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É simples, mas não é fácil

Por Arthur Lessa Edição 03/12/2021

O ser humano gosta de uma mirabolância (sim, essa palavra existe… eu me certifiquei)!

Quanto mais complexa uma explicação sobre algum tema, mais brilham os olhos dos ouvintes e mais especialista parece o orador. Para cada novo termo técnico, um novo “uau”.

Entenda que não estou desprezando a ciência, as estratégias, ferramentas, modelos e métodos que os profissionais de diversos setores vem desenvolvendo e aprimorando no decorrer de décadas ou séculos. Mas é bom sempre ter em mente que, muitas vezes, essas camadas não passam de pirotecnia, compondo mais uma narrativa que um método. 

Eu quero falar do simples! Eu adoro o simples! Eu acho que o mais genial no processo de resolução de um problema ou desenvolvimento de um produto é fazê-lo simples. Eu gosto (com certa inveja “branca”) da sensação de “como não pensei nisso antes? Era tão simples!”

Vamos pegar, para exemplo, a prática de vender publicidade, algo que acompanho há anos de fora. Existem centenas de técnicas, seja para busca de clientes-alvo, como funil de vendas e landing pages, seja para a abordagem, com palavras-chave, programação neurolinguística, postura correta e afins. Tudo certo, tudo útil (se bem utilizado), mas o que é mais importante é simples: conheça o seu cliente, entenda o problema que seu produto ou serviço pode resolver e apresente o valor dessa solução. Ouça, converse, apresente.

É simples! Aprendemos a conversar pouco na mesma época que saímos das fraldas. Os outros “apetrechos” podem ser incorporados depois, para otimizar tempo e controle de desempenho. Mas só funcionam se o básico (e simples) estiver funcionando. O melhor funil de vendas não vai ajudar que você venda areia no deserto.

Mudando de ares, vamos para a final da Taça Libertadores da América 2021, maior campeonato de clubes de futebol do continente. Dois times brasileiros se enfrentando. Empate de 1x1 no tempo normal, jogo na prorrogação. Andreas Pereira, jogador disputado pelas seleções da Bélgica e Brasil, emprestado ao Flamengo, recebe a bola sem pressão e se “embanana”. Deyverson, do Palmeiras, pega a bola, entra na área e faz o gol do título. 

Andreas falhou porque pensou demais, complicou o que era simples. Recebeu a bola sozinho, poderia ter só jogado pra frente e tirado da área de perigo, mas demorou e condenou a equipe. É nesse tipo de lance que soam nas arquibancadas, bares e sofás: “Joga simples!”

Dei acima dois exemplos de como o simples é poderoso. Mas, se você olhar pro título, ele não é fácil. E vamos entrar nisso. 

No caso de Andreas, por exemplo, eu estava numa mesa de amigos assistindo ao jogo, milhares de quilômetros distante de Montevidéu, onde aconteceu a final. Nem torço para nenhum dos times. Estava matando tempo. 

Ele, pelo contrário, estava sendo observado por dezenas de milhares de pessoas in loco, além de milhões de torcedores flamenguistas ou curiosos (como eu) à distância. Já eram mais de 100 minutos de jogo intenso, ele estava cansado, física e mentalmente. Uma distração, destino traçado. Jogar futebol não é complexo, mas é difícil. 

Administrar suas finanças não é complexo. Gaste menos do que recebe e invista parte disso. Matemática básica, de ensino primário. Assim se constrói patrimônio, de pouco em pouco, como ensinam vários livros espalhados pelo mundo. “Invista 10% do que você ganha e fique rico”. Simples, não? Mas temos desejos, ambições e necessidades,… Difícil, não?

Tem uma anedota bem antiga que eu gosto muito e ilustra esse caso. Um cidadão está tranquilo fumando quando outro chega e começa o diálogo: 
- Você fuma há quanto tempo?
- Uns 30 anos…
- Você sabia que, se tivesse guardado todo dinheiro que gastou com cigarro, você hoje teria uma Ferrari?
- Você fuma?
- Nunca coloquei um cigarro na boca!
- E cadê a sua Ferrari?

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