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O escritório da Próspera, a caneta verde do Dite e os remédios do Dr. Perez

Por Aderbal Machado 19/11/2022 - 07:00

Ao ser admitido na Companhia Carbonífera Próspera, em 1964, meu exame admissional teve a assinatura do Dr. Raimundo Perez, radiologista renomado da cidade. Lembro-me da submissão a uma radioscopia e, ao final, sorvendo seu cachimbo indefectível e de aroma fortíssimo, o médico falava grosso e baixo. E assinou minha ficha, recomendando como “apto”. A saúde estava boa e foi um alívio. Estava garantido. Na Próspera fiquei por cinco anos (até 1970), quando saí para começar a carreira de radialista na Rádio Eldorado, levado pelo Antônio Luiz e com o contrato inicial assinado pelo Dite Freitas com a sua conhecida caneta de tinta verde, simbolizando o Metropol.

A ficha eu a tenho até hoje (está mostrada aqui, pra provar que não minto), incólume de intempéries. Relíquia. Seu valor histórico pra mim é inestimável.

Pois então:

O Dr. Perez atendia a gente quando se ia “entrar de salário-doença”. Ou seja: quando a gente ficava doentinho ou enjoadinho ou quando inventava uma indisposição para folgar uns dias, o Dr. Perez recebia a gente, atestava, mas receitava os medicamentos e lenitivos: não lembro de outros remédios por ele recomendados e lembro até hoje os que ele receitava fosse qual fosse a “doença” (acho que ele conhecia a malandragem dos fingimentos da turma): Debefenium (remédio pras “bichas”, também chamadas de vermes), Dinistenile (vitamina B12) e Glucoenergan (supressor de apetite e complexo vitamínico). Este último era aplicado na veia e dava um calorão danado. Tinha que ser aplicado bem lentamente. O mais lentamente possível. 

Como eram um bocado doloridas, essas injeções acabavam inibindo novas aventuras de vadiagem e até situações de fato.

Ainda me é muito viva a memória de alguns colegas que, nas tardes do escritório, resolviam tirar uma soneca dentro dos sanitários coletivos. Fechavam a portinhola, estendiam jornais no chão e ali deitavam, não sem antes pedir a um colega que o acordasse um tempo depois (sim, tinha uma “camanga” pra isso entre a turma), tirando um belo cochilo. Até que, não muito tempo depois, o Célio Grijó, chefe do escritório, foi alertado. E tomou uma decisão simples e fatal: mandou serrar a parte inferior das portinholas. Acabou com a farra dos dorminhocos malandros.

Tudo isso era formatado de maneira simples. O escritório era uma comunidade interessante e heterogênea. Corro o risco de esquecer alguns. Mas posso recordar do Hélio Souza, do Érico Machado da Rosa, do Casimiro Schaucoski, do Romeu Vanceta Drum (Toruca), do casal Maria Helena Frutuoso Schmitz e  Toninho, do inesquecível meu amigo Moacir Jardim de Menezes, do Otávio Gaidzinski, Ediz Milaneze, Olávio Pavei, Laurindo Lodetti, Altair Cascaes, Marli Luz e seu pai, Otávio Pacheco dos Reis e mais os chefões Mário Balsini e Jaci Fretta. Não posso deixar de citar Pedro Isaú Conti, se não a Leila vai ficar danada de braba comigo. E com razão. Tive com Pedro uma amizade de muito tempo. Depois, até, a gente trabalhou junto com o Sebastião

Neto Campos num projeto especial. Ele era o chefe e eu o datilógrafo de projetos. Como era um trabalho eventual e eu só aparecia de vez em quando, o Pedro Isaú não teve dúvida e me colocou um apelido: Cometa Halley. 

Aqueles tempos cheios dessas coisas todas eram insuperáveis em convivência. 

“Oh, que saudades que tenho...”

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