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Colombo Salles e eu

Por Aderbal Machado 18/11/2023 - 08:00 Atualizado em 19/11/2023 - 18:27

A morte de Colombo Machado Salles me atingiu, pois com ele trabalhei em 1971, na condição de seu repórter, dentro do Departamento de Comunicação do Palácio do Governo. Eu o acompanhei por todo o estado, integrando a equipe de viagem, às vezes comandadas pelo fotógrafo Waldemar Anacleto, outras vezes pelo mano Aryovaldo, também assessor de Colombo e seu amigo pessoal desde a Laguna, quando Aryovaldo dirigia a Rádio Difusora de Pompílio Pereira Bento e Colombo chefiava o Porto da cidade.

A amizade durou por toda a vida comum vivida por ambos. Dava gosto ver a consideração de um pelo outro. Colombo era dessas pessoas comprometidas integralmente com suas amizades e uma memória fantástica. Lagunense, filho de Calistrato, emérito difusor das tradições da sua cidade. No exercício do mandato de governador, indicado pelos militares – época da eleição indireta. Técnico de altíssimo gabarito, especializado em águas, levou uma surpresa ao ver seu nome anunciado como futuro governador de SC. Ele mesmo confessou isso em várias entrevistas. A indicação foi de um grande amigo seu, na época fortíssimo elemento do governo central: Mário David Andreazza.

Pois nos tempos de nossa convivência tive oportunidade de conhecer Colombo em alguns aspectos: nunca deixava coisas pra dizer depois, jamais falseava as realidades em quaisquer situações, conhecia meticulosamente as realidades do Estado – e aperfeiçoou isso quando, indicado ao governo, cuidou de elaborar um plano – o Projeto Catarinense de Desenvolvimento, depois Plano Catarinense de Desenvolvimento. Propositalmente, um livro enorme. Perguntado por prefeitos a razão de um livro daquele tamanho contendo seu plano de governo, dizia: “É pra não ser enfiado em nenhuma gaveta”.

Na enchente de 1974, correu todo o estado, levando alento, recursos e ajuda direta aos municípios. Esteve em Criciúma também, no centro de atendimento, localizado no Ginásio Colombo Machado Salles, do Criciúma. Ali, no tumulto e no auge das desgraças daquelas enchentes, já fora da assessoria do seu governo e trabalhando na Rádio Eldorado como repórter, abordei-o sobre as medidas previstas. Ele, de sopetão: “Não quero fazer propaganda das desgraças alheias, vamos tratar disso sem alardes”. Depois, com humildade, me pediu desculpas, arrependido, e se colocou a disposição para ser entrevistado. Tinha disso, o Colombo. Foi um dos governadores mais eficazes, porque essencialmente técnico no exercício do mandato. Sem discriminar eventuais adversários, distribuía seus serviços a quem dele necessitasse. Porque, dizia, era o Estado, não ele. Faleceu com a marca do dever plenamente cumprido. Santa Catarina lhe deve bastante.

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