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Temporal alaga ruas em Criciúma

Alerta emitido por especialistas é de que os eventos climáticos podem se repetir até o próximo sábado
Por Bruna Borges Criciúma, SC, 16/01/2019 - 06:15
Fotos: Daniel Búrigo / A Tribuna
Fotos: Daniel Búrigo / A Tribuna

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O dia virou noite às 17h de ontem em Criciúma. O cenário não é novidade, muitos temporais têm atingido a cidade e a região nas últimas semanas. Porém, dessa vez, a quantidade de raios e o volume de chuva assustaram a população e causaram estragos e transtornos. 

“Tivemos um registro de chuvas intensas, fora da normalidade de Criciúma. Tivemos mais de 60 milímetros em poucos minutos, causando alguns pontos de alagamento dentro de Criciúma”, confirma o coordenador da Defesa Civil de Criciúma, Dioni Borba. 

Muitos locais próximos do Canal Auxiliar ao Rio Criciúma e até mesmo trechos onde a obra já foi concluída acabaram ficando alagados. O motivo, segundo a secretária municipal de Infraestrutura, Planejamento e Mobilidade Urbana de Criciúma, Kátia Smielevski, são as ruas adjacentes, onde a drenagem ainda é antiga.

“O canal auxiliar funcionou e não chegou a operar na sua capacidade total, mas o problema são as tubulações antigas das demais ruas que não dão vazão em momentos como esse. Quando as redes desses locais foram feitas os terrenos não eram construídos em sua maioria, hoje eles são construídos e a água não consegue ter a mesma vazão”, explica Kátia.
“São casos como o da Rua João Cechinel, da Rua Santo Antônio, a Rua Lauro Müller, a Rua Sete de Setembro, nos pontos mais baixos acaba alagando. É preciso fazer uma microdrenagem nesses locais, as redes ali são todas subdimensionadas, elas são pequenas para esse volume de chuva”, completa.

Projeto em andamento

Um dos principais pontos que sofrem nessas épocas é a região no entorno do Terminal Rodoviário Algemiro Manique Barreto. Ontem, as proximidades mais uma vez ficaram embaixo d’água. A secretária garante que já há um projeto em andamento para solucionar o caso. “Temos esse projeto para resolver o problema daquela bacia que fica ali na Rodoviária, estamos pleiteando um recurso junto ao Governo Federal”, comenta Kátia. 

Limpeza de bocas de lobo

Outro problema citado pela secretária é a obstrução em bocas de lobo pela cidade. “Na Avenida Centenário, um funcionário da Secretaria tirou uma garrafa pet de uma boca de lobo e a água já começou a escoar”, conta.

Os trabalhos de limpeza serão iniciados hoje. “Hoje (ontem) nós vamos verificar os pontos onde será necessário fazer o trabalho, vamos organizar as equipes e amanhã (hoje) começaremos a limpeza nas bocas de lobo e também a retirada de acúmulo de material que ficou sobre as ruas”, afirma Kátia. 

Prejuízos são calculados

O morador do Bairro São Simão Ariosvaldo Cardoso estava fazendo exames em uma clínica na Rua João Cechinel, Centro, quando a chuva começou. O seu carro, um Ford Ecosport, estava estacionado na rua. Diante da pancada forte, não deu tempo de ele retirar o veículo antes de o pior acontecer.

“O carro estava estacionado mais na frente, mas a chuva tirou ele do lugar, ele rodou e veio parar do outro lado. Agora vou levar para o seguro”, conta o proprietário. Assim como Ariosvaldo, outros motoristas tiveram seus veículos tomados pela água na mesma via e em outras, como a Rua Sete de Setembro, na região central.

Caos no trânsito

Com o pico da tempestade foi entre as 17h e 18h, o trânsito, que já é mais intenso nesse horário, ficou ainda mais complicado. No cruzamento da Avenida Centenário com a Rua Santa Catarina, o semáforo parou de funcionar e a situação piorou ainda mais.

“Só tivemos um semáforo da Avenida Centenário que parou de funcionar, mas, por problemas elétricos, não por problema do semáforo. Logo em seguida o problema foi solucionado e o semáforo voltou a funcionar”, afirma o diretor da Diretoria de Trânsito e Transportes (DTT), Gustavo Medeiros.

A instabilidade do tempo continua

O mau tempo registrado ontem não chegou sem avisar. Ainda no período da manhã, a Epagri/Ciram emitiu um alerta sobre a ocorrência de chuva em todo o estado catarinense. De acordo com o climatologista Homero Haymussi, o calor forte foi o causador da tempestade.

