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Tangos e Tragédias

A Fundação Cultural de Criciúma trouxe o espetáculo à cidade nos anos 90

Por Henrique Packter 20/05/2024 - 09:31 Atualizado em 20/05/2024 - 11:03

A Fundação Cultural de Criciúma trouxe à cidade no final dos anos 90 o espetáculo Tangos e Tragédias. Um sucesso! Por conta disso houve mais duas exibições do musical no teatro Elias Angeloni de Criciúma. Trata-se da maior sala de espetáculos do sul de SC, com capacidade para 728 pessoas. Sabem vocês quantas cadeira tem o Theatro São Pedro, o mais antigo de POA? 636, gente. Nossa casa de espetáculos localiza-se no Parque Centenário, Centro Cultural Santos Guglielmi, bairro de São Luiz. O grande palco do Teatro Municipal Elias Angeloni apresenta dois andares de plateia e um hall de entrada.

Pois foi neste palco que vi, pela vez primeira, o espetáculo lítero-cultural-musical Tangos & Tragédias no final dos anos 90. Produto da cultura de música gaúcha,  começa quando Hique Gomez e Nico Nicolaiewsky, dois nomes já respeitados no cenário musical gaúcho, década de 1980, resolvem criar show que recuperasse antigos sucessos musicais com a dinâmica de um espetáculo teatral.

Ele estreou no fim de setembro de 1984 no Bar do IAB (Instituto dos Arquitetos do Brasil). A proposta bem- humorada foi aplaudida e garantiu à dupla apresentações por vários outros bares da Capital.  Nico e Hique por muito tempo se divertiram com o título do espetáculo prevendo que, num futuro, próximo, montariam o show Sambas e Comédias.

POA não é só essa desgraceira de enchentes e deslizamentos. Neste ano da graça, como nos outros, entre 9 e 19 de janeiro, de quinta a domingo, às 21 horas, conforme reza a tradição, no Theatro São Pedro, Hique Gomes e Simone Rasslan vão se exibir.  O respeitável público, além de poder adquirir o primeiro tomo do Almanaque Sborniano, poderá ouvir algumas histórias do enigmático violinista-cantor. Outro dia ele explicava:

- Quero lançar um livro por ano até o final dos tempos. Depois disso, lançarei dois livros por ano.

O THEATRO SÃO PEDRO DE POA

De início, o espetáculo era apresentado onde Deus fosse servido, depois passou a ser apresentado em teatros e chegaria a um patamar mais alto quando Tangos & Tragédias se transformou no primeiro espetáculo a ter data cativa no Theatro São Pedro. A partir de 1987, em pleno mês de janeiro, a dupla conseguia com seus delirantes personagens a incrível façanha de lotar todas as sessões em pleno verão gaúcho. E todo o mundo sabe que isso é quase impossível.

Além disso, o que mais aconteceu em 1987?

Em 3.01.1987 o voo Varig 797 cai perto da Costa do Marfim com 50 mortes.

Em Fevereiro, Ulysses Guimarães é eleito presidente da Assembleia Nacional Constituinte.

Em 31 de maio Ayrton Senna vence o GP de Mônaco de Fórmula 1, primeira vitória de piloto brasileiro no Principado de Mônaco.

Em 24 de Junho nasce o futebolista argentino Lionel Messi. Agosto, 17, morre o escritor brasileiro Carlos Drummond de Andrade.

Em 13 de Setembro vem o Acidente do Césio 137 em Goiânia, conhecido como "o maior acidente radiológico do mundo ocorrido fora de unidades nucleares."

Em 1º.11, Nelson Piquet é tricampeão mundial de Fórmula 1. A 9.11  é lançado o Windows 2.x, segundo da série dos famosos sistemas operativos desenvolvidos pela Americana Microsoft.

Nico Nicolaiewski, 09.06.1957, POA- 07.02.2014, 56 anos, POA. Gêneros: Rock gaúcho, pop, tango, música nativista, MPB.

Instrumentos: vocal, piano.

Período em atividade: 1987-2014.

