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Doação de órgãos: é preciso falar sobre

Manifestar em vida o desejo de ser um doador ajuda a família a tomar a decisão no momento da dor
Por Bruna Borges Criciúma, 27/09/2018 - 07:28
Daniel Búrigo / A Tribuna
Daniel Búrigo / A Tribuna

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Um doador de órgãos pode salvar a vida de mais de 20 pessoas. Córneas, coração, fígado, pulmão, rim, pâncreas, ossos, vasos sanguíneos, pele, tendões e cartilagem são os tecidos que podem ser transplantados para aqueles que necessitam. Uma grande barreira, entretanto, ainda impede que muitas pessoas que estão na fila de espera recebam esse órgão tão aguardado: a falta de comunicação.

Ainda é baixo o índice de pessoas que se declaram como doadoras de órgãos e, no momento em que a família precisa decidir sobre a doação, por não ter essa informação, acaba não autorizando a operação. 

No Brasil, não é possível deixar por escrito a vontade pela doação, é necessário que os familiares dêem a autorização após constatada a morte encefálica do paciente. Hoje, Dia Nacional de Doação de Órgãos e Tecidos, é preciso chamar atenção para a questão e estimular cada vez mais a população a dialogar sobre o tema. 

Atenção com a família

No Hospital São José, em Criciúma, a Comissão Hospitalar de Transplante (CHT) é a responsável por identificar possíveis doadores e conversar com a família para que o processo aconteça. 

Até agosto de 2018 foram abertos 18 protocolos de morte encefálica no hospital de Criciúma, mas apenas oito se efetivaram em doações. Dos demais 10 pacientes, cinco não doaram por recusa da família. 

“Sabemos que o nosso corpo ou vai para a terra ou vai ser cremado. Porém, esse corpo, como teve uma morte diferenciada, ele ainda pode ajudar pessoas com esse ato de amor, de solidariedade”, afirma a enfermeira coordenadora da CHT, Daniela Luiz Rocha. 

Nas áreas críticas do hospital, como a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e a Emergência, a equipe da CHT gerencia os pacientes que não possuem mais os reflexos fisiológicos e constatam a morte encefálica após diversos testes exigidos pelo protocolo do Ministério da Saúde. 

Apenas quando não existe mais a possibilidade de que o paciente se recupere, é que ele se torna um provável doador e inicia o processo de decisão da família. “A gente informa os familiares sobre a necessidade da doação, explica que todas aquelas reações que eles estão vendo nos monitores é porque as máquinas estão dando o suporte para o corpo”, explica Daniela.

“A abordagem que a equipe faz é humana e muito correta com essas famílias, porque eles estão perdendo o ente querido e isso é o ponto principal da situação. Eles estão perdendo o bem mais precioso da vida e vão doar para alguém que não conhecem e nunca vão conhecer”, relata a coordenadora da CHT. 

Uma vida nova para o Martinho

Quando uma família, mesmo em luto, diz sim para a doação de órgãos, novas possibilidades de momentos felizes se iniciam para dezenas de pessoas. Foi assim com o Martinho Marcos Neto, morador do Bairro São Defende, de Criciúma. Há 16 anos ele recebeu o melhor presente da sua vida, um novo coração. 

Hoje com 61 anos de idade, ele lembra de quando começou a sua trajetória de problemas cardíacos, quando ainda tinha apenas 21 anos. “Em 1978 eu fiz a primeira cirurgia de troca de válvulas no coração. Depois, em 1980 já tive que fazer a segunda cirurgia. A terceira foi em 1982, também de troca de válvulas, e depois mais uma em 1988”, conta.

Quatro operações depois, entre idas e vindas de São Paulo, Marcos Neto recebeu em 2002 a notícia de que precisaria de um novo coração. Após oito meses na fila, o órgão chegou. 
“Graças a Deus eu consegui um órgão bom, porque falta muito doador, muitas pessoas acabam morrendo na fila porque não conseguem a doação. E as famílias não sabem o quanto tem gente esperando, é preciso conscientizar as famílias que daquela morte não tem mais a volta”, comenta. 
 

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