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Epidêmico, endêmico ou pandêmico: o que significam na prática?

Por Dr. Renato Matos Edição 04/03/2022
Foto: Ricardo Wolffenbuttel / Secom
Foto: Ricardo Wolffenbuttel / Secom

As epidemias anteriores de Coronavírus, SARS-CoV 1 (2002/2003) e MERS (2012), assustaram o mundo por sua letalidade entre 10% e 30%, fizeram mortos em diferentes países e desapareceram.
Esperávamos um comportamento temporal semelhante com a Covid-19.
Duraria alguns meses e passaria para a história.

Passados mais de 2 anos, já há praticamente consenso entre os especialistas que ela continuará a fazer parte das nossas vidas por muito tempo.
O que não significa que vamos permanecer indefinidamente numa pandemia. 
Alguns preveem que entraremos numa nova fase, um estado endêmico, ainda em 2022.

Mas qual a diferença entre essas definições epidemiológicas e qual a sua implicação prática?
Um surto é um aumento súbito do número de casos de uma doença, além do considerado normal numa comunidade ou área geográfica. 
Por exemplo, um surto de rotavírus numa casa de repouso.
Um surto é declarado epidêmico quando a doença se propaga rapidamente entre muitas pessoas.
Seguindo nosso exemplo, diversas pessoas no município ou estado passam a apresentar diarreia causada pelo vírus.
A maioria das epidemias são controladas e não se espalham para todo o mundo.  Como o Ebola, que ficou praticamente restrito a alguns países da África.

Pandemia já conhecemos bem – a epidemia se espalhando por diversos países do mundo.
Endemia refere-se a presença constante e/ou prevalência habitual de uma doença ou infecção dentro de uma área geográfica, segundo definição do Center for Disease Control (CDC).
A definição de endemia sugere uma certa previsibilidade de casos dentro de uma determinada região, num determinado período.
Como acontece com a malária, dengue, HIV ou tuberculose.

A Covid chegou a ter uma taxa de letalidade de 1% a 2%. Atualmente, esse número está em 0,25%, segundo alguns registros nacionais e internacionais. 
O epidemiologista Júlio Croda explica que essa taxa de 0,25% ainda é o dobro do que ocorre na gripe (que fica em 0,1%). 
Apesar disso, simplesmente trocar o rótulo de pandemia para endemia poderia causar uma sensação de segurança, que ainda não sabemos se virá.
Ainda há cuidados a serem seguidos e muitas vacinas a serem aplicadas.

Segundo o chefe de operações de emergência da OMS, Michael Ryan, “a malária mata centenas de milhares de pessoas, assim como o HIV ou a endêmica violência nas nossas cidades. A endemia por si só não é boa ou ruim - a endemia só quer dizer que estará conosco para sempre”. 
Para o médico Anthony Fauci, conselheiro dos presidentes americanos desde a década de 80, endemia significa que “as pessoas continuarão a ser infectadas e ainda hospitalizadas, mas o nível seria tão baixo que não pensaremos nisso o tempo todo e a doença não influenciará no que faremos”.

Como no caso da Influenza.
Que assim seja.

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