Aprendizagem: musical Saracura, Tangos & Tragédias, Hans-Joachim Koellreuter

Nelson Nicolaiewsky foi músicocompositor e humorista sul-rio-grandense e brasileiro. Era reconhecido pelo personagem "Maestro Pletskaya", do espetáculo "Tangos & Tragédias", apresentado durante 30 anos com Hique Gomez.

Descendente de judeus da Bessarábia, Nico Nicolaiewsky começou a estudar piano clássico aos sete anos de idade, por ordem de sua mãe, e aos 13 anos foi aprovado num teste no Instituto de Belas Artes da Universidade Federal do RS, onde seguiu estudos até os 16 anos.

Musical Saracura

Aos 21 anos,1978, foi um dos fundadores do "Musical Saracura", um dos mais importantes grupos de música urbana do RS, final dos anos 1970 e início dos anos 1980. O Saracura lançou apenas um LP, 1982.

Tangos & Tragédias

Em 1984, criou com Hique Gomez, a comédia musical Tangos & Tragédias, espetáculo que marcaria de maneira indelével sua carreira, ligando-o ao Maestro Pletskaya  tornando-o um fenômeno de público, principalmente no RS, trazendo ao músico reconhecimento nacional. Ainda em 1984 Nico vai para o RJ, onde mora durante 10 anos para estudar com o eminente maestro Hans-Joachim Koellreuter. Neste período, em 1993, nasce sua filha, Nina Nicolaiewsky.

Em 1987, iniciaram apresentações no que seria a "segunda casa" de Nico, o palco do Theatro São Pedro.

Volta ao RS e carreira solo

Retornando ao RS, lançou dois discos solo: Nico Nicolaiewsky (1996) e As Sete Caras da Verdade (2002). O primeiro contém valsas e canções líricas, virando trilha do filme Amores, de Domingos de Oliveira. O segundo é ópera-cômica, Nico interpretando o vilão Rodolfo.

Em 2007, Nico Nicolaiewsky lançou seu terceiro disco, intitulado Onde Está o Amor? que, diferente dos anteriores, contém músicas de caráter mais pop, disco foi produzido por John Ulhoa, guitarrista da banda Pato Fu.

Em 2013, montou o espetáculo "Música de Camelô", onde cantava sozinho ao piano, canções "super populares" segundo suas próprias palavras. O repertório incluía músicas desde "Ai Se Eu Te Pego", de Michel Teló, e "Tô Nem Aí", da cantora Luka, até a música do desenho animado japonês Pokémon e "Tchê Tchê Rerê" do cantor Gusttavo Lima, sugestões de sua filha Nina, que eram executadas com arranjos surpreendentes, bastante diferentes dos originais. Em entrevista ao site Filtro Cultural, Nico comentou o espetáculo: “preconceitos existem e é delicioso ver alguém se espantar no meio de uma canção ao se dar conta de que está gostando de uma música que julgava odiar”.

Últimos dias e legado

Às vésperas de comemorar 30 anos do espetáculo Tangos & Tragédias, Nico recebeu o diagnóstico de leucemia mieloide aguda (LMA) e foi internado às pressas, no dia 23.1, no Hospital Moinhos de Vento, em POA. O tratamento, no entanto, não foi suficiente para retardar o avanço da doença e ele morreu na madrugada do dia 7.2.2014, aos 56 anos.

O velório foi realizado no Theatro São Pedro, lugar simbólico na vida do músico. Desde 1987, o musical Tangos & Tragédias era apresentado todo verão no local, com ingressos sempre esgotados.

Ao recordar um show do Musical Saracura que havia assistido, o jornalista e crítico de arte gaúcho Renato Mendonça descreveu as qualidades que iriam permear a obra de Nico Nicolaiewsky:

"O quarteto entrou em cena contido e silencioso, perfilou-se em frente ao palco e cantou à capela (sem acompanhamento musical) uma canção quase desconhecida. Calou o público. Incendiando-o por dentro. A lembrança serve para evocar aquelas que considero as qualidades fundamentais de Nico Nicolaiewsky: o poder e a coragem de surpreender, a determinação de indeterminar quaisquer fronteiras artísticas."[


A MORTE DE NICO

A surpreendente e precoce morte de Nico, no começo de 2014, muda tudo. "Aprendi muita coisa com o Nico. Um artista original, com uma visão de arte bem definida. Juntos, conhecemos alguns dos principais artistas brasileiros de quem já éramos fãs, de Hermeto Pascoal a Rita Lee, além de Millôr Fernandes, Luis Fernando Verissimo e Moacyr Scliar."

