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Um amor que não mede distâncias

Casal de Urussanga viaja 11 mil quilômetros a bordo de uma moto; aventura foi o toque especial para o noivado
Por Lucas Renan Domingos Criciúma, SC, 05/11/2018 - 06:15
Foto: Guilherme Hahn / A Tribuna / Especial
Foto: Guilherme Hahn / A Tribuna / Especial

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Talvez você já tenha viajado mais de 11 mil quilômetros. Talvez você tenha percorrido essa distância a bordo de um carro ou até mesmo de um avião. E se você fosse convidado para enfrentar toda essa quilometragem sob duas rodas, mais especificamente em cima de uma moto, você toparia? E se essa viagem fosse por uma causa mais especial? Por exemplo, um pedido de noivado? 

Foi isso que fizeram o engenheiro eletricista Diego Redivo e a economista Carolina Biz. Juntos há dez anos, o casal queria dar um passo a mais no relacionamento e também embarcar em uma aventura. A saída foi juntar as duas coisas. “Ela me perguntou se a gente noivaria. Eu falei que sim, mas só se ela topasse ir comigo até a Machu Picchu de moto”, conta Redivo. “Eu aceitei e acabamos indo”, acrescenta Carolina. 

Moradores da cidade de Urussanga, a vontade de deixar o município conhecido como a Capital do Bom Vinho e partir rumo à cidade perdida dos Incas, no Peru, começou depois de o amigo do casal, o fotógrafo Cleber Bonotto, recomendar a experiência. “Ele já fez viagens assim. Eu nunca gostei de ter motos grandes, mas depois que ele me mostrou os caminhos por onde passou, eu resolvi fazer também”, comenta o engenheiro eletricista. 

Viagens de preparação

Foto: Guilherme Hahn / A Tribuna / Especial

Antes de pegar a estrada sem ter vivido algo semelhante antes, o casal realizou viagens mais curtas. Em 2016, Carolina teve uma pesquisa de sua autoria selecionada para ser apresentada em uma universidade na cidade de Salta na Argentina. “Resolvemos então ter esse primeiro contato em viajar longas distâncias de moto”, lembra a economista. Foram mais de cinco mil quilômetros. 

No ano seguinte, em 2017, fizeram uma viagem um pouco mais curta. Uma ida ao Uruguai e quase mais quatro mil quilômetros de experiência. “Este ano, então, resolvemos encarar o desafio maior”, complementa Redivo. A ida ao Peru também passou por planejamentos financeiros. Durante os dois anos de preparação o casal teve, inclusive, que comprar uma moto maior, trocando uma Yamaha XT 660, por uma Suzuki V-Strom 650, tudo pensando no melhor conforto, que parece ter dado certo. “Teve caminhos que ela dormiu a viagem inteira atrás de mim”, brinca Redivo. 

Os 11 mil quilômetros são somados os trechos de ida e os de retorno. Em resumo, foram cinco países. Primeiro o Brasil, depois Bolívia, em seguida o Peru. Na volta, o Chile, Argentina, novamente a Bolívia até o retorno ao Brasil. O tempo para tudo isso? Exatos 28 dias. “Saímos no dia 9 de setembro, chegamos no dia 7 de outubro”, lembra Carolina. E, claro, muitas histórias para contar. Boas e ruins. 

Perrengues, muitos perrengues

Mesmo que a viagem tenha sido planejada, a rota mapeada e o casal tenha se munido de dicas repassadas por quem já tinha vivido na pele o caminho que eles iriam percorrer, as surpresas vieram. Eles contam que esperaram encontrar situações adversas, mas não tanto. O primeiro desafio foi ainda em solo brasileiro. Depois de subirem em direção a Curitiba e em seguida irem para o Mato Grosso do Sul, a dupla teve que enfrentar o primeiro medo. “Faltou um pouco de juízo”, sorri Carolina. 

Em território Sul Mato Grossense, tiveram que percorrer uma estrada nada recomendada. “Falaram que a gente não poderia ir, porque era perigoso. Poderia ter risco de assaltos e também do aparecimento de animais selvagem. Era cair da noite, mesmo assim arriscamos. Deu tudo certo”, recordam aliviados. “O calor em Corumbá também foi terrível”, emenda Carolina.

Na Bolívia, a escassez de ponto para “recarregar as energias” foi um dos maiores perrengues, assim como a altitude de La Paz. “Chegamos a percorrer mais de 400 quilômetros sem ter nenhuma parada. A gasolina também era bem difícil. Era complicado achar um posto que tinha gasolina, lá era tudo gás. E quando tinha, o valor ainda era três vezes mais caro para estrangeiros. No hotel que ficamos em La Paz, o ar rarefeito complicou. Era três andares, para subir as escadas foi difícil”, cita Redivo. 

Um pouco melhor no Peru

No país tido como ponto de chegada da primeira etapa da viagem, as dificuldades amenizaram, mas mesmo assim, algumas aventuras não caíram bem, principalmente para o Diego. Após chegarem à Machu Picchu, concretizarem o noivado e fazer os devidos registros fotográficos, o planejamento continha uma pausa para visitar as Linhas de Nazca, geóglifos que formam figuras imensas e que atraem turistas do mundo inteiro. 

Porém, o passeio é feito pelo alto, a bordo de um avião de pequeno porte, que constantemente fazia curvas para ambos os lados à fim de proporcionar a todos os passageiros uma vista privilegiada. “Juntou algumas turbulências com aquelas voltas todas. Não aguentei, passei mal”, assume o agora noivo. 
Alguns caminhos montanhosos também acarretavam em alternâncias de temperaturas. “No topo da montanha era três graus. Na parte debaixo chegava aos 15. Foram 14 horas em um percurso assim. Quando era frio, só a descarga da moto era capaz de esquentar as nossas mãos e pés”, concorda o casal. 

No Chile, os desertos em certos momentos davam tédios. Na Argentina, um caminho um tanto quanto molhado. “Estávamos em uma estrada quando, de repente, ela chegou ao fim. Voltamos um pouco e pedimos informação. Um homem nos falou que teríamos que seguir pelo rio. Não acreditei. Até que vi um ônibus andando pela água”, relata ainda admirado o engenheiro eletricista. 

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