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A “boemia” de Nelson Gonçalves e a criatividade de Olímpio Vargas

Por Aderbal Machado 13/08/2022 - 20:00 Atualizado em 13/08/2022 - 20:09

Na velha Eldorado, lá pela década de 50, Osmar Nunes apresentava um musical pela manhã e o controle de som (ou sonoplasta, como se dizia muito) era o Olímpio Vargas. Ainda no Edifício Dom Joaquim, segundo andar.

Funcionava o “correio elegante”, com ouvintes oferecendo músicas para amigos, namoradas ou namorados nos aniversários ou até sem motivo algum.

Tipo “com muito amor e carinho” ou “simbolizando nosso amor eterno”, eram as frases usais dos oferecimentos. Detalhe: muitos desses oferecimentos eram pagos e a grana ficava com o apresentador. Diga-se: com permissão e estímulo do dono da rádio, como forma de remunerar o trabalho.

Tempos dos discos de acetato, muito antes dos long-plays, de vinil. Os discos de acetatos tinham uma música de cada lado e quebravam ao menor choque. Tinha que ter muito cuidado no manuseio.

Um dia, num desses musicais do Osmar Nunes, ele anunciou: “E agora, Nelson Gonçalves, com “Boemia”.  Cadê o disco? Não estava ali. Alguém esqueceu de organizar. Estava na discoteca, que ficava na parte da frente, ao lado do pequeno auditório.

O que fazer? Olímpio nem teve dúvidas: foi na chave geral, desligou a energia e apagou tudo. Foi à discoteca, pegou o disco, trouxe e colocou no prato, colocando a agulha no  meio da música. E religou a chave da energia.

Assim, o ouvinte imaginou, apenas, que “faltou luz” e não houve um descuido doido do programador (que, por sinal, era o próprio Olímpio).

Essas coisas não aconteceriam jamais hoje. Primeiro, porque a tecnologia resolve. Segundo, porque essa criatividade surgia nos apertos mais insondáveis do rádio daquele tempo. Um dia conto outras histórias dos improvisos.

Como no caso do contrarregra que, ao ter que disparar o som de um tiro, disparou o mugido de um boi. E o artista, surpreendido, não se fez de rogado: “Não adianta se esconder atrás do boi porque eu te pego assim mesmo”.

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