A originalidade de Tangos & Tragédias residia em ser espetáculo musical que reunia acordeonista e um violinista que lidavam bem com situações de comédia e com elementos teatrais. O show conseguia dar tratamento criativo e original a um repertório antigo, ultrapassado, decadente até. Tangos & Tragédias pôde ser adaptado para pequenas salas com poucas dezenas de espectadores e também para imensos espaços ao ar livre - a dupla chegou a atuar para mais de 15 mil pessoas.

Sem Nico, Hique foi em busca de novos caminhos. Com Simone Rasslan, ele idealizou A Sbørnia Kontr'Atacka, evolução natural do trabalho desenvolvido no tempo do Tangos & Tragédias.

SIMONE RASSLAN, MATOGROSSENSE

Vive em POA desde 1988. Pianista, cantora e compositora, uma das criadoras do espetáculo Rádio Esmeralda, em cartaz durante 9 anos. O acaso trágico aproximou Simone de Hique. Como ele, ela também perdera sua parceira, Adriana Marques, com quem criara a Rádio Esmeralda. As duas tinham inclusive participado de Tangos & Tragédias.

Assim, A Sbørnia Køntr'Atacka é uma continuação e, ao mesmo tempo, algo totalmente diferente. O ambiente é o mesmo, legítima sequência da saga sborniana, incluindo citações e imagens do Maestro Pletskaya. Algumas peças do Tangos & Tragédias permanecem, como A trágica paixão de Marcelo por Roberta, com novos efeitos, incluindo trovões. E tem também Ana Cristina, com a participação do seu autor, Claudio Levitan, o professor Kanflutz, presente desde o início do projeto.

Levitan considera que "Hique Gomez se aprofunda em tudo o que faz, se exige e exige do grupo. É gentil, empático, afetuoso, um ser humano em maiúsculas, genial em todos os seus detalhes. É pensador lunático, daqueles que estão acima e à frente. Multifacetado, nada ingênuo, revolucionário na busca da nova era, um poeta movedor de montanhas”.

Kraunus agora contracena com Nabiha. "Simone é uma grande artista e já era escolada nesse tipo de performance de música e humor", explica Hique. Diz mais: "Na época da Rádio Esmeralda derramei lágrimas de emoção vendo e ouvindo a harmonia entre as duas artistas. E agora experimento esta química diretamente com ela no palco. O público reconhece nela uma autêntica personagem sborniana. É pessoa com o senso da construção diária que o nosso projeto exige, preenchendo o projeto com as melhores qualidades".

Simone devolve os elogios: "Hique Gomez é um dos poucos artistas completos. Compõe bem, canta bem, toca bem muitos instrumentos, é arranjador, ator, dramaturgo, diretor. Além disso, faz tudo parecer fácil! Suspeito que ele só consegue tal façanha porque faz cada uma dessas coisas como uma tarefa sagrada. Dedica-se integralmente: corpo, mente, alma!".

Hique Gomez é filho do meio-campista Leo, ex-jogador do Renner, time campeão gaúcho de futebol de 1954. O time entrava regularmente em campo com a seguinte formação:  Valdir de Moraes (depois goleiro do Palmeiras de SP), Bonzo, Ênio Rodrigues (depois jogador do Grêmio), Orlando (Olavo) e Paulistinha (da seleção gaúcha representando o Brasil no México e sendo campeão panamericano); Leo e Ênio Andrade (este, depois, técnico brasileiro campeão pelo Coritiba) ; Pedrinho, Breno Melo (depois ator de cinema fazendo Orfeu do Carnaval com música de Vinicius e Moraes), Juarez e Joecy.

