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CPI dos Respiradores com bate boca entre deputados e depoentes (VÍDEOS)

Helton Zeferino entrou em confronto com Kenedy Nunes e Naatz; relator também sofreu ataques de João Amin após pedir adiamento da acareação
Por Heitor Araujo Florianópolis - SC, 03/06/2020 - 18:14 Atualizado em 03/06/2020 - 18:17
João Amin bateu boca com Ivan Naatz / Foto: Reprodução
João Amin bateu boca com Ivan Naatz / Foto: Reprodução

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A última sessão de oitivas na CPI dos Respiradores na Alesc, na terça-feira, 2, foi marcada por confrontos entre deputados e o ex-secretário Helton Zeferino e entre os próprios deputados. Em mais de três horas e meia de depoimento, o ex-secretário de Saúde eximiu-se da culpa pelo pagamento antecipado à Veigamed e disse que essas decisões na compra dos respiradores com a empresa carioca foram tomadas sem o seu conhecimento. O depoimento de Helton gerou reação contundente de Kenedy Nunes e Milton Hobus, ambos do PSD. Kenedy bateu boca com o ex-secretário e disse que Helton não estava mais no quartel, enquanto Hobus criticou o modelo de gestão do governo do Estado e questionou as previsões de Covid-19 em Santa Catarina.

O confronto entre Helton e Kenedy teve a intervenção do advogado do depoente e do presidente da CPI, o deputado Sargento Lima (PSL). Kenedy argumentou que havia sim conhecimento do ex-secretário no pagamento antecipado na compra dos respiradores. Enquanto o deputado lia um documento, Helton tentou responder e Kenedy foi ríspido na resposta. "Deixa eu terminar, aqui não é o quartel, o senhor não dá ordem. Aqui o senhor está para responder pergunta", exaltou-se Kenedy. O advogado pediu a palavra e foi negado pelo presidente da CPI.

"Essa licitação fala em condições anteriormente estabelecidas e o que diz a proposta? Numerário antecipado", disse Kenedy. "Eu quase acreditei no senhor que não tinha aqui o pagamento antecipado, mas com o documento que eu tenho em mãos, posso tirar só uma conclusão. Para chegar aqui diante sob juramento de falar a verdade e dizer categoricamente que o senhor não assinou nada com dispensa de licitação, o senhor no mínimo assinou sem ver ou está faltando com a verdade", atacou Kenedy.

O advogado de Helton então teve a palavra. "Nós estamos aqui e temos que respeitar o que está no regimento e na constituição federal que proíbe ess etipo de atitude de ficar agredindo, tentar humilhar", disse, sendo interrompido por Kenedy. "Eu estou com a palavra deputado, o senhor se reserve. Estamos aqui querendo esclarecer a verdade", continuou o advogado. 

"Vergonha é o que essa turma fez com o dinheiro do povo", rebateu Kenedy. "R$ 700 milhões que deviam na Saúde o secretário (Helton) pagou e não tem uma acusação. R$ 700 milhões do governo que o senhor (Kenedy) fez parte, o senhor não tem vergonha?", contra-atacou o advogado de Helton Zeferino.

Quem também citou o quartel durante discussão com Helton Zeferino foi o relator da CPI, Ivan Naatz (PL). Naatz mencionou o depoimento de uma servidora para o Gaeco, citado por Helton durante uma resposta, e perguntou se o ex-secretário respondia pela servidora. Helton respondeu: "falo pelo que está no depoimento, os senhores podem conferir ou convocá-la para vir falar". Naatz fez um silêncio e então dirigiu-se aos outros deputados: "Às vezes o secretário Helton acha que está no quartel ainda, que fala com os soldados. O senhor acha que fala com soldados, o senhor não tá mais no quartel que fala aos soldados o que o senhor quer", arguiu. "Não é no quartel, é uma lógica", rebateu o ex-secretário. 

Integrantes da CPI tentam relacionar o governador Carlos Moisés (PSL) com os possíveis desvios cometidos na compra de respiradores e EPIs durante a pandemia de coronavírus. Milton Hobus, em sua fala final no inquirimento de Zeferino, questionou, especialmente, o fato do secretário da Saúde delegar as tarefas e não ter conhecimento de um pagamento antecipado de R$ 33 milhões.

"Hoje estou muito mais preocupado do que estava com o Estado de Santa Catarina. Dizia-se que era um governo técnico e transparente, mas nem técnico e transparente. Estamos vendo aqui uma coisa muito triste", atacou Hobus. O ex-secretário interpelou: "delegação de tarefas dentro da secretaria da Saúde sempre existiu, neste governo e nos anteriores".

Hobus também questionou as projeções da Covid-19 no Estado e chegou a falar em pânico causado pela grande mídia. "Dia 17, quando fecharam as atividades quando os seus colaboradores diretos, dito pelo senhor e seu secretário adjunto que nós teríamos 6 mil mortes em abril em Santa Catarina, tínhamos sete casos. Os gestores do Estado estavam em pânico porque não iam dar conta de defender o seu povo, era essa a sensação? Somos obrigados a ficar todo mundo em casa, porque o negócio é muito grave, baseado no que isso, se nada se concretizou?", alegou.

Zeferino defendeu os estudos técnicos, citando inclusive projeção realizada pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e elogiou as medidas de isolamento adotadas pelo governo. "Primeiro, deputado, que a gente não deve minimizar a Covid-19, estamos com mais de 30 mil mortes no Brasil. Os senhores têm conhecimento dos estudos, feitos também pela UFSC que apontava 50 mil mortes. Santa Catarina é o estado que mais tem retomada de atividades, que foram regradas. É bom preparar o cenário para o que está projetado", argumentou o ex-secretário.

Com a discrepância entre os três depoentes (Helton Zeferino, Douglas Borba e Márcia Pauli), o deputado estadual Kenedy Nunes reforçou a necessidade de acareação entre as três partes. Inicialmente marcada para a próxima quinta-feira, requerimento de João Amin (PP), ela foi adiado para a próxima terça, a pedido do relator. Porém, Amin reclamou de mais uma vez ver a acareação adiada e questionou o desempenho de Naatz, dirigindo-se diretamente ao deputado.

"Hoje ouvi o relator, que eu acho que não estava preparado para os depoimentos, é uma opinião minha.  O relator vai ter que fazer em julho o relatório e não sei se vai ter tempo hábil para cumprir. Tá falando muita besteira para a imprensa também, colocando todos nós em cheque. Eu te ouvi demais. Mas estou aqui na CPI para descobrir a verdade e se eu tiver que te ouvir por 10 horas, eu vou aturar. Agora, por que tu não quer fazer a acareação?", indagou.

Após um breve bate-boca, ficou acordado que a acareação entre Pauli, Zeferino e Borba ocorrerá na próxima terça-feira. A CPI segue na quinta, ainda sem definição sobre depoimentos. 

Tags: respiradores

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