem o prazo estarão sujeitos ao pagamento de multa mínima de R$ 165,74 e máxima de 20% do imposto devido.

"Quanto antes você enviar, automaticamente acaba recebendo nos primeiros lotes, no segundo semestre", lembra o contador, referindo a restituição. "Dá para fazer a declaração pré-preenchida, até online se for o caso. Dá para baixar o aplicativo no celular e o próprio programa da Receita Federal que é o mais utilizado, faz o download e faz a transmissão", explica.

Dicas para os atrasados

Para quem deixou a declaração para a última hora, Jonas lembra a importância de se atentar aos rendimentos, já que outros dados podem ser corrigidos posteriormente. "Para os atrasados de plantão, façam a sua declaração observando bem os rendimentos. O problema de não enviar até amanhã é que depois gera multa. Se enviar até amanhã e depois quiser retificar, é possível. Após o dia 30 de abril não é mais possível mudar a forma de tributação. Então lança os rendimentos, verifica qual a melhor forma de tributação, completo ou simplificado, e faz a transmissão. Depois, faz a retificação corrigindo patrimônio, endereço e algo voltado a rendimentos", observa.

Entre as principais fontes de envio, ou seja, os obrigados a declarar, estão os titulares de rendimentos tributáveis iguais ou superiores a R$ 28.559,70 ao longo de todo o ano de 2018. "Isso em pro-labore, salário, rendimentos de autônomo, pessoas físicas e jurídicas, são tributáveis acima desse valor". O contador cita, ainda, quem recebeu mais de R$ 40 mil em rendimentos isentos. "Casos de lucros, participação em lucros de empresas, saques de FGTS, Seguro Desemprego, indenizações rescisórias", comenta.

Há, ainda, os casos dos proprietários de bens avaliados em mais de R$ 300 mil. "E quem teve ganhos de capital, vendeu casa ou algum bem com ganho de capital na alienação, entre aquisição e venda", emenda.

Os erros comuns

O contador lembra que o preenchimento errado da declaração ocorre com frequência, principalmente entre os que deixam para as últimas horas. "Tive casos de pessoas que enviaram informes de rendimentos do ano de 2017. Estamos em 2019 com ano calendário 2018", cita Jonas. "Preenchendo com calma é mais tranquilo. Quando a pessoa está na agitação da reta final confunde essas coisas, lançando despesas que não são dedutíveis, recibos médicos sem estar na data correta", complementa.

Além de se atentar às datas, é preciso lembrar que a Receita Federal cruza dados com outros organismos. "Ou seja, ela sabe se você tem um carro, um apartamento", detalha o contador. 

Confira mais dicas na entrevista de Jonas Borges ao Jornal das Nove de ontem na Rádio Som Maior.