CURTA HISTÓRIA DE HIQUE

Nascido em POA, março de 1959, iniciou-se na música aos 11 anos, quando teve as primeiras aulas de violão. Residiu em Giruá, Soledade e Passo Fundo, decidindo seguir a carreira de músico influenciado por Rita Lee. Tocou bateria na banda Filtrasom (Soledade).

Logo depois, Hique entrou na Faculdade de Filosofia, mas saiu já no segundo ano (“ por bom comportamento”)para servir o Exército. Na sequência, casou-se com Heloiza e teve a primeira e única filha, Clara. "Aí encontrei trabalho na noite. O primeiro na Cantina Itália, meu único trabalho com carteira assinada até hoje, com a Norminha, excelente violonista. Fizemos dupla por quase 2 anos, tocando ali todos os dias. Pitorescos, na cantina circulávamos, tocando nas mesas chorinhos, cançonetas italianas e tarantelas, ganhando gorjetas."

Hique diz que foi a vida noturna que lhe deu desenvolvimento e traquejo musical "Trata-se de uma escola. A gente aprende muito com outros músicos." Em 1981, formou dupla com Sá Brito. "Era experiente e havia chegado da França, onde morara alguns anos. Foi a primeira vez que ganhei algum dinheiro com minhas composições", recorda.

Por essa época Hique começou a pensar numa carreira musical mais intensa. Desse período, a principal influência foi a música de Frank Zappa, em especial o álbum Studio Tan. "Escuto este disco até hoje."

Além da parceria com Nico Nicolaiewsky, iniciada em 1984, Hique sempre manteve projetos musicais paralelos. Foi aluno de violino do maestro Fredi Gerling a partir dos 20 anos de idade e, em 1985, atuou na peça infantil As aventuras de Mime Apestovich do início ao meio, em que também compôs a trilha sonora. Em 1994, criou o espetáculo O Teatro do Disco Solar, e, logo depois, realizou concertos com a Banda Municipal de POA e com outras orquestras como solista, inclusive com a participação de seu personagem Laszlo, o Homem-Banda.

Ampliando sua área de interesse, Hique, em 2002, participou de A festa de Margarette, longa-metragem mudo e em preto e branco, no qual ele foi protagonista, além do responsável pela trilha sonora. Sobre esta fase, avalia: "Até então minha maior experiência no cinema sempre era na poltrona. Porém, a atmosfera que foi se criando no set de filmagem estabeleceu uma cumplicidade entre todos, que transparece no resultado do trabalho. Escolha adequada do elenco e eu como protagonista encontrei parceria e cumplicidade em todas as sequências, em especial com Ilana Kaplan, parceira extraordinária".

Voltando à música, Hique acredita que a arte oferece padrões de criatividade a serem aplicados na vida prática. "Se tu reconheces o estilo de Prokofiev por exemplo, tu sabes de que tipo de ousadia ele foi capaz. Se você escutou suficientemente a Sagração da Primavera, tu sabes do que Stravinsky foi capaz."

E hoje, o que o inspira musicalmente? "O Vitor Ramil é um amigo inspirador. Tom Jobim, Milton Nascimento, Prokofiev, Astor Piazzolla, Ravel, Tom Waits, Rita Lee, Frank Zappa, Pixinguinha, Nico Nicolaiewsky. Todos pela ousadia e claro pela originalidade, cada um em sua área."

Fora do palco é marido, pai e avô dedicado

Casado desde 1978 com a fotógrafa e designer de luz Heloiza Averbuck, pai da escritora Clara Averbuck e avô de Catarina, 16 anos, Hique define Heloiza como sendo sua quarta esposa. "Mas também é a terceira, a segunda e a primeira. Estamos juntos há mais de 40 anos. Ela é uma pessoa absolutamente sincronizada com tudo que faço, compartilhamos todos os estudos. Sempre complementamos as buscas um do outro", elogia.

