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O efeito Luciano Hang nas eleições de 2022

Por Upiara Boschi Edição 03/12/2021

Enquanto o cenário pré-eleitoral da disputa pelo governo do Estado em 2022 vai se caracterizando por um volume inédito de postulantes e um cenário aberto, sem grandes favoritos, a corrida pela vaga catarinense Senado tem girando em torno de um tema só: o empresário Luciano Hang, das Lojas Havan, vai mesmo concorrer ao cargo? É a resposta que vai desencadear a formação do quadro de candidaturas - normalmente uma composição que envolve ex-governadores, aqueles que não conseguiram concorrer ao governo e nomes de composição partidária. Hang muda o jogo. 

Disposto ao confronto e sem medo da exposição, Luciano Hang - vestido de verde e amarelo da cabeça aos pés - virou o símbolo do governo Jair Bolsonaro junto ao empresariado. A icônica Havan, espalhando versões da Casa Branca e da Estátua da Liberdade pelos mais diversos rincões do país, é um cartão de visitas e também uma provocação às esquerdas, que sempre rejeitaram símbolos ligados aos Estados Unidos. A trajetória do discreto empresário que durante anos só dava entrevistas sobre o aumento de vendas no Natal e outras datas caras ao comércio e que de uma hora para outra virou o mais midiático dos empresários brasileiros é uma história que merece ser escrita por um bom biógrafo - haverá de ser.

Para 2022, no entanto, o importante é saber que capítulo desta biografia o empresário de Brusque está disposto a viver. A ideia de entrar na política eleitoral já foi ensaiada em outros momentos, especialmente em 2018, quando já estava vinculado à onda que elegeria o presidente Jair Bolsonaro - foi acusado, inclusive, de ter financiado parte da máquina de disparos de mensagens favoráveis ao ex-deputado federal e capitão reformado do Exército. Algo que ainda não ficou comprovado, especialmente nos termos em que foram feitas as denúncias. Certo e inegável é que ele se engajou naquela disputa como ativista - termo que usa para qualificar sua participação na política sem mandato.

Durante anos, Hang foi filiado ao Pmdb, sem vida partidária. Agora, precisa escolher um destino ligado ao de Bolsonaro, mas que não o reduza a integrante de um grupo específico no Estado. A primeira impressão era de que seguiria os passos do presidente e se filiaria ao Partido Liberal (Pl). Essa opção seria um combustível a mais na pré-candidatura do senador Jorginho Mello (Pl) ao governo - aliás, ele ganhou evidência e pontos em pesquisas internas ao bater boca com o senador Renan Calheiros (Mdb de Alagoas) em defesa de Hang. 
Aquele momento aproximou Hang e Jorginho, mas os indicativos que o empresário tem dado não são de filiação ao Pl. O próprio Jorginho tem começado a acenar para partidos aliados com a possível filiação do empresário nessas legendas. Algo que não está exatamente em suas mãos. A interlocutores, o empresário tem mostrado disposição de assumir uma legenda em que possa receber votos de mais de um palanque de governador - o Patriota, por exemplo.

Com Hang no jogo é praticamente impossível que outro nome ligado ao bolsonarismo encare as urnas - Kennedy Nunes (Ptb), Jorge Seif (Pl), etc. Ao mesmo tempo, deve tirar do jogo algumas figurinhas carimbadas da política estadual que devem querer evitar o embate com uma figura com tamanho favoritismo - Hang pode ir além do bolsonarismo, trazendo o voto de quem busca novidades fora da política tradicional. A esquerda certamente vai escolher alguém disposto ao confronto, mas será uma tentativa de marcar posição. No entorno do governador Carlos Moisés (ex-Psl), já se fala em nem lançar candidato ao Senado em 2022.

Assim, crescem as chances de que Hang vire o candidato ao Senado de raia quase única. Isso já aconteceu em Santa Catarina. Em 2006, Raimundo Colombo (Pfl) era um político em ascensão que apostara na aventura de renunciar à prefeitura de Lages para concorrer ao governo e acabou com a vaga de senador na chapa de Luiz Henrique da Silveira (Pmdb). Foi eleito com impressionantes 1,73 milhão de votos, recorde na época, superado apenas pelo próprio LHS quatro anos depois (1,78 milhão), mas em uma eleição de dois votos para cada eleitor. 

Aquela votação só foi possível por uma estratégia da campanha de Esperidião Amin, adversário de Luiz Henrique, que deixou o Pp sem candidato a senador na tentativa de atrair o eleitor pefelista que não havia digerido a aliança com o Pmdb. Assim, Colombo correu praticamente sozinho na raia à direita contra o Pt de Luci Choinacki e o Pv de Gerson Basso. Foi nomeado senador, como gostava de dizer Luiz Henrique. Se o cenário se repetir em 2022 e o campo ficar aberto para Hang, o recorde de votos ao Senado pode ser quebrado.

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