"O calor foi no estado inteiro. Fez 36,5oC aqui na planície. O calor sempre inspira isso. E amanhã (hoje) não será diferente. O calor vai ser mais intenso que hoje (ontem). Para quem gosta de calor, vai fazer perto de 40oC", afirma Haymussi.

O que o especialista informa é que a condição de ontem tem forte probabilidade de se repetir hoje e também pelos próximos dias. “Há sim um outro componente interessante e preocupante, amanhã (hoje) tem uma frente fria que está se deslocando do Rio Grande do Sul e provavelmente pegue carona na instabilidade do fim da tarde de amanhã", declara o climatologista.

Tempo instável até sábado

Essa instabilidade também foi confirmada pelo coordenador da Defesa Civil de Criciúma, Dioni Borba. “A Defesa Civil alerta que outros momentos podem acontecer nos próximos dias devido ao alerta que ainda consta em nosso sistema até sábado. Vamos acompanhando esse monitoramento e pedimos que as pessoas façam medidas de prevenção tanto para dias de chuva quanto para alagamentos, acompanhem as nossas redes sociais e a comunicação da Prefeitura”, pontua Borba. 

Mais de 38 mil unidades sem energia

Além do volume alto de chuva que alagou ruas e causou prejuízos principalmente aos motoristas que estavam com seus veículos na rua, a grande incidência de raios chamou a atenção no temporal de ontem à tarde.

Segundo dados da Celesc, no pico alto da tempestade, mais de 38 mil unidades consumidoras ficaram sem energia elétrica nas regiões Carbonífera e Extremo Sul. Somente em Criciúma foram 16,4 mil as unidades que permaneceram às escuras por volta das 18h.

Em Araranguá, o registro de ocorrências de falta de luz foi de 4,9 mil, enquanto em Balneário Arroio do Silva foram 4,4 mil. Também em Nova Veneza houve o registro de problemas em 1,8 mil unidades e mais 600 em Içara. Por volta das 21h, o sistema ainda indicava que mais de 20 mil unidades permaneciam sem energia elétrica. 

Período é propício aos raios

De acordo com o engenheiro eletricista e professor da Satc Darcioni Gomes, é normal que nessa época do ano seja registrada uma maior incidência de queda de raios. “Essas ondas de calor formam nuvens mais carregadas, que trazem esses raios mais perigosos”, explica Gomes.

Ele comenta que o Sul do Brasil ainda não está no topo dos locais onde mais são registrados os raios. “O Brasil é recordista em incidência de raios no mundo, por isso é padrão o que acontece nesse período e o que aconteceu hoje (ontem). Mas na nossa região ainda caem poucos raios se compararmos com o Sudeste, com São Paulo, por exemplo”, conta. 

Perigos na rede

Gomes relata que no último ano houve queda no registro de mortes de pessoas atingidas por raios em lugares públicos. Entretanto, a quantidade de fatalidades que acontecem dentro de casas aumentou.

“O que acontece é que muitas pessoas estão tomando banho na hora do temporal, muitas também ficam mexendo no celular durante a tempestade e com o carregador conectado à tomada. Essas pessoas acabam sofrendo uma descarga elétrica pelo raio que chega pela rede e morrem”, explica o professor. 

“E as estatísticas mostram que aumentou muito o número de jovens de 16 a 24 anos de idade que morrem nessa situação, elas se colocam mais em perigos como esse e também ficam em praias, por exemplo, que são campo aberto, um local muito sensível a descargas elétricas”, complementa.

Ele alerta para cuidados que devem ser tomados nessas situações. “O correto nessas horas é se desconectar de todos os aparelhos elétricos. Quem está na rua deve procurar um local coberto, longe de árvores. E não adianta ser um local coberto e aberto, precisa ser fechado. Um bom local para se abrigar é dentro de carros”, pontua Gomes.

“Os agricultores não devem ficar nos tratores, também os motociclistas devem evitar andar de moto nesses momentos. E para aquelas pessoas que nessa época do ano não estão em casa, vão para a praia, é importante que tirem todos os aparelhos da tomada para que não recebam a descarga elétrica”, declara. 

Aparelho minimiza danos

O especialista ainda comenta que hoje já é possível encontrar no comércio um aparelho chamado DTS (Dispositivo de Proteção contra Surtos), que diminui a carga recebida pelos eletroeletrônicos.

“As pessoas podem comprar esse DTS nas casas de materiais elétricos e pedir para um eletricista instalar, ele serve como uma proteção para os equipamentos elétricos. Inclusive, a Celesc e algumas cooperativas de eletrificação já estão exigindo que ele seja instalado em alguns locais porque diminui muito a potência da descarga elétrica recebida”, comenta Gomes. 

O programa Ponto Final, da Rádio Som Maior, deu completa cobertura ontem, no fim da tarde, ao temporal em Criciúma. Confira!

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