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Uma experiência social no Quênia

Aline Bortolotto Cardoso, de Nova Veneza, passou 15 dias vivenciando e auxiliando o trabalho de um orfanato africano
Por Bruna Borges Nova Veneza, SC, 08/04/2019 - 06:12
Divulgação
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Visitar outro país é o sonho de muitas pessoas, e a Aline Bortolotto Cardoso, de Nova Veneza, já havia concretizado esse objetivo. Mas, ao planejar uma viagem de férias, ela pensou em mais do que apenas conhecer mais uma nação diferente, pensou em fazer a diferença.

“Eu quis retribuir tudo o que a vida já me deu de bom e eu já recebi muita coisa. Nunca passei dificuldade, a minha família sempre me proporcionou uma vida boa, eu já sou realizada profissionalmente, eu queria retribuir tudo isso”, declara. “Foi então que surgiu a ideia de fazer um intercâmbio social. Eu já queria viajar nas férias, por que não juntar a viagem com a vontade de ajudar as pessoas?”, relata. 

Ela procurou agências que faziam trabalhos do tipo e encontrou uma de Porto Alegre, que indicou a cidade de Cape Town, na África do Sul, como possível destino. “Mas eu comentei com eles que queria um país menos desenvolvido, queria uma experiência em que eu pudesse impactar mais e ser mais impactada”, conta.

Decidiram pela cidade de Nakuru, no Quênia, e, após dez dias de organização, a neoveneziana partiu rumo ao continente africano, onde permaneceria por 15 dias, ajudando um orfanato. Lá, ela ficou hospedada na casa de uma família, local onde dormiu e fez refeições. 

“Eles são pagos para fazer essa recepção, mas eu acredito que eles façam mesmo para ajudar o orfanato. Porque todos os dias eles nos levam e nos buscam do orfanato, têm que fazer as refeições, receber pessoas dentro da sua casa, é bastante trabalhoso. Eu realmente acho que eles fazem para ajudar o orfanato”, comenta Aline.

Um amplo choque de realidade

O trabalho social se desenvolveu em um orfanato que é lar de 40 crianças carentes. “A primeira impressão é OK. É uma casa normal, com muros, a aparência é OK. Quando a gente chega, as crianças já vêm abraçar, beijar. Mas, com a convivência, a gente começa a ver a realidade”, relata.

“As crianças comem com a mão, o que é uma tradição deles, mas elas não lavam as mãos para comer. Eles não têm pessoas para dar comida para todas elas, então, elas sentam no chão com os pratos e comem. O banho que eles tomam é de bacia, porque eles usam a água da chuva que fica em reservatórios, não tem água canalizada”, complementa.

A água é, segundo Aline, um grave problema registrado no local. “Quando eu estava lá, era época de seca, eles estavam quase sem água. Então, eles não tomavam banho, não lavavam roupa. Eu cheguei a comprar um caminhão com 10 mil litros para ajudar, porque quase não tinha mais água”, afirma. 

Limitações primárias

Aline comenta que sabe que existe pobreza no Brasil, assim como em outros países, mas que a realidade encontrada naquela comunidade africana beirava o absurdo. “A escola pública, por exemplo, tem que pagar uma taxa de R$ 50 e eles estavam mandando as crianças para casa porque não tinham pagado. Mas o orfanato não tinha de onde tirar o dinheiro, eles precisam economizar para comida, aluguel”, relata. 

Tocada com tanta dificuldade, ela também pagou as taxas de três crianças que estavam atrasadas, porém destaca que a instituição nunca lhe pediu ajuda financeira. “Nós íamos ao supermercado, eu e a diretora do orfanato, e eu colocava as coisas no carrinho para levar e ela sempre me perguntava ‘tem certeza, não é muito caro?’, mas como você vê uma realidade daquelas e não ajuda?”, afirma. 

Além da dificuldade financeira, ela também viu e ouviu histórias de crianças que passaram por problemas ainda maiores. “A maioria delas foi abusada sexualmente, quase sempre por familiares”, comenta. 

Ao se deparar com toda a situação precária, ela argumenta que a vida muda de sentido. “A gente vai lá para dar amor para as crianças, mas acaba ajudando de todas as formas que pode”, pontua.

“E a gente começa a ver que coisas que antes dávamos muita importância, na verdade, não são tão importantes. Eles lá passam por tanta dificuldade e, mesmo assim, continuam com um sorriso no rosto”, declara.  

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