Fora do palco, Hique está sempre ligado,100% conectado com Marilourdes Franarim, sua produtora há 30 anos. Ele sempre quer saber os detalhes de onde será o próximo show, como estão sendo articulados as temporadas, a divulgação, os patrocínios... "Os mistérios da vida colocaram no meu caminho essa pessoa tão criativa, mas tão criativa que não me deixa ficar quieta. E isso não é uma queixa: é um privilégio. Conviver com o Hique Gomez é ser desafiada e surpreendida”. Completa: "Hique é generoso, amoroso, bem-humorado e faz disso a sua forma de trabalho. Ele costuma dizer que, como diretor, vê sempre as melhores qualidades de cada um. E assim vem explorando o melhor de mim por 33 anos e eu saboreando toda essa magia".

ERECHIM, EM LIVRO INÉDITO

"Erechim. Não lembro o ano, mas lembro que estava 4 graus. Normal para o inverno da região. Estávamos no teatro da cidade com Tangos & Tragédias. Até que, depois da entrada do público no teatro, Marilourdes veio ao camarim e disse: 'o Hermeto Pascoal está aí'. Rimos! Pensei que fosse piada. Seria mais provável uma nave alienígena pousar em Erechim do que o Hermeto aparecer. Mas ela disse que era verdade. Pensei que deveria ser alguém parecido. Velho, albino, de barba comprida. Fui por trás da cortina e coloquei um olho pra ver a plateia, e lá estava ele! Erechim, com 4 graus centígrados e Hermeto Pascoal esperando para ver Tangos e Tragédias. Entramos e fizemos o show 'normal', eu totalmente desconcentrado, pensando no que ele iria achar do nosso trabalho. Entendam que quando se fala de Hermeto, a gente está acostumado com aquela figura curiosa que se vê pela televisão. Mas para mim é o cara de quem Miles Davis roubou uma música. É o cara que ultrapassou todos os limites em termos de criatividade musical e que havia elevado a música brasileira ao máximo da sofisticação e que criou um estilo internacionalmente reconhecido. Um dos seres humanos mais inspirados que eu havia escutado. Eu tinha os discos. Tirava as músicas dele, sabia das histórias através da mitologia que ele havia criado no meio musical.

Acima de tudo, ele também era engraçado, uma espécie de clown-músico. Completamente maluco, mas gênio musical. Uma espécie de Duende-Gênio-da-Música do Nordeste brasileiro. Um cara admirado em todo o planeta. O tipo de pessoa capaz de colocar o seu país inteiro numa categoria superior de possibilidades criativas, porque o que ele faz é música brasileira! Hermeto é o arco-íris da música universal. Não tem o mesmo status de um Villa-Lobos, porque com sua grande habilidade com os instrumentos, se voltou para o jazz e para música de improviso. Mas em vários aspectos superou Villa, o maior representante da música de concertos do Brasil. Conhecido por suas excentricidades, como tocar chaleira soprando no bico ou por ter pedido dois porcos, um grave e um agudo ao americano que produziu um de seus álbuns mais criativos, uma de suas obras-primas, o Slave Mass, quem conhece sua obra, sabe que suas invenções musicais são mais relativas a inventividade de um Frank Zappa que era outro clown-músico. A esposa de Hermeto na época, Aline, que fazia parte de sua banda, era de Erechim e eles tinham vindo visitar a família dela. Quase no final do show Nico falou: 'Hermeto vamos fazer um som!'. Ele hesitou meio segundo, levantou e veio para o palco! Sentou-se no piano e estávamos tocando O Trenzinho do Caipira. Começou a fazer uns clusters e foi aumentando a velocidade da música e passou para um ritmo russo. Ele sugeria um czardas e fomos na onda dele. No final nos abraçamos e ele disse que eu tocava bem, foi generoso. Depois veio a TV de Erechim e fez uma matéria com ele onde ele disse que havia gostado muito do show, que tinha achado muito criativo e acima de tudo 'brasileiro'! Achei o máximo isso, quando muita gente nos achava meio argentinos. Ele sacou a brincadeira que fazíamos com o estilo tangueiro, que no Brasil é um pouco demodê. Hoje eu fico pensando que se isso aconteceu de fato diante de uma plateia de umas 500 pessoas, então, certamente não vai causar lá grandes surpresas o fato de Erechim esconder uma base alienígena!"

 (Baseado em artigo colhido no GOOGLE)

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