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O negócio da atenção

Quando algo toma muita relevância ou surge um padrão comportamental muito claro, surgem canais especializados
Por Arthur Lessa Edição 24/12/2021

Em um ambiente minimamente eficiente, toda demanda gera uma oferta. Isso significa que para cada necessidade que um grupo de pessoas tem, alguém com capacidade e tino empreendedor cria um produto ou serviço.

Corretores de imóveis são um bom exemplo. Você consegue vender seu apartamento sem intermediários, mas já tentou? E o tempo perdido buscando um interessado? E como encontrar um interessado? E depois de encontrá-lo, como encaminhar a negociação e a posterior transferência? Nesse caso você paga um terceiro especializado e focado para se preocupar com isso enquanto você cuida do que realmente lhe gera dinheiro. Economiza no primeiro ponto, rentabiliza no segundo.

O mesmo acontece nas plataformas digitais. Quando algo toma muita relevância ou surge um padrão comportamental muito claro, surgem canais especializados. Por canais eu me refiro a sites, canais de YouTube, grupos de Facebook, perfis de Twitter e Instagram, entre outros.

E é sobre alguns desses tipos de canal que vou tratar, intitulando-os da maneira que me parecer mais adequada.

Besteirol

São canais que compilam coisas bobas e nada instrutivas que tem como único intuito ocupar a mente do usuário, que relaxa das questões pesadas do dia a dia. Vejo eles como a evolução das Vídeo Cassetadas do Domingão do Faustão ou das pegadinhas do SBT.

Um exemplo que tem bastante destaque no YouTube é o Canal 90, do Nogy, que reúne trechos de vídeos baseados em temas como “presepadas”, “brigas” e “propagandas da época x”.

Outra plataforma que também oferece muitas alternativas de material inútil é o Instagram, normalmente abastecidos com os chamados memes, normalmente compostos por fotos e texto. Há também personalidades do besteirol que surgiram no Tik Tok, como o Sobrevivente 13, o Dianho e o Matheus Costa, que ficou famoso por falar errado propositalmente e filmar a reação do seu pai.

Conhecimentos específicos

Nunca entrei no cockpit de um avião ou encostei num manche de helicóptero, mas sou fascinado por aviação. Imagino que muitos como eu tem essa relação com esse ou outros assuntos específicos. E, havendo esse interesse, vieram à tona pessoas como Lito Souza, do canal Aviões e Músicas. Ele, que tem décadas de experiência na área de manutenção de companhias aéreas de diversos países, reúne no canal explicações técnicas de porque as coisas são como são nos aviões, histórias de modelos clássicos, histórias de tragédias e de grandes feitos, sempre de maneira didática e interessante.

Há diversos outros exemplos de diversos outros temas, como o Pipocando (cinema), Jovem Nerd (cultura geek), Caldeirão Furado (Harry Potter),…

Havendo uma comunidade interessada, esses canais crescem.

Culinária

Apesar de ser um conhecimento específico, aqui também entra um outro modelo: faça você mesmo. Afinal, ao mesmo tempo que existem canais apenas com críticas, explicações e histórias sobre a relação das pessoas com os alimentos, o que faz sucesso mesmo são aqueles que transmitem essas informações enquanto ensinam aquela receita especial que vai impressionar a sua família e amigos.

Um exemplo interessante é o paulistano Mohamad Hindi. Ele participou da primeira edição do MasterChef Brasil (e ouviu numa das provas que nunca seria um cozinheiro), em 2014, mas se tornou referência na área por conta de seu canal de YouTube.

Esses são alguns dos tipos de canais que estão espalhados pela internet. O que eles têm de semelhança é que são um recém-criado modelo de negócios. Se você prestar atenção, boa parte (se não todos) dos citados tem parceiros comerciais, ligados ou não ao foco do canal. Lito, por exemplo, fala de aviação mas tem como apoiadora uma plataforma de ensino de inglês.

E, se você se surpreendeu com isso, não deveria. Esse modelo é mais velho que o avião. É a mesma dinâmica dos veículos tradicionais de comunicação, com as mesmas premissas. As marcas buscam apresentar seus produtos onde tem mais pessoas olhando, principalmente do seu público-alvo, e o conteúdo tem mais credibilidade.

O mercado é o mesmo desde que o mundo é mundo. Ele só vai se moldando...

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