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Por que empresários brasileiros tem migrado para o Paraguai?

Dados recentes mostram que sete em cada dez industrias no país vizinho são de brasileiros
Por Clara Floriano Criciúma - SC, 30/03/2018 - 18:24 Atualizado em 02/04/2018 - 09:36
(foto: reprodução)
(foto: reprodução)

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Nos últimos cinco anos, sete em cada dez indústrias que abrem no Paraguai são de brasileiros. Os dados foram apresentados no ano passado pelo governo local. O país vizinho tornou-se uma alternativa mais viável aos empresários brasileiros, com uma série de benefícios como produção barata e liberação da burocracia.

O empresário Marcelo Giassi tem duas empresas instaladas no país vizinho. A primeira no setor de confecções, há cinco anos, e a segunda de arroz, há dois anos. “O que nos fez procurar o Paraguai foi a diminuição da burocracia, da carga tributária e as facilidades que o Paraguai oferece para o empreendedor, em questões como contratação de mão-de-obra, e vários incentivos fiscais, que diminuem consideravelmente a carga tributária quando comparado ao mercado brasileiro”, contou.

Um exemplo citado por Giassi é que, no Brasil, a carga horária semanal é de 44 horas, enquanto no Paraguai são 48 horas. “O encargo trabalhista sobre uma folha gira em torno de 30%, enquanto aqui no Brasil é no mínimo 100% do valor pago ao funcionário. Outra coisa, é o incentivo para as empresas que estão lá para exportar. Qualquer matéria prima importada, tanto de países da América Latina quando de outros lugares do mundo, com a finalidade de exportação, entra livre de qualquer tributo, apenas pagando as taxas portuárias ou terrestres. Em termos de carga tributária, só para se ter uma ideia, hoje dependendo da operação, hoje você paga de 0,5% a 1% sobre o teu faturamento total, em impostos”, revelou.

O empresário explica que o Paraguai tem regiões fortemente agrícolas, mas com mão-de-obra ociosa. “Foi um trabalho de pesquisa que começou há mais de dez anos. Fui várias vezes visitar o Paraguai, ver como funciona, até que decidi me instalar lá. Mas hoje há uma prospecção muito grande do Governo Paraguaio na busca de empresas para se instalarem no país. E como estou lá semanalmente, vejo um número bem interessante de empresários brasileiros se instalando lá”, contou.

“O Paraguai tem aberto suas fronteiras, sobretudo para os empresários brasileiros, porque, basicamente, o mercado consumidor não é o Paraguai, é o Brasil. Então o governo paraguaio enxergou uma oportunidade, abriu as fronteiras para que o empresariado brasileiro e de outros países levasse as máquinas e equipamentos do Paraguai para produzir e reexportar para o Brasil o produto acabado. Ou seja, utilizando a energia e a mão-de-obra do Paraguai, gerando empreso e renda”, explicou o consultor de empresas, Zanoni Elias.

Elias explicou que a Lei de Maquila, iniciativa do governo paraguaio, é benéfica porque resume a carga tributária para 1%, enquanto no Brasil a carga tributária pode chegar a 60%, dependendo o ramo.

“Basicamente, a Lei Maquila está ancorada no incentivo de facilitar a remessa de equipamentos para o Paraguai, onde não cobra taxas portuárias, alfandegárias e outras mais. O empresário instala a sua unidade e de lá ele pode importar matéria-prima de outro país, no Brasil ele paga imposto de importação e no Paraguai não.

A Lei Maquila é muito clara: importa matéria-prima, produz o produto e reexporta para outros países, pagando apenas 1% sobre o faturamento”, esclareceu.
O consultor explica que o país vizinho é bem diversificado e o que mais atrai as empresas é a ociosidade da mão-de-obra. “Essa ociosidade faz com que a mão-de-obra seja mais em conta. Somado ao custo da energia elétrica, que se aproxima de 30% do custo do Brasil. Então os nichos de mercado são o ramo agrícola e outros que tem muita mão de obra braçal. E aí sim acaba aparecendo o ganho de se instalar no Paraguai”, contou.

Elias revelou ainda que o Paraguai é um país que vem crescendo nos últimos cinco anos e o Produto Interno Bruto (PIB) do país cresce aproximadamente 4% a 5% ao ano. “Sete em cada dez empresas que abrem lá são de brasileiros. Então 70% das empresas são de brasileiros que vão lá buscar oportunidades. É claro que o Paraguai ainda tem muito para crescer, sobretudo na logística. O Paraguai só não está crescendo mais porque o dólar subiu bastante”, justificou.
Outro ponto que é um atrativo do Paraguai, citado pelo consultor, é a baixa burocracia, que não atrapalha o empresário nem para abrir e nem para fechar empresas. “Aqui no Brasil para fechar uma empresa é uma vida. No Paraguai você não tem problema nenhum. Eu digo que lá as coisas funcionam. Então para você abrir uma empresa, comercializar e depois fechar, você não tem problema nenhum. Lá para abrir uma empresa é fácil e para fechar é muito mais fácil ainda”, revelou.

De acordo Sidnei Rodrigues, coordenador do Observatório da Indústria Catarinense, da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc), nos últimos anos tem se percebido grande número de empresas catarinenses migrando para o Paraguai, mas também que fazem o caminho inverso.

“Talvez tenhamos um dos maiores movimentos dos últimos 30 ou 40 anos de empresas que vem para Santa Catarina, seja de outros países ou de outros estados.  Assim como temos empresas catarinenses que estão indo para outros países. O que aconteceu foi que o Paraguai lançou uma política super agressiva de juros praticamente zero, que está fazendo com que várias empresas entendam como estratégia se instalar naquele país”, esclareceu.

Ainda segundo Rodrigues, o Estado de Santa Catarina já fez revisões de benefícios fiscais de empresas. Ele disse ainda que a Fiesc já faz estudos para atrair empresas de fora e manter as que aqui já estão instaladas.

“Esse é um trabalho intenso que a Federação faz em conjunto com a Secretária da Fazenda do Estado. Esse trabalho está muito refinado, tivemos várias melhorias no ano passado. Esse trabalho é intenso. Na realidade brasileira há uma discussão entre estados. E essa é uma das agendas prioritárias que eu percebo da Secretária da Fazenda para outros setores, de trabalhar os benefícios fiscais que temos em outras regiões e igualar para as indústrias que queiram se instalar aqui e as que estão aqui para ficar”, afirmou.

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