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Os caminhos levam ao impeachment de Moisés, aponta deputado

"Voto sim", diz Kennedy Nunes. Parlamentar projeta novidades em depoimento do secretário da Casa Civil na CPI
Por Denis Luciano Criciúma, SC, 26/06/2020 - 08:48 Atualizado em 26/06/2020 - 08:57
Fotos: Guilherme Nuernberg / 4oito
Fotos: Guilherme Nuernberg / 4oito

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Um dos integrantes mais atuantes da CPI dos Respiradores na Assembleia Legislativa (Alesc), o deputado estadual Kennedy Nunes (PSD) comentou o relatório da sindicância investigativa da Controladoria-Geral do Estado que apura servidores responsáveis pela compra irregular dos 200 respiradores junto à Veigamed por R$ 33 milhões, e inclui o atual secretário de Estado da Saúde, André Motta Ribeiro, na lista. A relação foi divulgada nesta manhã pelo comentarista da Rádio Som Maior, Marcelo Lula, no SC em Pauta.

"Esse relatório, eu tive acesso, estão faltando algumas questões, ainda achei ele um pouco brando. Vamos apresentar na próxima terça-feira o pedido para ser aprovado pela comissão para chamarmos o auditor-presidente dessa sindicância para conversarmos com ele", apontou Kennedy. "Tem alguns pontos, por exemplo, qual o erro do controlador-geral, o senhor Luiz Felipe? Ele é controlador. Ele falou para nós que ficou sabendo do assunto quando a CGU, ao ver o Portal da Transparência do Governo do Estado, viu que tinha uma compra de R$ 33 milhões com dispensa de licitação e informou isso a ele", referiu.

O delay do governador

Ainda sobre o papel do controlador-geral do Estado, Kennedy apontou que "ele disse que controla R$ 3 bilhões e não tem tempo de ficar no Portal da Transparência para conferir tudo. Não pode. Tanto que aprovamos na reunião o pedido de afastamento dele". Sobre a implicação do secretário André, o deputado frisa que essa situação é mais uma que ilustra a demora do governador Carlos Moisés para tomar providências. "O André, atual secretário, entra na sindicância pois era o superintendente dos hospitais, também aprovamos o afastamento. Mas o governador tem um delay, um delay muito grande", destacou. "O Helton (Zeferino, ex-secretário de Saúde) estava todo envolvido, o Douglas (Borba, ex-chefe da Casa Civil) com pedido de prisão e ele não demitia. O Lucas Esmeraldino todo envolvido e ele não demite, mandou para Brasília", frisou. "Infelizmente estamos convivendo, e isso é a palavra dos profissionais do Gaeco, estamos convivendo com o crime mais hediondo da história de Santa Catarina, mais perverso", completou.

Amandio na CPI

O secretário da Casa Civil do Governo do Estado, Amandio João da Silva Júnior, será ouvido pela CPI dos Respiradores na próxima terça-feira, 30. "Eu estou atuando muito mais como jornalista investigativo do que como deputado. Espere terça-feira. Nós vamos ter o depoimento do Amandio. E o Amandio, veja bem, quem estava acompanhando a CPI, o relator mostrou uma foto de uma conversa por WhatsApp, uma chamada de vídeo, ele colocou, buscaram a foto no aparelho que o Samuel Rodovalho quebrou. O Douglas disse que apagava as mensagens pois o Iphone 11 tinha pouca memória. Um negócio impressionante", mencionou, citando o depoimento desta semana, do empresário Samuel Rodovalho.

Ainda sobre Rodovalho, o deputado prosseguiu. "E o relator apresentou a foto e perguntou quem estava lá. Amandio, Sandro, fulano e eu. Eu olhei aquela foto, e foi para outro assunto. E aquilo ficou na cabeça do jornalista. Eu peguei, quando fui pegar de volta a minha parte, pedi que recolocassem a foto, ele falou Amandio, e eu rebati, o Amandio de Rio do Sul. Ele, sim, o Amandio de Rio do Sul que é meu amigo, que é o secretário da Casa Civil agora. O que vocês estavam falando? Ele é empresário também, estávamos falando sobre montar uma proposta de kit Covid. Nada melhor que ter WhatsApp e rede de informações, daí eu recebi informação de que o cara ao lado era o Sandro, com cargo no governo. Esse Sandro foi para a Secretaria de Desenvolvimento Sustentável quando Amandio era adjunto de Lucas Esmeraldino. Agora ele é assessor de Amandio na Casa Civil", emendou.

