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Moisés e Bolsonaro: climão desde 2018

Vídeo divulgado nesta terça mostra os bastidores da relação que nunca evoluiu

Por Maga Stopassoli 19/10/2022 - 16:05 Atualizado em 19/10/2022 - 16:09

Eleito em 2018 com mais de 70% dos votos, o governador Carlos Moisés da Silva era o candidato do Bolsonaro em Santa Catarina. Até aí, tudo bem, não fosse o fato de isso não ter sido combinado com os russos, ou melhor, com Bolsonaro.  Desde que iniciou sua gestão, Moisés mostrou que, de “candidato do Bolsonaro”, mesmo, ele só tinha o 17 do PSL, partido que naquele ano serviria de hospedeiro para abrigar os candidatos do presidente. E não que isso seja uma crítica. Sob alguns aspectos, pode até ser um elogio, dependendo de quem observa. Em quatro anos de mandato, além das polêmicas, Moisés nunca conseguiu se livrar da marca de traidor do presidente, assunto que ainda gera discussão e que nunca respondeu à pergunta: quando ocorreu o afastamento entre o governador e o presidente, fato que gerou a fama de traidor?

Corta para outubro de 2022, pós 1º turno das eleições

Nesta terça-feira (18), a jornalista Dagmara Spautz (NSC), divulgou com exclusividade em sua coluna, um vídeo gravado em 30 de agosto de 2018, em Porto Alegre, durante um evento, no início da campanha daquela eleição. Na gravação, estão presentes Lucas Esmeraldino (candidato a senador), Jair Bolsonaro (candidato a presidente), Carlos Moisés (candidato a governador) e Daniela Reihner (candidata a vice na chapa com Moisés). Todos do PSL e todos concorrendo pela primeira vez aos cargos citados.

O áudio da gravação é acompanhado de muito ruído, mas é possível compreender o breve diálogo entre eles. Enquanto uma pessoa da produção do evento coloca o microfone em Jair Bolsonaro, ele está de costas para Moisés, enquanto se dirige a Esmeraldino e diz em tom áspero:

“Olha só, vamos abrir o jogo aqui. Eu me dou bem com o Amin, eu me dou bem com todo mundo. Se fecha lá no estado, eu ganho antipatia com todo um montão de gente, e o candidato sou eu”.

Lucas Esmeraldino responde:

“Não, nós estamos subindo nas pesquisas”

Bolsonaro então vira de frente para Moisés, se dirige a Esmeraldino e continua:

“Então você fala, você encaminha".

Nesse momento, Moisés tenta interromper e argumenta dizendo que entre os candidatos ao governo no estado, não tem nenhum do PP.

Bolsonaro prossegue:

“Eu não quero problema no estado, a candidatura é minha. Quando você fecha com um cara, vocês sabem que, se ele não tem chance, eu ganho uma porrada de inimigos. É isso que eu quero que vocês entendam”.

A gravação é encerrada com Moisés dizendo: “nós vamos para o segundo turno”.

Naquela eleição, Jair Bolsonaro, então candidato a presidente pelo PSL, não queria que seu partido tivesse candidato próprio em Santa Catarina, decisão que foi contrariada pela sigla que, não só lançou candidato, como venceu a eleição com folga. Desde o primeiro dia de seu mandato, Moisés e Bolsonaro nunca tiveram uma relação aproximada, à exceção de situações que o cargo exigiu. A fama de traidor, que sempre pairou sobre a cabeça do governador catarinense, agora, parece muito mais uma birra de alguém que não lidou bem com uma ordem não cumprida, numa briga comprada por seus apoiadores.

A história

Moisés e Bolsonaro se elegeram em 2018. Em 2022, o governador catarinense não chegou ao segundo turno. Bolsonaro disputa a presidência com Lula, seu maior adversário e precisa recuperar 6 milhões de votos para garantir o segundo mandato. Amin, citado no vídeo e de quem o presidente nunca escondeu a proximidade, também foi candidato a governador neste ano e ficou em 5º lugar. Daniela Reihner, a vice, agora, foi candidata e se elegeu deputada federal, pelo atual partido de Bolsonaro. Nesta eleição, sabendo que a disputa seria mais difícil e menos previsível do que foi em 2018, Bolsonaro não negou e ainda declarou apoio a Jorginho Mello, “seu” candidato, desde o começo da campanha. É que agora a situação é outra e não dá para desperdiçar voto. Mello, que está no partido do presidente, tem aproximadamente 60% das intenções de votos aqui no estado. A conferir, caso eleito, se seguirá a cartilha bolsonarista à risca, ou se vai arriscar ser o próximo a ser chamado de traidor.

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