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“Nós estamos acostumados com esses bobos da corte”, diz senador Renan sobre Luciano Hang

A frase foi dita pelo relator da CPI da Covid no Senado em coletiva antes do início da sessão dessa quarta-feira, 29  
Por Gregório Silveira Brasília, DF, 29/09/2021 - 11:06 Atualizado em 29/09/2021 - 11:08
Reprodução
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O empresário catarinense dono da Havan, Luciano Hang, está prestando depoimento na CPI da Covid no Senado Federal. Na manhã dessa quarta-feira, 29, o senador Renan Calheiros falou sobre a atitude do catarinense de ter comprado uma algema.
“Quem algema não somos nós. Se um dia ele precisar ver o sol quadrado não seremos nós a colocarmos algemas. Já estamos acostumados com esses bobos da corte”, afirmou o alagoano Renan Calheiros, relator da CPI.

A convocação de Hang foi aprovada na quarta-feira, 22, por requerimento do senador Renan Calheiros (MDB-AL). No mesmo dia, o nome de Hang foi citado no depoimento de Pedro Benedito Batista Jr., diretor da empresa de planos de saúde Prevent Senior. Foi em um dos hospitais próprios da Prevent, o Sancta Maggiore, em São Paulo, que a mãe do empresário, Regina Hang, de 82 anos, morreu em fevereiro deste ano.

Em vídeo publicado nas redes sociais, Luciano Hang aparece dizendo que a mãe poderia ter sido salva se tivesse feito "tratamento preventivo". Porém, o prontuário de Regina Hang no Sancta Maggiore, obtido pela CPI junto ao hospital, indica que ela tomara, sim, hidroxicloroquina e ivermectina antes da internação. A Prevent Senior vem sendo acusada por médicos de incentivar a prescrição desses medicamentos, na contramão dos principais estudos científicos realizados desde o início da pandemia.

Já internada, ela teria sido submetida a ozonioterapia por via retal, tratamento vedado pelo Conselho Federal de Medicina por falta de comprovação de sua eficácia.

Causa mortis
Além disso, embora o prontuário indique que Regina Hang teve covid-19, a doença não consta do atestado de óbito, contrariando recomendação expressa do Conselho Federal de Medicina. Hang admite que a mãe teve covid, mas negou que essa tenha sido a causa mortis, alegando que já estava curada do coronavírus.

Segundo o relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), Luciano Hang pediu aos médicos que não revelassem que sua mãe fizera o "tratamento precoce". O objetivo, ainda segundo Renan, seria não desmoralizar publicamente o uso da hidroxicloroquina e da ivermectina.

À CPI, Pedro Batista Jr. negou-se a responder sobre o caso de Regina Hang, invocando o sigilo médico. Porém, falando em tese, o diretor da Prevent Senior admitiu que em alguns casos o hospital Sancta Maggiore retirava a classificação de covid-19 do prontuário de pacientes que deixavam de apresentar sintomas da doença.

— Todos os pacientes com suspeita ou confirmados de covid (...), quando entravam no hospital, precisavam receber o B34.2, que é o CID [Classificação Internacional de Doenças] de covid, e, após 14 dias — ou 21 dias, para quem estava em UTI —, se esses pacientes já tinham passado dessa data, o CID poderia já ser modificado, porque eles não representavam mais risco para a população do hospital — alegou Batista, em explicação considerada "inacreditável" pelo relator Renan.

Suspeita-se que o objetivo da Prevent Senior era gerar uma subnotificação de óbitos pela doença, favorecendo teses do "gabinete paralelo" de Bolsonaro. Em outro vídeo obtido pela CPI, Pedro Batista Jr. parece fazer a defesa da "imunidade de rebanho", outra tese contestada, segundo a qual seria melhor deixar o vírus circular livremente até parar de circular por não encontrar mais pessoas para infectar.

A convocação de Hang dividiu opiniões na CPI. Para Renan Calheiros, "a presença desse senhor nesta Comissão Parlamentar de Inquérito é mais do que recomendável". Jorginho Mello (PL-SC) votou contra a convocação e considerou "revoltante" a CPI "desrespeitar a memória da mãe do empresário" e pôr em dúvida "seu amor de filho". O senador Marcos Rogério (DEM-RO) considerou "lamentável" a exposição pública das informações do prontuário de Regina Hang, "cobertas pelo sigilo, em proteção à intimidade do paciente". Para Jean Paul Prates (PT-RN), por sua vez, Luciano Hang foi "desumano", pois "não respeitou nem a própria mãe para defender o governo: deixou que a Prevent Senior falsificasse a causa da morte dela, ocultando a covid-19".

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