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Vignatti e o PSB: "Não vai mais ser uma sigla de aluguel"

Ex-deputado, que deixou o PT para assumir o partido em Santa Catarina, menciona um novo projeto para 2022 no estado
Por Denis Luciano Criciúma, SC, 03/06/2020 - 17:05 Atualizado em 03/06/2020 - 17:09
Fotos: Vitor Netto / 4oito
Fotos: Vitor Netto / 4oito

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Depois de 28 anos de militância no PT - pelo qual foi deputado federal, ministro e candidato a governador - Cláudio Vignatti está liderando a nova fase do PSB, como presidente do partido em Santa Catarina desde março. "Esse novo propósito, de reconstruir um partido em Santa Catarina, me empolga", disse Vignatti, que está em Criciúma nesta quarta-feira, 3. Ele vem para reuniões com socialistas da região. 

Vignatti assumiu o PSB depois da saída do grupo do ex-deputado Paulo Bornhausen, que esteve nos últimos anos à frente do partido em Santa Catarina. "Não vai mais ser uma sigla de aluguel", disparou o presidente, em entrevista à Rádio Som Maior. "Quem vem, vem dentro de um debate de projeto de Estado e nacional. Vamos desenhar isso com muita clareza, com muito debate", relatou.

As primeiras semanas foram dedicadas a reorganizar o partido, com novas filiações. "Conseguimos em 20 e poucos dias construir um grupo novo. Tem lideranças significativas se filiando pensando em 2022. Vamos ter que fazer um partido mais alinhado com a pauta nacional, é o nosso objetivo", destacou.

Sem candidato em Criciúma

O presidente admite dificuldades para as eleições municipais. Mesmo assim, o PSB marcará presença. Em Criciúma, o partido é presidido pelo empresário Fábio Brezola, que foi candidato a prefeito duas vezes, ambas pelo PT, em 2013 e 2016, e uma a vice-prefeito pelo PDT, em 2008. No último pleito, em 2018, já estava no PSB, pelo qual buscou uma cadeira na Câmara Federal.

"É muito difícil que o partido tenha candidato a prefeito", admitiu Brezola, embora ele próprio tenha sido assediado nesse sentido, fruto do bom rendimento que teve nos pleitos passados, figurando com pouco mais de 10% dos votos. "Mas o PSB terá papel nas eleições municipais, pois temos tanto tempo de TV quanto o PSDB, por exemplo", citou. "Se tem o Salvaro com o PSDB aqui em Criciúma, tem o Brezola e o PSB", disse, deixando no ar alguma expectativa sobre a colocação do partido em algum projeto majoritário para o próximo pleito. "Mas não sabemos nem como estará o calendário eleitoral ainda", ponderou Vignatti. 

Vignatti com Fábio Brezola, presidente do PSB criciumense

Na eleição passada, em 2016, ainda com o antigo grupo na sigla, o PSB teve o deputado estadual Cleiton Salvaro como candidato a prefeito. Porém, ele desistiu faltando algumas semanas para o pleito, já que Clésio Salvaro havia reconquistado os direitos políticos. Na ocasião, o PSB elegeu um vereador em Criciúma, Júlio Colombo, que atualmente encontra-se filiado ao PL.

"Queremos ter para a próxima eleição em Santa Catarina um projeto para o estado, não só um projeto de poder, mas o que pensamos para o estado. Uma carta para os catarinenses, com propostas, e temos um grupo intelectual grande pensando esse processo", referiu, reforçando que o lugar do PSB no espectro é "na centro-esquerda catarinense. Temos grandes lideranças desse segmento conosco".

Era para ter sido antes

"Se tivesse oportunidade de assumir antes, e não foi por falta de convite", lamentou Vignatti, lembrando os convites que recebeu do então deputado Eduardo Campos, que morreu em acidente de avião durante a campanha de 2014, na qual concorria como candidato do PSB. "Tive duas filiações na minha vida, movimento estudantil, PCdoB e PT, 28 anos são muitos anos", citou, lembrando as quase três décadas de PT. "Procurar um caminho semelhante às ideias da gente me levou a aceitar a presidência do PSB", destacou, quando indagado sobre as razões da mudança.

Vignatti não escondeu uma certa decepção com momentos de desvalorização que o desmotivaram no PT. "Fui candidato a governador, quando precisou valorizar essa liderança não houve valorização, depois de fazer 1,2 milhão votos tivemos problemas para continuar no governo da Dilma. Por muito tempo eu aguentei a permanência no PT", relatou.

Críticas a Bolsonaro

O PSB, em nível nacional, tem um claro alinhamento à esquerda do governo Jair Bolsonaro, mas não necessariamente alinhado ao PT. "Essa é uma oportunidade ímpar. Entre o extremismo de direita e o de esquerda, o pessoal quer construir uma nova alternativa. E muita gente está cansada de ver os extremos comprando brigas intermináveis", comentou. "No mesmo tempo, o pessoal sente a necessidade de um projeto novo, pois vivemos um governo muito ruim", avaliou o presidente. 

Vignatti foi colega de Bolsonaro na Câmara Federal. "Eu não achava que veria um Bolsonaro presidente. Como eu conhecia ele bem, fui deputado com ele, ele só fazia defesa dos salários das Forças Armadas no Congresso Nacional, ele representava esse setor, e ele fazia um discurso de ódio uma vez por mês na tribuna, e a gente não sabia que tinha tanta ressonância. Aquele discurso só me deixava bravo, provocado, por eu ser um conciliador nato", afirmou. "Nós vivemos um dissabor de um desgoverno", completou.

Sobre aliados, o PSB vem compondo uma frente de esquerda pensando em uma alternativa para 2022. "Temos um movimento com a Rede, PDT, PSB e PV de fazer uma aglomeração política, dialogando com o PCdoB também, pensando até em um novo partido, construir uma nova identidade política para uma alternativa de poder já nesse processo político, tanto quanto vamos andar juntos já de dar alguns sinais. Precisamos construir uma nova vertente política, uma nova oportunidade de diálogo, de paz, que olha para o povo simples e pobre", finalizou.

Ouça a entrevista de Cláudio Vignatti no podcast:

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