Conforme Kennedy, o depoimento de Samuel Rodovalho deixou claras as conexões entre os investigados e o Governo do Estado. "Nessa conversa, você está falando com um ex e um atual integrante do governo. A tua ligação com o governo faz eu entender que quando você diz que foi uma forma de expressão ao dizer que estava na linha com o governador, eu tendo a pensar que é o teu amigo Amandio tentando livrar o amigo junto ao governador. Eu já sei as ligações do governo que você tinha", salientou.

CPI ruma à conclusão

Kennedy Nunes concordou que a CPI se encaminha para o estágio final na Alesc. "Estávamos indo para a conclusão, quando a Justiça deu subida para o STJ. Já temos uma conclusão esperando, a não ser que aconteça um fato novo, esse do Amandio foi um fato novo, pode ter desdobramentos a partir da fala dele", comentou.

Para o deputado, já há conclusões. Mas que o grande objetivo será apontar novos caminhos para evitar fraudes semelhantes no futuro. "Já temos uma conclusão de quem tem responsabilidades, nossa visão é um pouco diferente da do relatório da sindicância, por isso vamos chamar o presidente da sindicância para falar. Tem algumas coisas que percebemos e que não está no relatório. O legal é que não vamos apenas apontar os culpados. Tem algo que a CPI tem que fazer que é muito maior que apontar culpados, é propor legislações que não permita mais acontecer isso, pois teremos outras pandemias, outras calamidades, é exatamente nesses momentos que esses abutres aparecem para surrupiar o governo", registrou. "São mudanças estaduais e federais que eu ontem recebi a responsabilidade de criar essas mudanças para que isso esteja no relatório da CPI e que possamos levar ao presidente do Congresso Nacional e à AGU. Precisamos mudar a lei de licitações, senão vai acontecer sempre. Isso só se muda com a lei", completou.

Kennedy entende que, além de apontar responsáveis pelas irregularidades, a CPI terá o papel de propor novos caminhos para compras do governo, com repercussão federal. "A CPI na minha visão teve dois papeis, a sociedade começou a compreender, mostrou o rei nu, e agora nossa responsabilidade, antes de apontar os culpados, é propor mudanças nas legislações que abrem brechas para esse tipo de roubo, de ação", completou.

Impeachment, sim

"Voto sim, senhor presidente", respondeu Kennedy, quando indagado sobre o impeachment do governador Carlos Moisés. "Mas o que mais pesa é a dos procuradores. Em janeiro já tinha razão técnica", referiu, lembrando a razão levantada ainda no ano passado para outro processo de impeachment de Moisés, recordando o impasse com os salários dos procuradores do Estado. 

Kennedy lembrou, ainda, que a inexperiência de Moisés pesou para não controlar processos volumosos de corrupção no seu governo. "O que mostra que o governo não errou só nos respiradores, não houve o prejuízo de R$ 74 milhões do Hospital de Campanha porque denunciamos, são mais de R$ 250 milhões que não foram torrados. Isso serviu para que o eleitor do Moisés, 71%, aquele que no segundo turno, quando eu dizia como dar um avião para quem nunca pilotou, pilotar. Aquele em janeiro, quando defendi o impeachment, tive que cortar os comentários das minhas redes sociais pois era xingado, agora eu descendo aqui vão me perguntar, quando vão tirar o cara de lá", destacou. "O povo, quando Jesus entrou na cidade, em cima do burrinho, dizia Viva o Rei. À tarde, o condenava. Mas eu não serei Pilatos, não vou lavar as mãos", apontou. "Do crime de responsabilidade cometido na questão dos respiradores, o 7 a 0 do Tribunal de Contas dizendo que houve, sim, falta de previsão orçamentária, o crime de improbidade está ali", completou.

Ouça a entrevista do deputado Kennedy Nunes no podcast:

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